Ciência e Tecnologia

Via Láctea: estrelas fugitivas e uma ‘irmã gêmea’, os novos mistérios de nossa galáxia

0

O lugar que chamamos de lar, que abriga nossa fonte de luz, o Sol, e incontáveis outras, a Via Láctea, tem compartilhado seus segredos graças aos esforços incansáveis dos astrônomos e à tecnologia avançada dos novos telescópios.

Esses instrumentos utilizam diversas formas de radiação para capturar imagens do nosso vasto quintal galáctico, revelando mistérios que antes eram desconhecidos.

Recentemente, dois estudos empregaram informações da sonda espacial Gaia da ESA e observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST), uma colaboração entre NASA, ESA e CSA.

Essas pesquisas trouxeram à tona descobertas surpreendentes, continuamente atualizando os dados observacionais na astronomia.

Publicado na revista Astronomy and Astrophysics, o primeiro estudo destaca uma parcela significativa de estrelas em fuga da Via Láctea, embarcando em uma “carreira solo” no espaço.

O segundo estudo revela uma galáxia que se assemelha à nossa, cativando os astrônomos pela similaridade com nosso sistema astronômico.

Além disso, também chama atenção pelo fato de ter se formado logo após o Big Bang. Isso desafia as concepções convencionais sobre galáxias espirais barradas.

Via PxHere

As estrelas em fuga da Via Láctea

Embora já soubéssemos que a Via Láctea não consegue reter todas as suas estrelas, esta é a primeira vez que uma equipe de astrônomos decidiu investigar mais a fundo.

Assim, se concentram nas estrelas “fujonas” mais massivas, a fim de compreender melhor esse fenômeno.

Para isso, utilizaram o Catálogo Galáctico de Estrelas Tipo O (GOSC) e o Espectro de Estrelas Be (BeSS), ambos abrangendo estrelas de grande massa.

Além disso, os pesquisadores empregaram dados da sonda Gaia, lançada pela Agência Espacial Europeia (ESA) em 2013, para mapear bilhões de estrelas na Via Láctea, criando assim um catálogo tridimensional preciso de suas posições e movimentos.

A fim de identificar se uma estrela está em fuga, os astrônomos analisam a distribuição das velocidades em um campo estelar específico.

Se a estrela não está alinhada com a distribuição geral de velocidades, que deveria refletir a rotação da galáxia, eles iniciam o rastreamento dessa estrela.

Quantas estrelas em fuga foram identificadas na Via Láctea?

Ao cruzarem os dados da sonda Gaia com os catálogos GOSC e BeSS, os pesquisadores identificaram 417 estrelas do tipo O e 1335 estrelas do tipo Be.

Dentro desse conjunto, descobriram 106 estrelas do tipo O em fuga. Isso representa 25,4% do total no GOSC, e 69 estrelas do tipo Be em situação semelhante, compreendendo 5,2% do BeSS.

Existem duas teorias que buscam explicar por que as estrelas massivas são predominantes entre as estrelas em fuga. São elas o cenário de ejeção dinâmica (DES) e o cenário binário de supernova (BSS).

O cenário BSS sugere que a fuga de estrelas OB, geralmente em pares binários, ocorre quando uma delas explode como supernova, expelindo a outra.

Se essa hipótese estiver correta, a estrela sobrevivente recebe um impulso energético suficiente para escapar da antiga companheira, que se transformará em uma estrela de nêutrons ou em um buraco negro.

Por outro lado, no cenário DES, não ocorre uma explosão dramática. A ejeção dinâmica se desencadeia quando uma estrela, em uma região compacta e densamente povoada, interage gravitacionalmente com outros corpos celestes.

Esse fenômeno pode ocorrer entre estrelas binárias e estrelas solitárias, assim como em encontros entre dois pares binários.

Uma galáxia parecida com a Via Láctea no início do Universo

Via PxHere

Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por pesquisadores da Universidade da Califórnia nos EUA, utilizou o Telescópio Espacial James Webb (JWST) para identificar uma galáxia que guarda semelhanças com a Via Láctea.

Apesar de ser uma galáxia espiral barrada, como a nossa, ela se destaca por ser a mais distante desse tipo já observada.

Até então, a comunidade astronômica consensuava que as chamadas galáxias espirais barradas começaram a existir somente após o Universo atingir metade de sua idade atual, estimada em 13,8 bilhões de anos. Elas eram caracterizadas por uma barra central de estrelas brilhantes no centro.

No entanto, “esta galáxia, denominada ceers-2112, formou-se logo após o Big Bang”, declarou em comunicado o coautor Alexander de la Vega.

A barra central de Ceers-2112 é uma estrutura alongada composta por estrelas e matéria que se estende de uma ponta à outra da galáxia, dando origem aos característicos braços espirais.

De acordo com de la Vega, a presença dessa barra em ceers-2112 indica que “as galáxias amadureceram e se tornaram organizadas muito mais rapidamente do que se pensava anteriormente”, concluindo o astrônomo.

A importância da descoberta da galáxia ceers-2112

As barras centrais presentes em galáxias, de acordo com de la Vega, podem surgir espontaneamente. Isso por conta da instabilidades na própria estrutura espiral ou devido a interações gravitacionais com galáxias vizinhas.

Dado que, após o Big Bang, as galáxias eram naturalmente instáveis e caóticas, havia uma crença de que as barras não poderiam se formar ou persistir por muito tempo nas galáxias do Universo primordial.

Contudo, a descoberta da ceers-2112 desafia essa perspectiva, indicando que a formação de barras pode ocorrer em um período significativamente mais curto, estimado em “cerca de um bilhão de anos ou menos”, conforme avalia de la Vega.

Essa constatação sugere a necessidade urgente de revisitar alguns aspectos das atuais teorias sobre a formação e evolução de galáxias.

O primeiro ponto a ser considerado é que algumas galáxias se estabilizaram o suficiente para abrigar barras em estágios muito iniciais da história cósmica.

Além disso, a ceers-2112 serve como evidência de que barras se identificam mesmo em uma época em que o Universo era extremamente jovem e as galáxias eram de menor porte.

Assim, a expectativa é que futuras pesquisas do universo em seus estágios iniciais revelem a detecção de mais barras galácticas.

 

Fonte: Tecmundo

Imagens: PxHere, PxHere

Mistério de babuínos mumificados no Egito é desvendado após 118 anos

Matéria anterior

Golpe! Programa do governo ainda não lançado é usado para dar golpes

Próxima matéria

Comentários

Comentários não são permitidos