A ideia popular de que a pele negra envelhece de forma mais lenta do que outras tem sido alvo de debate ao longo de décadas. Vários mitos sobre o assunto persistem, levando a questionamentos sobre os cuidados apropriados para esse tipo de pele.
Muitos defendem a noção de que a melanina, o pigmento responsável pela coloração da pele, confere uma defesa natural contra os danos causados pelo sol, retardando assim o processo de envelhecimento. Contudo, especialistas divergem em suas opiniões a respeito desse tema.
A dermatologista Michele Kreuz, especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que um equívoco comum é considerar que a pele negra é imune ao envelhecimento devido à presença da melanina.
No entanto, ela também está sujeita ao curso natural do tempo, enfrentando rugas e perda de elasticidade. Outro equívoco é a crença de que indivíduos de pele negra dispensam o uso de protetor solar, quando na verdade é essencial para prevenir danos solares e envelhecimento prematuro.
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Adicionalmente, é incorreto pensar que a pele negra não exige cuidados específicos; cada tipo de pele possui suas próprias necessidades.
Rugas e linhas de expressão podem surgir em indivíduos de todas as origens étnicas, especialmente com o avançar da idade e a exposição a elementos ambientais nocivos.
É fundamental adotar cuidados adequados para manter uma aparência saudável. Isso engloba a higienização regular da pele, a aplicação diária de protetor solar, a manutenção da hidratação adequada e consultas periódicas ao dermatologista.
É crucial garantir uma boa hidratação da pele, pois a pele negra tende a ser naturalmente mais ressecada. Evitar produtos que possam desencadear irritações ou inflamações, como certos compostos químicos agressivos ou procedimentos abrasivos.
Uma dieta rica em antioxidantes pode contribuir para proteger a pele dos danos provocados pelos radicais livres.
O estilo de vida também exerce influência, incluindo hábitos como fumar e o consumo excessivo de álcool, que podem acelerar o processo de envelhecimento.
Ao contrário do que se pensa, as pessoas de pele negra também devem adotar medidas de fotoproteção, como evitar a exposição solar entre as 10h e as 16h, e utilizar acessórios como bonés, chapéus e óculos escuros, destaca Regina Schechtman, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro.
Além disso, ela ressalta a importância do cuidado com os cabelos, recomendando evitar o excesso de produtos químicos, que podem prejudicar o couro cabeludo e desencadear doenças de pele.
É verdade que a presença de melanina proporciona uma certa proteção contra os danos causados pelos raios ultravioleta (UV) do sol.
Esse pigmento age como um filtro natural, absorvendo e dispersando a radiação UV antes que ela possa causar danos significativos às células da pele. Assim, lesões aparecem de maneira mais gradual.
No entanto, mesmo com essa proteção natural, a pele negra ainda pode sofrer danos, incluindo queimaduras solares, hiperpigmentação e aumento do risco de câncer de pele. Portanto, usar protetor solar é indispensável.
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Durante os meses de verão, não se recomenda que pessoas de pele negra faça tratamentos excessivamente complexos, os quais podem danificar a pele, devido à exposição solar e ao risco de manchas.
Além disso, é o dermatologista quem está apto a determinar o tipo de tratamento indicado para indivíduos de pele negra. Por exemplo, qual peeling utilizar, que tipo de laser aplicar, ou mesmo se uma intervenção cirúrgica é a melhor opção.
Em suma, o tratamento da pele negra requer uma abordagem específica para esse fototipo.
O processo de envelhecimento da pele se influencia por diversos fatores, incluindo genética, estilo de vida e cuidados dermatológicos.
Embora a pele escura possa apresentar certas vantagens, também possui características que demandam atenção.
A pele negra apresenta uma predisposição maior à acne, manchas e problemas de cicatrização, como cicatrizes hipertróficas e queloides, além de ser mais propensa a distúrbios de pigmentação em geral, como o melasma, especialmente após os 30 anos de idade. Portanto, é essencial adotar cuidados específicos.
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A área da dermatologia estética precisa se ajustar para atender às exigências específicas da pele de tonalidade mais escura.
Ao selecionar procedimentos cosméticos, é crucial optar por profissionais experientes que compreendam as características singulares da pele negra, assegurando resultados eficazes e seguros.
Os tratamentos estéticos devem abordar de forma personalizada as questões relacionadas ao envelhecimento e aos cuidados com a pele nesse grupo.
Segundo as dermatologistas, desfazer os estereótipos associados à pele de cor escura é fundamental para promover uma abordagem inclusiva à saúde. Cada indivíduo é único e pode reagir de maneira distinta ao processo de envelhecimento.
A demanda por produtos adequados à cosmética da pele negra, tanto em maquiagem quanto em produtos capilares, está aumentando. Já existem produtos específicos para esse tipo de pele, além de profissionais habilitados e treinados para administrar tratamentos dermatológicos e estéticos visando aprimorar e cuidar da pele escura.
Consultar um especialista é essencial para estabelecer uma rotina de cuidados personalizada e eficiente para lidar com as preocupações dermatológicas específicas dessa comunidade.
Fonte: Globo