Política

Mundo trabalha com possibilidade de ampliação do conflito em Gaza, diz embaixador do Brasil na Síria

0

A intensidade da disputa entre Israel e Hamas chama a atenção global para a real chance de uma expansão do conflito no Oriente Médio, arriscando a participação de outras nações.

Contudo, o aumento no número de países envolvidos, como Síria e Líbano diretamente, e Estados Unidos e Rússia de maneira indireta, representaria um perigo de proporções extraordinárias para todo o planeta.

Essa análise é do embaixador brasileiro na Síria, André Luiz Azevedo dos Santos.

Conflito intenso

Via CNN

Desde a intensificação do conflito em Israel, concentrado na Faixa de Gaza desde o último dia 7, os israelenses realizaram três ataques aéreos a aeroportos na Síria, incluindo os de Aleppo e Damasco, sem causar vítimas humanas.

De acordo com o embaixador, ao todo, ocorreram 10 ataques aéreos em 2023, em meio a um conflito que remonta à criação de Israel em 1948, mantendo-se em estado de guerra desde então.

O embaixador brasileiro destacou a diferença notável na reação russa, que se mostra mais incisiva na defesa da integridade territorial da Síria.

Esses ataques podem ser interpretados como um sinal de que Israel está envolvido em um grande conflito no sul do país, na Faixa de Gaza, mas não negligencia o que ocorre em sua fronteira ao norte.

Na visão do representante do Itamaraty, o tempo se torna um aliado para aqueles que advogam por uma solução diplomática e resistem à propagação de um conflito generalizado no Oriente Médio a partir da situação atual entre Israel e o Hamas.

O alerta é acionado para a possibilidade de envolvimento do Líbano, da Síria e do Irã, somando-se à presença de aeronaves dos EUA em Israel e de tropas russas na Síria desde 2015.

Isso sinaliza que esse conflito já conta com a participação de duas das principais potências militares do mundo.

Mais chances de abordagens externas

O embaixador reforçou que, à medida que o tempo passa desde o ataque de 7 de outubro, torna-se maior a possibilidade de uma abordagem externa que busque soluções racionais.

Ele diz que o embate entre essas partes em conflito não beneficia nenhum, nem Israel e nem Hamas. Além disso, é uma questão que, caso expanda para mais países, as consequências sejam imprevisíveis.

A instabilidade na região, segundo o representante brasileiro na Síria, persistirá mesmo após um eventual cessar-fogo distante.

Embora não esteja próximo no horizonte de Israel e Hamas, o embaixador argumenta que o custo de um conflito dessa magnitude seria “elevadíssimo para ambos”, tanto para os israelenses quanto para aqueles que defendem um Estado para os palestinos.

Além disso, ele destaca que o sentimento de revolta entre os palestinos contra a ocupação israelense perdurará.

Também questiona qual seria o desfecho final dessa operação, ponderando sobre a possibilidade de a máquina militar israelense sair vitoriosa, ocupar Gaza e, então, o que aconteceria em seguida.

O embaixador sugere que o Ocidente precisa considerar que a reação de Israel faz parte da estratégia desejada pelo Hamas.

Quanto ao risco para os brasileiros na Síria, o responsável assegura que é baixo, e não há movimentação atual para evacuação.

Ele ressalta que todas as embaixadas têm planos de evacuação, que são revisados, mas por enquanto não há necessidade de implementá-los na Síria.

Via CNN

O que está acontecendo?

Tudo começou quando Israel ordenou que cerca de 1,1 milhão de moradores no norte da Faixa de Gaza se deslocassem para o sul, próximo ao curso d’água Wadi Gaza.

Essa ação vem de anos de embates e inimizades na terra, visto que Israel se autoproclamou estado, enquanto os palestinos que viviam lá perdiam território. Eles precisaram seguir as regras do novo estado ou ficariam sem recursos básicos para viver.

Vale reforçar que a ONU criticou a medida, alertando sobre consequências humanitárias graves. Além disso, a OMS destacou a impossibilidade de evacuar pacientes vulneráveis de hospitais.

No entanto, o Hamas desconsiderou a ordem de evacuação, chamando-a de “propaganda falsa”. Para reforçar, mulheres e crianças palestinas morreram em um ataque a um comboio que fugia.

Com isso, o Hamas começou a lançar foguetes contra Israel. Por outro lado, o estado mobilizou dezenas de milhares de soldados e convocou reservistas, visando alvos do Hamas, incluindo seus túneis subterrâneos.

Nesse caso, o desafio inclui combates em áreas urbanas densamente povoadas, onde se estima que o Hamas tenha cerca de 30.000 soldados.

O fogo cruzado está prejudicando diversos inocentes, de Israel e Hamas, mas nenhum pretende ceder, e lutam pelo território de Gaza.

Agora, o mundo acompanha os desdobramentos desse embate, e tenta intervir para diminuir as perdas.

 

Fonte: CNN

Imagens: CNN, CNN

Por que os vampiros odeiam alho?

Artigo anterior

“Metrô de Gaza”: entenda a misteriosa rede de túneis subterrâneos usada pelo Hamas

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido