Natureza

Muralha da China tem “pele viva” que a mantém de pé há 2 mil anos; entenda

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A Grande Muralha da China, reconhecida como uma das Sete Maravilhas do Mundo pela Unesco, possui uma história que ultrapassa os 2 mil anos, e estudos mostram que essa durabilidade se dá por uma pele viva.

A construção se estende por mais de 21 mil km, embora tenha sido ainda maior em tempos antigos. O que permanece atualmente é apenas uma fração da barreira que sofreu erosão ao longo do tempo.

A sustentação da estrutura até os dias de hoje é atribuída a uma pele viva, formada por bactérias, musgos, líquens e outros organismos.

Essa camada de seres, denominada biocrosta, foi minuciosamente estudada por cientistas, cujos resultados foram publicados na revista Science Advances em 8 de dezembro.

De acordo com a pesquisa, a “pele viva” desempenhou um papel crucial ao proteger partes da construção contra os efeitos do vento, da chuva e de outras forças corrosivas.

A revista Science relata que “as biocrostas melhoram a estabilidade mecânica e reduzem a erodibilidade da Grande Muralha”, conforme destacado pelos autores do estudo.

O que é biocrosta?

Via Freepik

A biocrosta é uma camada superficial formada por uma comunidade de micro-organismos, como cianobactérias, musgos, líquens e outros organismos microscópicos, que se desenvolvem sobre o solo.

Essa “pele viva” é capaz de desempenhar um papel crucial na estabilização e proteção do solo contra processos erosivos.

A biocrosta encontrada nessas seções contribui para a preservação e resistência da estrutura.

Os micro-organismos presentes nessa camada secretam substâncias, como polímeros, que se unem às partículas do solo, formando uma espécie de cimento natural.

Essa rede coesa confere à estrutura maior resistência mecânica e estabilidade contra fatores externos, como vento, chuva e erosão.

Pesquisadores explicam

Bo Xiao, um cientista da Universidade Agrícola da China, juntamente com seus colegas, realizou a coleta de amostras em oito diferentes seções da muralha, todas cobertas por biocrostas, e comparou suas propriedades físicas com as áreas desprovidas de vegetação.

Eles observaram que as regiões revestidas pela “pele viva” apresentavam menor porosidade e maior resistência.

Ao analisar os resultados, os pesquisadores afirmaram que, em comparação com as áreas de solo compactado sem biocrosta, as seções cobertas pela biocrosta tiveram uma perda de 2 a 48% na porosidade, além de maior retenção de água, menos erosão e menor salinidade.

Enquanto isso, demonstraram um aumento de 37 a 321% na resistência à compressão, resistência à penetração, resistência ao cisalhamento e estabilidade do agregado.

Comparação

Via Flickr

Os pesquisadores também calcularam que aproximadamente 67% das seções investigadas estão cobertas pela biocrosta.

Essa “pele viva” na muralha traz, principalmente, cianobactérias, fungos e micro-organismos capazes de realizar fotossíntese, que desempenham um papel crucial no reforço da estrutura, especialmente em áreas áridas e semiáridas da China.

Bo Xiao destacou em um e-mail que os construtores antigos tinham conhecimento sobre quais materiais poderiam conferir maior estabilidade à estrutura.

Para aprimorar a resistência mecânica, os construtores da muralha empregaram terra socada composta por argila, areia e outros elementos como cal.

Esses ingredientes proporcionaram um solo propício ao desenvolvimento dos organismos que compõem as biocrostas.

As amostras da “pele viva” analisadas remontavam ao período entre 1368 a.C. e 1644 a.C., durante a Dinastia Ming. Surpreendentemente, elas revelaram ser três vezes mais robustas do que as amostras de solo compactado simples.

O estudo também apontou que as amostras contendo musgo apresentavam uma resistência particularmente notável.

Maior resistência da terra

A razão para esse fenômeno existir está na capacidade das cianobactérias e outras formas de vida presentes na biocrosta de secretar substâncias, como polímeros, que se unem de maneira sólida às partículas de terra socada.

Bo Xiao explicou que essa ligação desempenha um papel fundamental em “reforçar a estabilidade estrutural”, agindo como um tipo de cimento.

Conforme destacou o cientista, essas substâncias cimentícias, filamentos biológicos e agregados de solo contidos na camada de biocrosta acabam por formar uma rede coesa com uma resistência mecânica robusta e estabilidade significativa contra a erosão externa.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Freepik, Flickr

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