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Nos Estados Unidos profissionais ganham tardes de sextas-feiras livres durante o verão

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Nos Estados Unidos um pequeno grupo tem liberdade para começar o fim de semana mais cedo nos Estados Unidos. Isso por causa das “sextas-feiras de verão” – um benefício que algumas empresas concedem, permitindo os trabalhadores terminarem o expediente mais cedo ou irem o dia de folga, nos meses de junho, julho e agosto (o verão do Hemisfério Norte).

De acordo com Vicki Salemi, consultora do site de Recursos Humanos Monster.com, isso é um grande privilégio. Ela teve sextas-feiras de verão pela primeira vez em um emprego em Nova York. “Era maravilhoso, porque toda sexta-feira à tarde eu visitava o Museu Metropolitano de Arte.”

Salemi defende que o benefício incentiva o comprometimento e o ânimo dos profissionais. Além disso, nessa época existe um baixo movimento no verão em muitos escritórios, os funcionários e clientes muitas vezes tiram férias durante esses meses, por isso existe menos trabalho para fazer.

Também vale destacar que estudos apontam que a produtividade no trabalho diminui muito no verão por esses motivos. No entanto, não existem muitos dados concretos sobre o histórico das sextas-feiras de verão. Alguns relatos indicam que elas tiveram origem em Nova York nos anos 1960.

“Do ponto de vista da gerência, as horas de verão são aceitáveis porque têm duração limitada e – ao contrário de aumentos salariais ou maior cobertura de planos saúde – elas não se tornam parte permanente do pacote de benefícios salariais.”

Até os dias atuais, as sextas-feiras de verão ainda têm forte associação com Nova York. Elas são comuns entre os trabalhadores em setores como o financeiro, de imprensa e tecnologia.

No entanto, com o passar dos anos ela está ficando mais popular. Dados indicam que cerca de 10% das companhias americanas ofereceram o benefício em 2015. Já em 2017, 42% das mil empresas listadas pela revista Fortune ofereciam sextas-feiras de verão.

Luxo para poucos

Foto: Pixabay/ Andrea

Contudo, as sextas-feiras de verão são um luxo que não está disponível para todos, dependendo principalmente do setor de atividade.

“Não é algo distribuído igualmente no mercado de trabalho. Definitivamente, são os profissionais do conhecimento, com alta formação, que trabalham em escritório, [em setores] onde o verão tem pouco movimento”, explica à BBC Stephan Meier, professor de Administração da Columbia Business School, em Nova York.

Em contrapartida, locais como hospitais e hotéis não podem ter a folga da sexta-feira como uma opção. Salemi também aponta o comércio eletrônico, a logística e a indústria como exemplos em que as sextas-feiras de verão não funcionariam.

Também existem setores que enfrentam pico de trabalho no verão, como por exemplo, uma das duas semanas de moda anuais de Nova York acontece no final do verão, por isso os profissionais de moda têm trabalho dobrado nesta época.

As sextas-feiras de verão também não costumam ser benéficas a empregados freelancers. Inclusive, Salemi explica que, se os chefes estiverem de folga e os freelancers não receberem trabalho, estes profissionais poderão ganhar menos dinheiro, principalmente se forem pagos por horas ou por tarefa.

Além disso, até mesmo beneficiam da política, as sextas-feiras de verão perdem o sentido se os chefes derem mau exemplo trabalhando. “Em algumas culturas de empresas, pode haver pressão para não tirar sextas-feiras de verão”, afirma Salemi.

Chefes que pressionam os seus funcionários a permanecer no escritório ou verificar mensagens quando deveriam estar de folga eliminam o propósito das sextas-feiras de verão.

Popularidade da folga das sextas-feiras de verão

Foto: Mstandret/ Envato Elements

Para alguns profissionais, as sextas-feiras de verão podem se tornar mais comuns, já que os os desejos e exigências dos profissionais mudaram – e ganharam voz – durante a pandemia. Isso porque a covid-19 demonstrou que os profissionais valorizam a flexibilidade.

“As sextas-feiras de verão são um benefício pré-pandêmico em alguns setores, mas representam uma forma simples para que empregadores evitem o esgotamento dos funcionários, ajudando-os a atingir o equilíbrio depois de vários anos em que trabalho e vida pessoal misturaram-se com o trabalho remoto”, disse à BBC Alison Sullivan, do site de carreiras Glassdoor.

Salemi acrescenta que as sextas-feiras de verão melhoram a saúde mental e reduzem o burnout. No entanto, Meier aponta que o benefício é “uma estratégia de retenção”, porque alguns funcionários podem valorizar isso mais do que dinheiro, principalmente se a diferença salarial for pequena.

Meier afirma que isso pode tornar as sextas-feiras de verão mais comuns. De acordo com ele, “cada vez mais empresas estão descobrindo o que motiva as pessoas” em termos de benefícios.

Ele afirma que as sextas-feiras de verão “são algo que nem todas as empresas podem oferecer com sucesso, de forma que aquelas que realmente as promoverem terão uma vantagem competitiva”. 

Salemi ainda aponta que as sextas-feiras de verão podem ser um teste para a introdução da semana de trabalho de quatro dias.

Meier concorda: “Acredito plenamente que existe uma forma de podermos descobrir o quanto conseguimos fazer em quatro dias. Vamos dar às pessoas mais sextas-feiras de folga: sextas-feiras de outono, de primavera”.

Fonte: G1

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