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Novo Ensino Médio: como o modelo impactou alunos e professores na prática

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O modelo do Novo Ensino Médio trouxe impactos consideráveis na vida de 6,6 milhões de estudantes nos últimos anos de ensino.

A partir de 2022, essa categoria estudantil está enfrentando o desafio estabelecido por meio de uma Medida Provisória durante a administração de Michel Temer, em 2017, e ratificado pelo Congresso no ano subsequente.

Enquanto isso, em 2021, já sob a direção de Jair Bolsonaro, o Ministério da Educação (MEC) delineou uma abordagem gradual para a implantação desse novo modelo.

O primeiro ano do Ensino Médio começou em 2022, o segundo agora em 2023 e pretende acabar em 2024, com plena incorporação.

No entanto, o novo modelo do Ensino Médio preocupa os estudantes na questão do ENEM.

Os alunos até aprovam alguns elementos, como o trajeto formativo. Conforme descrito no portal do MEC, essa novidade se refere ao “conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo e outras experiências educacionais que os alunos terão a opção de selecionar durante o Ensino Médio”.

A intenção é aprofundar, pelo menos em teoria, os conhecimentos na área de interesse individual de cada aluno.

No entanto, existe a preocupação de que todas as instituições de Ensino Médio do Brasil, tanto públicas quanto privadas, possam garantir a disponibilidade de trajetos formativos de alta qualidade para seus alunos.

Via CNN

Cronograma do Enem suspenso

No presente momento, o calendário do modelo do Novo Ensino Médio (NEM) está temporariamente suspenso devido à decisão tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Ministério da Educação (MEC) conduziu um processo de consulta pública entre os dias 24 de abril e 6 de julho, obtendo cerca de 150 mil contribuições.

Dentro desse total, aproximadamente 100 mil vieram de estudantes, 30 mil de professores e 6 mil de administradores e outros membros da comunidade escolar.

No dia 7 de agosto, segunda-feira, o MEC divulgou um resumo dos resultados obtidos a partir da consulta.

Entre as propostas do MEC para reformular o modelo estão o aumento da carga horária dedicada à formação básica para 2.400 horas.

Isso inclui as disciplinas de espanhol, arte, educação física, literatura, história, sociologia, filosofia, geografia, química, física, biologia e educação digital na lista de matérias obrigatórias.

Também tem a redução do número de itinerários formativos.

Durante a cerimônia de apresentação dos resultados, o Ministro da Educação, Camilo Santana afirmou que não desejam implementar nada sem diálogo com os principais afetados.

O documento agora segue para a avaliação do setor educacional e de órgãos regulatórios.

Prevê-se que até o próximo dia 21 de agosto, as análises retornem ao MEC, possibilitando a consolidação da versão final do relatório. Após esse processo, a proposta será examinada pelo Congresso Nacional.

Trilha do conhecimento

A Lei nº 13.415/2017 trouxe alterações à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e introduziu duas mudanças substanciais à estrutura do ensino médio.

Primeiro trouxe o aumento da carga horária mínima em sala de aula de 800 para 1.000 horas anuais e a reformulação da organização curricular.

O currículo do aluno passou a ser dividido em duas partes: uma parte geral e obrigatória, comum a todos os estudantes, delineada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A outra mudança é o percurso formativo. Isso significa, em teoria, menos aulas expositivas e maior enfoque em atividades práticas.

Essa mudança enfatiza a entrada do aluno no mercado de trabalho. Seguindo a nova legislação, as secretarias de educação dos estados podem estabelecer colaborações com institutos federais, universidades públicas e o setor produtivo.

Contudo, não existe especificação se a lei determina o cumprimento remoto ou presencial.

É importante destacar que tanto as redes de ensino público quanto privado possuem autonomia para decidir quantos e quais percursos formativos desejam oferecer aos alunos.

Segundo a lei, cada escola deve oferecer, no mínimo, duas opções. No entanto, devido a restrições como a falta de salas de aula suficientes, muitos administradores não conseguem atender à exigência legal.

Dada a limitação de vagas, não há garantia de que um aluno específico conseguirá ser matriculado no percurso que escolheu.

Em muitas escolas, quando há excesso de alunos e escassez de vagas, são realizados sorteios.

Via Folha de S. Paulo

Projeto de Vida

Outra mudança foi o surgimento do “projeto de vida”. A concepção por trás disso é, por meio do acompanhamento de um profissional devidamente qualificado, inspirar o aluno a identificar seus anseios pessoais e a determinar como a escola pode contribuir para a realização de seus objetivos.

Por exemplo, se o estudante aspira seguir Arquitetura ou Engenharia, qual itinerário formativo seria melhor?

A lei não esclarece se o projeto de vida terá orientação de um especialista, como um psicólogo ou pedagogo, um educador ou qualquer outro profissional da instituição de ensino.

Na prática, isso acarretou novas demandas para professores que já se encontravam sobrecarregados.

E como será o Enem?

A configuração do modelo do novo ensino médio não eliminou nenhuma disciplina. No entanto, algumas tiveram suas cargas horárias reduzidas.

O destaque fica para Física, História e Química, além de Português e Matemática. Por outro lado, Artes, Filosofia e Sociologia foram menos prejudicadas, com redução de 20%.

Resumindo, os alunos têm menos tempo para estudar essas disciplinas e, adicionalmente, precisam aprender matérias que não estarão no Enem.

Para piorar, muitos professores passaram para a nova estrutura curricular sem preparo anterior.

Ajustar ou revogar

Há opiniões divergentes em relação ao modelo do Novo Ensino Médio. Enquanto alguns especialistas argumentam que pequenas alterações são suficientes, outros sugerem revogar a iniciativa.

O economista Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas da organização independente Todos pela Educação, enfatiza que o modelo necessita de ajustes, mas ressalta manter a essência.

Via FGV

Apoiadores do Novo Ensino Médio, como o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) e a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP), destacam benefícios como ampliação da carga horária e currículo mais atrativo.

Eles argumentam que o modelo pode combater a evasão escolar e elevar o nível de aprendizado. No entanto, sugerem ajustes para definir um número máximo de itinerários, de forma a equilibrar estados com diferentes quantidades.

Por outro lado, críticos como a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) apontam aspectos negativos.

Eles mencionam a redução da carga horária em disciplinas clássicas, a falta de preparo dos professores e a insuficiente infraestrutura escolar para implementar o novo modelo.

Também existe aumento do risco de evasão, pois estudantes vulneráveis podem não conseguir conciliar escola e trabalho.

A presidente da UNE, Manuella Mirella, alerta que o Novo Ensino Médio pode comprometer a democratização do acesso ao ensino superior promovido pelo Enem.

Ela destaca que o novo modelo proporciona formação superficial e de curta duração, deixando os alunos mal preparados para o vestibular e agravando a crise dos professores, mal remunerados e subvalorizados.

 

Fonte: Globo

Imagens: Folha de S. Paulo, FGV, CNN

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