Com o passar dos anos, a temperatura média de todo o mundo tem sofrido altas terríveis. Nesse ano foram vistos recordes de temperaturas em todos os continentes. E claro que com o mundo cada vez mais quente é praticamente impossível que as pessoas não procurem por lugares refrigerados. Nisso, a demanda por aparelhos de ar-condicionado aumenta.
Contudo, o que muita gente não sabe é que o uso do ar-condicionado está em um ciclo vicioso com as mudanças climáticas. Isso porque o uso mais intenso do aparelho aumenta o consumo de energia que, consequentemente, aumenta as emissões de gases de efeito estufa, que por sua vez ajuda no aquecimento da temperatura média do mundo.
Além disso, o consumo alto de energia elétrica tem uma consequência grave tanto social como econômica nos países de baixa renda, que é a pobreza energética. Isso porque a refrigeração aumenta de forma expressiva o gasto com energia elétrica, que concorre com outras necessidades básicas, e sem falar no acesso aos aparelhos de ar-condicionado.
Ar-condicionado e questão de saúde
Como tudo indica que as temperaturas mundiais não irão diminuir é preciso pensar na refrigeração de uma maneira saudável e inclusiva. Até porque, as consequências das ondas de calor para a saúde são extremamente graves. Como mostrou um estudo publicado em julho, que mais de 61 mil pessoas morreram por conta do claor na Europa no verão do ano passado.
Essa situação é tão grave que a Organização Meteorológica Mundial emitiu um alerta para o aumento do risco de ataques cardíacos e mortes relacionadas com as temperaturas altas durante a noite. E de acordo com estimativas da Organização Mundial do Trabalho, em 2050, a exposição ao calor será uma ameaça para a vida de quatro bilhões de pessoas no mundo todo.
Justamente por isso que a refrigeração é algo fundamental para que as pessoas tenham o mínimo de bem-estar e saúde, especialmente aqueles mais vulneráveis. Com isso em mente, locais como casas, transporte público, escolas, hospitais e ambientes de trabalho precisam cada vez mais ter seu sistema de refrigeração.
Mesmo tendo uma importância tão grande, menos de 20% da população do Brasil tem um ar-condicionado em sua casa, conforme mostram os dados do IBGE. Com relação ao mundo, essa porcentagem é ainda menor, de 8%.
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), entre 25 e 50% da população mundial está exposta potencialmente ao estresse pelo calor por conta da falta de refrigeração. Se isso já parece ruim o suficiente, o problema ainda piora para 760 milhões de pessoas no mundo que nem tem acesso a eletricidade.
Por conta de todas as questões é bem complexo o dilema de como aumentar o uso do ar-condicionado mesmo ele sendo um dos principais responsáveis pelo aquecimento global.
De acordo com o National Renewable Energy Laboratory e o Observatório Regional de Energias Renováveis da Cepal, é estimado que o uso do ar-condicionado seja responsável por 10% do consumo global de energia e por cerca de 4 a 8% das emissões de gases de efeito estufa no mundo.
Esse problema será ainda mais grave nas próximas década. Conforme os cálculos da AIE, até 2050 a demanda de energia para uso de ar-condicionado deve triplicar. Por conta disso é preciso de mudanças urgentes.
Possíveis soluções?
Uma possível solução para esse paradoxo é que as tecnologias, a infraestrutura e os modelos de negócios da refrigeração sejam feitos com o objetivo de diminuir os fatores que causam as mudanças climáticas.
Além disso, outras medidas que poderiam ser tomadas são: uso de energias limpas, ganhos de eficiência, melhorias na instalação, manutenção e otimização do uso dos equipamentos.
E também é preciso que haja um investimento em formas de refrigeração que não precisem de energia, dentre elas, soluções que se baseiam na natureza. Como por exemplo, aumento da cobertura vegetal e de água nas áreas públicas e privadas das cidades, fachadas e tetos verdes, ruas, calçadas e tetos com alta capacidade de reflexão dos raios solares, maior ventilação natural, construção com isolamento e janelas com baixa emissividade.
Fonte: Reset
Imagens: Blog do frio, Edifícios e energia