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O Último Dia de Renato Russo

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Se você é brasileiro, independente da época que nasceu, já deve ter ouvido alguma música do Legião Urbana. Essa foi uma das bandas mais icônicas e marcantes do nosso cenário. Foi graças as músicas do grupo que muitas pessoas se identificaram quanto pessoas e puderam criar suas ideologias. A frente da banda, estava Renato Russo, um poeta romântico e um tanto rebelde contra o sistema. Infelizmente, Renato nos deixou muito cedo. Quando Renato morreu, o Brasil inteiro ficou de luto. Como foi o último dia desse ícone? Eu conto para vocês no vídeo de hoje. Confira conosco aqui, em mais uma matéria da saga O Último Dia.

Antes de falar um pouco sobre o último dia do cantor, vamos te apresentar parte de sua história. Quem foi Renato, onde nasceu, quais suas influências na música e como foi o decorrer de sua carreira no universo da música. Sem mais delongas, vamos com a gente.

História de Renato Russo

E aí, o que você sabe sobre a vida de Renato Russo? Nascido como Renato Manfredini Júnior, o cantor veio ao mundo no dia 27 de março de 1960, na cidade do Rio de Janeiro. Renato. Ele cresceu na Ilha do Governador e, quando ele tinha apenas 7 anos de idade, sua família resolveu se mudar para Nova York. Mas sua passagem pelos Estados Unidos seria breve. Dois anos depois, a família Manfredini já estava de volta ao Brasil.

Em 1973, Renato e sua família foram morar na cidade de Brasília. O cantor, que já tinha sido influenciado nos lugares que morava, começava cada vez mais a mostrar interesse pela música. Ele escutava bandas como Beatles, Rolling Stones, Sex Pistols e The Clash. Quando o cantor fez 15 anos, um acontecimento surpreendeu a ele e toda sua família. Renato Russo foi diagnosticado com uma doença óssea, o obrigando a colocar dois pinos na sua bacia.

Enquanto se recuperava da cirurgia, Renato ficava muito recluso e aproveitava as horas de solidão para escutar música. Seu dom de cantar ia ficando cada vez mais aguçado. No fim da sua recuperação, Russo recebe outra notícia inesperada, só que dessa vez, a surpresa era boa. Ele tinha passado no vestibular para o curso de jornalismo no Centro de Ensino Universitário de Brasília. Com um inglês fluente e invejável, ele também passou a dar aulas na Cultura Inglesa.

A descoberta da música e influências de Renato

Nessa época, Renato descobriu algo em Brasília que mudaria completamente a sua vida: o punk rock. O movimento tinha surgido nos Estados Unidos, mas já estava se espalhando no Brasil. Muitas festas aconteciam em vários cantos de Brasília, sempre organizadas por pessoas que gostavam no estilo musical. E foi em uma dessas festinhas em Brasília que Renato conheceu André Pretorius. André foi um músico, que era filho do embaixador da África do Sul e gostava do mesmo estilo musical que Renato. Depois, eles se juntaram a Fê Lemos, que hoje faz parte da banda Capital Inicial. Depois de alguns encontros regados à cervejas e boas conversas, os três decidiram formar uma banda chamada “Aborto Elétrico”.

O Aborto Elétrico não fez tanto sucesso quanto o Legião Urbana, mas foi nessa época, que surgiram músicas do repertório do Legião e do Capital Inicial, como “Que País é Este” e “Veraneio Vascaíno”. Depois de um tempo e de várias formações, a banda chegou ao fim por causa de um desentendimento. Renato, que tinha escrito uma música chamada “Química”, foi muito criticado por Fé Lemos. Fé disse que a música era péssima e que Renato tinha perdido a noção de como se escrever uma música. Uma grande ofensa, já que com o passar dos anos, Renato Russo se mostrou ser um excelente compositor.

Com o fim do Aborto Elétrico, Russo começou a fazer apresentações solo pelos bares de Brasília. Ele se apresentava como “O Trovador Solitário”. Sempre acompanhado do seu violão de 12 cordas. Foi nessa época que Renato Russo parecia estar mais inspirado para compor. Faroeste Caboclo, Dado Viciado, Música Urbana 2 e Eduardo e Mônica foram algumas das canções escritas por Russo enquanto se apresentava como Trovador Solitário.

Surgimento do Legião urbana

O tempo passou, e Renato sentiu que estava muito sozinho, principalmente em cima do palco. Ele percebeu que precisava de algo mais, precisava de mais emoção. Foi então que Renato, junto aos amigos Marcelo Bonfá, Eduardo Paraná e Paulo Guimarães formaram a aclamada banda Legião Urbana. Mas Eduardo e Paulo não agradavam a Renato e Bonfá. Eles diziam que os dois traziam um estilo muito pesado para o Legião Urbana e não demorou muito para eles saírem.

Ico Ouro Preto, irmão do vocalista do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, se tornou guitarrista da banda. Entretanto, em mais ou menos um mês, ele sai do grupo. Muitos dizem por aí que Ico tinha medo dos palcos naquela época, e que por isso, não deu certo no Legião Urbana.

Foi aí que surgiu a ideia de convidar Dado Villa-Lobos para assumir o posto de guitarrista. Após isso, era só questão de tempo para o sucesso surgir. Nessa época, os Paralamas do Sucesso tinham acabado de estourar. Bi Ribeiro, que era baixista da banda e ex-aluno de Renato, resolveu dar uma ajudinha para os caras do Legião. Eles conseguiram uma chance com a EMI, uma conceituada gravadora, para Renato e seus amigos.

Dramas e primeiro álbum

Tudo estava dando certo para a banda, eles estavam felizes pelas coisas que estavam acontecendo. Mas um evento quase destruiu o sonho dos garotos. Depois que Renato teve uma briga com a gravadora por causa dos arranjos da Música Geração Coca-Cola, ele tentou se matar. 

Em janeiro de 1985, finalmente, o Legião Urbana lançava seu primeiro disco. Demorou, mas o CD ganhou um grande destaque. “Será” foi eleita a melhor música do ano, o Legião a melhor banda e Renato Russo o melhor cantor. Nada mal! Depois, eles gravaram o álbum “Dois”, que também fez muito sucesso. O álbum contava com lindas canções como “Tempo Perdido” e “Índios”. Em 1987, veio o álbum “Que País é Este”, com a famosa e longa canção Faroeste Caboclo.

Bom, junto com o sucesso, também apareceram problemas. Em um show em Brasília, aconteceu um verdadeiro caos, onde uma menina de 20 anos morreu e muitas outras pessoas se feriram. Em outro show da banda no estádio Mané Garrincha, aconteceu um quebra-quebra no show, deixando três mortos e centenas de feridos. Enquanto, os integrantes da banda choravam no camarim, Renato Russo dizia coisas como: “Não vim aqui para dar show para animais.”

Esses dois acontecimentos colocaram um ponto final nos shows do Legião Urbana em Brasília. No ano de 1990, Renato assume publicamente que era bissexual. Nesse mesmo ano, Renato também recebe uma péssima notícia: ele era portador do vírus HIV. Além disso, foi nessa época, que Renato conheceu o americano Scott, que era o amor da sua vida. Além do amor, Scott também apresentou a heroína para Renato, fazendo-o ficar viciado.

Queda

Depois disso, a vida do vocalista do Legião começou a decair. Vieram mais álbuns, lindas músicas, mas Renato estava cada vez mais afundado no vício em álcool e drogas. Em 1993, Renato decidiu colocar um fim na sua dependência. Ele foi internado em uma clínica. Um ano depois, a banda resolveu parar por um tempo e Renato faz seu primeiro trabalho solo, um álbum totalmente em inglês.

Em 1995, ele foi ainda mais ousado e gravou “Equilíbrio Distante”, um álbum que tinha músicas gravadas em italiano. E finalmente, chegamos ao ano de 1996. Não sei se você já era vivo nessa época, mas o Brasil teve grandes perdas. Em 1994, nós perdemos Ayrton Senna, no dia 2 de março de 1996 foi a vez dos Mamonas Assassinas. Em nesse mesmo ano, nós perdemos o grande Renato Russo.

Renato Russo começou a ter sérios problemas emocionais, e isso era visto de forma clara em suas músicas. A depressão profunda tomou conta de Renato, que praticamente não comia e tinha perdido cerca de 20 quilos. Três dias antes da morte de Renato, Dado Villa-Lobos correu até o apartamento do amigo em Ipanema. Ele tinha escutado um boato sobre um possível suicídio do amigo. Porém, Renato estava em casa na companhia do pai, que estava abatido por ver o filho naquela situação.

Quando Dado entrou no quarto, Renato caiu em lágrimas. Os dois choraram muito tempo abraçados. Dado ficou arrasado. Ele não sabia como ajudar o seu companheiro. Desde o final das gravações do último disco da banda, Renato só ficava trancado em casa. Ele estava sofrendo de anorexia. Quem conhecia o cantor, sabia que ele estava perto da morte. O vizinho Chico Guarani, por exemplo, disse que Renato nem conversava mais e que tinha o visto entrando no prédio, cambaleando de fraqueza.

Os últimos dias de Renato

Renato tinha o costume de ir a um bar, chamado “Paz e Amor”, perto de sua casa. Lá, ele bebia e cantava suas músicas favoritas. Mas, quatro meses antes de morrer, o dono do bar disse que Renato não ia lá há muito tempo. Nos últimos dias de vida, Russo decidiu sair do hospital e ir para casa. No dia de sua morte, o médico do cantor chamou os amigos para se despedirem dele. A tão temida hora estava chegando e não havia nada que poderia ser feito.

Os vizinhos não escutavam mais Renato tocar seu teclado. Nas últimas semanas, ele mal era visto. A solidão tinha tomado conta do cantor. Até na hora de morrer, ele disse ao médico que preferia morrer em casa, com menos gente ao redor possível. E foi aí que, no dia 11 de outubro de 1996, exatamente às 1 e 15 da manhã, uma das maiores vozes do rock nacional deixava este plano. Renato morreu por causa de uma doença pulmonar obstrutiva crônica, septicemia e infecção urinária, todos esses problemas consequentes da AIDS.

Esse dia, sem dúvida, é um dos dias mais tristes da história da música nacional. Dez dias depois, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá anunciam o fim do Legião Urbana. Confira essa história no vídeo, que está no nosso canal.

Vídeo

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