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Ondas cerebrais são usadas para recriar música do Pink Floyd

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É basicamente impossível imaginar um mundo em que não haja músicas. A música é responsável por dar emoção aos filmes, eventos esportivos, séries, novelas e, é claro, à nossa vida como um todo. Para a nossa sorte, existem diversos gêneros musicais, cantores, grupos e bandas. Isso nos permite sempre descobrir canções novas.

Felizmente, hoje em dia podemos ouvir música com bastante facilidade através das plataformas de áudio. Mas não seria ótimo se houvesse um dispositivo que lê o pensamento das pessoas e reproduz o que elas estão pensando? Por mais que isso ainda não seja realidade, os cientistas conseguiram um passo importante nesse campo da neurociência.

Para isso, eles usaram um aparelho que conseguiu interagir com o cérebro para recriar uma música clássica do Pink Floyd do zero, apenas com os pensamentos dos pacientes.

Os neurocientistas da Universidade da Califórnia, em Berkley, fizeram um experimento e reconstruíram a canção “Another Brick in The Wall, Part 1″, da banda britânica, somente com a atividade cerebral.

No experimento, os pesquisadores usaram gravações da atividade cerebral de 29 pessoas que tinham escutado a música enquanto faziam uma cirurgia no cérebro. E mesmo que o resultado final não tenha sido 100% igual à música original, a melodia que a atividade cerebral produziu ficou reconhecível.

Pensamentos em música

Olhar digital

Para que os pensamentos dos pacientes fossem transformados em música, os pesquisadores usaram um modelo de inteligência artificial capaz de decifrar os dados capturados por milhares de eletrodos que estavam ligados nos pacientes que escutaram a canção enquanto faziam o procedimento cirúrgico.

De acordo com a Scientific American, esse modelo de IA fez a análise de padrões de resposta do cérebro com relação aos componentes de perfil acústico da música. Com isso, ele conseguiu separar as mudanças de tom e ritmo.

Depois disso, um outro modelo de IA foi usado para que todos esses sons fossem agrupados. E quando todos estavam reunidos foi possível reconhecer a melodia da música do Pink Floyd.

Por que música do Pink Floyd?

Segundo Ludovic Bellier, neurocientista cognitivo e principal autor do estudo, eles usaram o clássico da banda britânica porque ele tem várias camadas, instrumentos e ritmos diferentes.

“A razão científica, que mencionamos no artigo, é que a música tem muitas camadas. Ele traz acordes complexos, diferentes instrumentos e diversos ritmos que o tornam interessante de analisar. A razão menos científica pode ser que realmente gostamos do Pink Floyd”, disse ele.

Estudo

TV pampa

Muitas pessoas podem se perguntar qual é a contribuição desse estudo. Ele é relevante porque há décadas os eurocientistas trabalham na decodificação do que as pessoas estão vendo, ouvindo ou pensando, tendo como base a atividade cerebral.

Antes desse, outros estudos foram capazes de reconstruir gravações de áudio de palavras que os participantes tinham escutado. E também conseguiram reproduzir imagens que eles tinham visto ou imaginado, como por exemplo, paisagens ou rostos.

Agora, esse novo estudo foi o primeiro a sugerir que é possível analisar o cérebro das pessoas para sintetizar música. Segundo Robert Knight, neurocientista da Universidade da Califórnia em Berkeley, o objetivo deles com essa nova descoberta é alavancar a tecnologia para que próteses neurais sejam desenvolvidas para que seja possível falar com mais naturalidade via atividade cerebral.

“A saída desses dispositivos [próteses neurais] tem uma qualidade monotônica, meio robótica. A música, devido aos seus fortes componentes emocionais e rítmicos, nos permitiria adicionar um componente eficaz à fala [gerada por computador]”, concluiu Knight.

Gêneros

Positivo

Por mais que hoje em dia as pessoas escutem mais música, e tenham disponível uma variedade maior de artistas e gêneros, elas escutam as mesmas coisas de sempre e para sempre. Isso é uma coisa comum, já que as pessoas tendem a nichar o seu gosto musical conforme elas envelhecem.

Isso é um ponto bem interessante para a ciência. Tanto é que ela tem um nome específico para descrever essa disposição das pessoas a explorarem novos gêneros musicais: ouvido aberto. Até a pessoa chegar aos 11 anos, geralmente, ela está aberta a ouvir e engajar com qualquer música desconhecida. Contudo, já no início da adolescência essa disposição diminui, mesmo o interesse por música como um todo aumentando muito.

E quando a pessoa chega na fase adulta, ainda quando se é um jovem adulto, o ouvido aberto aumenta um pouco, mas ele começa a diminuir conforme a pessoa vai envelhecendo.

Essa mudança foi confirmada por um estudo feito em 2013 com mais de 250 mil participantes. De acordo com ele, a quantidade de música que as pessoa ouvem na adolescência são 20% do tempo que elas passam acordadas, o que cai para 13% na fase adulta.

O motivo pelo qual isso acontece é explicado por várias teorias que de alguma forma se complementam. Por exemplo, uma delas coloca a culpa na maturação psicossocial. Isso porque, na adolescência, a música é um forte marcador de identidade e que até ajuda as pessoas em seus círculos sociais. Mas quando as pessoas já são adultas, elas já têm sua personalidade desenvolvida e seus grupos sociais. Tudo isso diminui a vontade e o incentivo para conhecer músicas novas.

Em determinados casos, a mudança pode vir também pelas mudanças na acuidade auditiva, visto que conforme as pessoas ficam mais velhas, algumas já toleram menos os sons altos e que têm uma frequência alta.

Uma outra razão pode ser o aumento das responsabilidades que deixam as pessoas com menos tempo para explorar interesses musicais novos. Tanto é que na visão de alguns cientistas, a idade pode ser vista como um fator antes de levar em consideração as formas como as pessoas processam a música durante a vida.

Por exemplo, os adolescentes são bem conscientes do que escutam, já os adultos usam as músicas como motivação ou para acompanhar o trabalho, exercícios e tarefas mecânicas. Isso faz com que as pessoas não prestem atenção no que estão ouvindo, o que faz com que músicas novas passem batido.

O motivo pelo qual as pessoas escutam menos músicas novas pode não ser tido como uma certeza, mas o que os pesquisadores concordam é que existe uma probabilidade alta de o gosto musical de alguém ser moldado pelas primeiras experiências que se tem na adolescência.

Até porque, é nesse momento da vida que os cérebros estão completamente desenvolvidos e conseguem processar totalmente o que a pessoa está ouvindo. Além disso, as emoções à flor da pele na puberdade fazem com que as pessoas criem laços fortes na memória. Por isso, várias músicas são levadas para vida toda.

Fonte: Olhar digital, Terra

Imagens: Olhar digital, YouTube, TV pampa, Positivo

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