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O homem de Neandertal é uma espécie já extinta do nosso planeta. Diversos autores consideram-no como subespécie do Homo sapiens, o homem moderno. Há ainda indícios de que eles viveram juntos. Estudos mostram que os neadertais surgiram há cerca de 400 mil anos na Europa e no Oriente Médio. E, na Península Ibérica, extinguiram-se há 28 mil anos.
A cultura material dessa espécie, chamada de cultura musteriense, era sofisticada em diversos aspectos. Além de utilizarem ferramentas, eles usavam o fogo, já cuidavam dos seus dentes e eram ótimos com caça. Mesmo já sabendo várias coisas a respeito desse povo, ainda existem algumas lacunas e mistérios.
Mas vários restos mortais de vários neandertais foram encontrados em um famoso sítio arqueológico chamado LA Ferrassie, no sudoeste da França. Dentre eles, a descoberta mais recente. Uma criança conhecida apenas como La Ferrassie 8.
Esses vestígios antigos foram encontrados, pela primeira vez, no começo do século XX. E os arqueólogos presumiram que aqueles esqueletos eram de sepultamentos intencionais. Que os neandertais colocavam seus parentes mortos para descansar embaixo da terra.
Estudo
Entretanto, agora na arqueologia contemporânea, dúvidas giram em torno dessa questão. De realmente saber se os neandertais enterravam seus mortos, ou se os aspectos dos ritos funerários eram um costume somente do Homo sapiens.
Tendo essa pergunta não respondida em mente, uma equipe liderada por pesquisadores do Le Centre national de la recherche scientifique (CNRS) e do Muséum national d’histoire naturelle na França fez uma reavaliação completa dos vestígios encontrados anteriormente.
“A descoberta e o contexto deste esqueleto foram geralmente considerados como mal documentados. Mas na verdade essa deficiência decorre da falta do processamento necessário das informações e materiais de La Ferrassie relacionados à penúltima fase de escavação, de 1968 a 1973. De fato, uma grande quantidade de dados permaneceu sem avaliação antes de nosso estudo atual”, escreveram os pesquisadores no seu artigo.
Nesse novo estudo, eles revisaram os cadernos e diários de campo usados pela equipe de escavação original. Além de também analisar os ossos de La Ferrassie 8. Os pesquisadores também fizeram novas escavações e análises no lugar que abrigava a caverna La Ferrassie onde os restos mortais da criança foram encontrados.
Conclusões
Então, o resultado dessa abordagem deles sugere que, apesar da pesquisa anterior ter sido inferior a deles, as antigas conclusões estavam certas. A criança realmente foi enterrada.
“Os dados antropológicos, espaciais, geocronológicos, tafonômicos e biomoleculares combinados aqui analisados sugerem que um sepultamento é a explicação mais parcimoniosa para LF8. Nossos resultados mostram que o LF8 é intrusivo em uma camada sedimentar mais velha e arqueologicamente estéril. Propomos que os neandertais cavaram intencionalmente um fosso em sedimentos estéreis em que a criança LF8 foi depositada”, explicaram os pesquisadores.
Depois de terem chegado a essa conclusão, os pesquisadores confirmaram que os ossos foram colocados de uma maneira não esparramada. E que os mantiveram em sua posição anatômica.
Além disso, não tinham marcas de animais neles. Isso é um outro fator que os pesquisadores levaram em consideração para que tenha sido provavelmente um enterro imediato e intencional.
“A ausência de marcas carnívoras, o baixo grau de perturbação espacial, fragmentação e intemperismo sugerem que eles foram rapidamente cobertos por sedimentos”, ressaltaram.
“Não encontramos nenhum processo natural, ou seja, não antrópico, que explique a presença da criança e de elementos associados dentro de uma camada estéril com uma inclinação que não segue a inclinação geológica do estrato. Neste caso, propomos que o corpo da criança LF8 foi colocado em uma cova cavada em sedimento estéril”, concluem os pesquisadores.
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