História

Pegadas humanas com mais de 90 mil anos são achadas em praia no Marrocos

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Na costa rochosa de Larache, no Marrocos, uma equipe internacional de cientistas descobriu as pegadas humanas mais antigas do Norte da África e do sul do Mediterrâneo.

Segundo avaliações da equipe, estas impressões, feitas por Homo sapiens, datam de aproximadamente 90 mil anos atrás.

As informações foram divulgadas pelo governo marroquino nesta segunda-feira (29) e também estão documentadas em um estudo publicado em 23 de janeiro na revista Scientific Reports.

As pegadas seriam de pelo menos cinco indivíduos, incluindo crianças, adolescentes e adultos.

Pegadas humanas

Via Globo

Com base na Universidade do Sul da Bretanha, na França, uma equipe de pesquisadores marroquinos, franceses e espanhóis estava estudando as rochas ao longo da praia marroquina quando encontraram as impressões em julho de 2022.

Conforme comunicado da universidade, essas 85 pegadas, em sua maioria voltadas para o mar, oferecem uma visão impressionante de como os Homo sapiens que habitavam a costa de Larache cerca de 100 mil anos atrás, provavelmente buscavam recursos marinhos.

De acordo com o líder do estudo, Mouncef Sedrati, professor associado de dinâmica costeira e geomorfologia na Universidade do Sul da Bretanha, as pegadas humanas tiveram sua preservação ao serem cobertas por sedimentos finos durante condições favoráveis do mar.

Sedrati enfatiza que o local das pegadas em Larache é um dos maiores e mais bem preservados do Pleistoceno Superior no mundo, sendo o único documentado no Norte da África e no sul do Mediterrâneo. A descoberta ocorreu por acaso, quando os pesquisadores decidiram explorar a área.

Local adequado para procurar

O responsável também falou ao site Live Science que, entre as marés, sugeriu à sua equipe que se dirigissem para o norte para explorar outra praia.

Ele afirma que ficaram surpresos ao encontrar a primeira pegada. No início, não estavam convencidos de que era uma marca desse tipo, mas depois encontraram mais vestígios na trilha.

A análise do local revelou um total de duas trilhas de pegadas, que foram estudadas utilizando a técnica de datação por luminescência estimulada opticamente.

Essa técnica determina o último momento em que minerais em artefatos ou próximos a eles foram expostos ao calor ou à luz solar.

Os grãos de quartzo são finos, e estavam na maior parte da praia. Foi isso que permitiu revelar a presença dos Homo sapiens naquele local. Pesquisadores acreditam que isso aconteceu durante o Pleistoceno Superior, também conhecido como a última Era do Gelo. Ela começou há mais de 9o mil anos, e terminou cerca de 11,7 mil anos atrás.

Via Globo

Equipe confirmou

Sedrati comentou que realizaram medições no local para determinar o comprimento e a profundidade das pegadas humanas. Com base na pressão exercida pelo pé e no tamanho das marcas, conseguiram estimar a idade aproximada dos indivíduos, que incluíam diversas idades no círculo social daquele grupo.

O especialista também destacou um aspecto “excepcional” da descoberta, que é a localização da praia sobre uma plataforma rochosa coberta por sedimentos argilosos.

Ele diz que os sedimentos proporcionam condições ideais para a preservação das pegadas na camada de areia, enquanto as marés as enterraram rapidamente. É por isso que as pegadas estavam tão bem conservadas.

Embora os pesquisadores ainda não saibam qual era a atividade do grupo durante a Era do Gelo na praia, estudos futuros podem fornecer insights.

No entanto, os autores alertam que a plataforma rochosa costeira está sofrendo colapso. Isso poderá levar à sua eventual destruição e à perda das trilhas. Por isso, eles têm pouco tempo para analisar os vestígios.

Mesmo assim, a descoberta é surpreendente, e traz luz sobre quais os tipos de seres que habitavam a costa há tantos anos. Além disso, acrescenta informações mais concretas sobre hábitos de migração, vivência em bando e caminhos seguidos.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Globo, Globo

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