Pessoa que tatuou foto de menino negro ainda não foi localizada, segundo mãe

Avatar for Mayara MarquesMayara MarquesNotíciasdezembro 20, 2022

Uma tatuagem de menino negro ganhou visibilidade nas redes sociais após descoberta que não houve autorização por parte da família para o uso da imagem. Além disso, a mãe do garoto afirmou que a pessoa ainda não foi localizada.

O acontecimento viralizou nas redes sociais após a convenção de tatuagem “Tattoo Week”, que ocorre em São Paulo todos os anos, reunindo tatuadores de todas as partes do Brasil. Além de interações e networking, os profissionais competem em algumas modalidades para receber prêmios em dinheiro.

O caso ganhou repercussão depois que a mãe do garoto usado em tatuagem de menino negro, Daniele de Oliveira Cantanhede, mais conhecida como Preta Lagbara, denunciou nas redes sociais o trabalho do profissional Neto Coutinho.

O tatuador ganhou dois prêmios durante a convenção que ocorreu em outubro, uma delas com a reprodução da foto da criança. Foi descoberto, mais tarde, que a imagem do menor de idade não foi autorizada pelos pais nem pelo fotógrafo responsável.

Acredita-se que a pessoa que pediu pela tatuagem a localizou na internet e solicitou a realização do desenho em seu corpo, sem consultar as fontes ou as autorizações necessárias.

A mãe do garoto exige que a pessoa seja localizada e que realize a remoção do desenho. Em desabafo, ela disse que ainda não sabe quem é e as autoridades não informaram nada sobre o caso.

Via Gazeta

Ela fala sobre a situação e que ainda parece surreal que ainda tenha tatuado “a cara do filho dela” e não exista a possibilidade de saber a identidade do solicitante.

Advogado acusa tatuagem de menino negro como racismo

A mãe do garoto que apareceu na tatuagem de menino negro tem um representante oficial, Djeff Amadeus, que também é diretor do Instituto de Defesa da População Negra.

Para ele, “se a pessoa branca que recebeu a tatuagem não se oferecer para fazer a retirada, isso configurará que ela é uma racista assumida”. Esse entendimento vem da análise de se sentir proprietária dos corpos negros, como nos tempos de escravidão.

Por isso, esperam que a pessoa com a tatuagem, branca, assuma essa posição e realize a remoção da foto não autorizada. Para o advogado, também é um exemplo para o Brasil, e, caso contrário, o debate continuará no Judiciário, inclusive em termos indenizatórios.

A equipe irá convocar movimentos negros para serem amigos da corte nessa ação se for necessário. A indicação é que se trata de um debate nacional sobre antirracismo, além de divulgar a importância da autorização de uso de imagem, mesmo em crianças e mesmo trabalhos públicos na internet.

Tatuador se desculpou

Via G1

O tatuador Neto Coutinho, que realizou a tatuagem do menino negro durante a convenção, veio a público pedir desculpas para a família. Ele também diz que quer resolver a situação de forma pacífica, mas está se pronunciando por meio do seu advogado de defesa, Gabriel Rodrigues.

O caso já possui a identificação da pessoa com o desenho por conta do trabalho realizado de Neto. No entanto, essa informação não saiu nem mesmo para a mãe do menino, que se indignou nas redes sociais. Além disso, não existe a localização da pessoa, apenas a confirmação da sua identidade.

A defesa de Neto afirmou para a mídia que não deseja revelar detalhes do assunto e trataria apenas com os envolvidos, para buscar uma resolução privada e negociações sem a presença pública.

Enquanto isso, a equipe técnica que premiou o tatuador informou que os critérios foram unicamente por conta de técnica e exibição artística, no caso, o realismo. Por esse motivo, a comissão de tatuadores premiados pontuou a tatuagem do menino negro como vencedora. No entanto, o prêmio em dinheiro não foi entregue.

A organização do evento ainda reforçou que apenas as pessoas que recebem a tatuagem e o tatuador possuem responsabilidade sobre a imagem, e não outros envolvidos.

 

Fonte: G1

Imagens: G1, Gazeta

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