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Pilotos americanos têm traço psicológico em comum

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Os pilotos de avião precisam ter uma excelente concentração, memória e consciência situacional, entre outras características. Mas eles também precisam de inteligência emocional para esse trabalho.

Primeiramente é preciso destacar que apesar de existirem diversas pesquisas sobre inteligência emocional, poucos estudos analisaram seu papel na aviação, segundo um grupo de pesquisadores liderados por Zachary Dugger, instrutor do Departamento de Ciências Matemáticas da Academia Militar dos Estados Unidos em West Point. O estudo foi publicado na Scientific Reports.

Buscando esclarecer sobre o assunto, Dugger e seus colegas entraram em contato com pilotos de “inúmeras organizações de aviação” nos EUA. Ao todo, foram recrutados 44 voluntários para responder a um questionário destinado a avaliar a inteligência emocional.

Inteligência emocional 

Foto: Getty Images/ BBC

A inteligência emocional é a capacidade de identificar e regular as próprias emoções, assim como reconhecer emoções em outras pessoas e ter empatia por elas. O termo ficou popular com o livro homônimo na década de 1990 e atraiu crescente interesse de pesquisadores após isso.

Atualmente, existem dois modelos principais para medir a inteligência emocional (IE): IE de traço e IE de habilidade. O estudo recente se concentra em estudar a IE de traço, que os pesquisadores definem como “uma constelação de percepções emocionais avaliadas por meio de questionários e escalas de classificação”.

Diversos estudos já examinaram esse tipo de inteligência emocional em diversos contextos. De acordo com os autores, eles têm sido “fortemente ligados a comportamentos que constituem componentes-chave do conjunto de habilidades piloto, incluindo liderança, resistência mental e gerenciamento de estresse”.

No entanto, pouca pesquisa examinou a IE de traço entre pilotos. Apesar de os pesquisadores citarem dois estudos que abordaram o tema,  que apontam que a IE de traço está ligada ao desempenho de treinamento dos pilotos e “comportamentos de cidadania de segurança”, os dois estudos foram feitos com pilotos militares e não contaram com a participação de pilotos em geral.

A pesquisa

Foto: Getty Images/ BBC

A nova pesquisa aponta que outros traços de personalidade influenciam o sucesso de um piloto, extroversão e neuroticismo. Por isso, Dugger e sua equipe suspeitam que a inteligência emocional desempenha um papel subvalorizado que é importante investigar.

Os 44 pilotos voluntários tinham idades entre 24 a 67 anos, com experiência de voo variando de 150 a mais de 5.000 horas. Todos eles precisavam possuir uma qualificação de voo atualmente válida.

Para comparação, o estudo usou dados de 88 não pilotos. Essas informações foram coletadas por meio de questionários. Em seguida, os pesquisadores compararam os indivíduos em idade, gênero, etnia e educação, permitindo que eles conseguissem notar os fatores que demonstraram afetar a inteligência emocional.

Os pilotos também responderam o questionário, que mede a inteligência de traço pedindo aos sujeitos que leiam 153 afirmações e avaliem sua concordância com cada uma. Isso abrange os quatro principais fatores do traço: bem-estar, emotividade, sociabilidade e autocontrole. Além disso, analisa 15 fatores mais específicos.

De acordo com o estudo, os pilotos pontuaram “consistentemente mais baixos do que seus colegas correspondentes” em IE geral de traços de bem-estar, emotividade e sociabilidade. Porém, o estudo não notou diferenças significativas no traço de autocontrole entre pilotos e não pilotos.

Razões para as diferenças entre pilotos e não pilotos

Foto: Getty Images/ BBC

Apesar de as razões para as diferenças serem desconhecidas, os autores da pesquisa têm algumas suposições.

Para eles, os fatores de bem-estar, emocionalidade e sociabilidade estão relacionados a “uma avaliação positiva das capacidades emocionais de alguém”. Quando levada a sério demais, essa autoavaliação que era benéfica pode “se transformar em narcisismo e arrogância”.

De acordo com os pesquisadores, os pilotos precisam ser “cuidadosos, diretos e discretos em seu trabalho”, o que pode gerar uma mentalidade diferente ao ser comparado a trabalhos que incentivam a autopromoção. Eles acrescentam que isso pode explicar pontuações comparativamente baixas entre os gerentes militares.

Além disso, os pilotos pertencem a uma cultura organizacional que costuma recompensar a impressão de invulnerabilidade e “resistência à fraqueza humana”.

“Os pilotos há muito são associados a uma cultura masculina que enfatiza a agressividade, a competição e a orientação para o desempenho. Na prática, o processo de seleção e treinamento de pilotos pode produzir pilotos, principalmente homens, mas também mulheres, que se encaixam nessa cultura”, explicam os pesquisadores.

Limitações

Foto: Getty Images/ BBC

Apesar de ser considerado inovador, o novo estudo possui algumas limitações notáveis. O tamanho da amostra de 44 pilotos é pequeno, e falta diversidade: 93% dos pilotos são homens, 91% brancos e 98 % possuem ensino superior.

Também foi destacado que a maioria deles serve, ou já serviu, como membros da tripulação aérea militar, o que prejudica o objetivo do estudo de ir além do foco militar

No entanto, os pesquisadores ainda apontam que a pesquisa marca um passo importante para os estudos sobre inteligência emocional em pilotos.

“Embora exploratórias, essas descobertas destacam caminhos promissores para futuras pesquisas de EI de traços no setor mais amplo da aviação internacional”, escrevem eles.

De acordo com os autores, pesquisas como essa podem ajudar a melhorar o treinamento de pilotos, produzindo profissionais melhor preparados para o serviço da aviação e “levando em última análise a uma melhor segurança, desempenho e satisfação geral”.

Fonte: Science Alert

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