Pertencente ao sudeste da Ásia, a píton birmanesa é uma espécie de cobra carnívora que costuma ter entre 3 e 5 metros de comprimento. Ela utiliza a constrição como método para matar suas presas – ao se enrolar em torno do corpo dos animais e apertar lentamente, cortando seu fluxo sanguíneo. Isso ocorre por, naturalmente, não possuir veneno.
Assim que a presa morre, a píton a engole por inteiro. Se tamanho é um problema, a píton birmanesa com certeza tem a solução, já que consegue ingerir animais até seis vezes maiores do que outras espécies de cobras de mesmo tamanho conseguiriam, incluindo veados e até jacarés inteiros.
Essa capacidade se explica em uma nova pesquisa, que procura detalhar as características e os mecanismos que fazem as mandíbulas das pítons se abrirem o suficiente para devorar quase qualquer animal que encontrem.
A biologia dessa cobra enorme foi examinada por quatro pesquisadores, com foco em sua grandiosa abertura de mandíbula. Foi descoberto por eles que as pítons birmanesas desenvolveram uma pele altamente elástica entre suas mandíbulas inferiores, que são as responsáveis por auxiliar suas bocas enormes a se abrirem ainda mais. Isso acaba permitindo a essa espécie se alimentar de presas muito maiores do que seria possível.
Para fins de comparação, as mandíbulas inferiores das cobras, diferente das mandíbulas inferiores de humanos e de outros mamíferos, não são fundidas. O que de fato as conecta é exatamente o frouxo ligamento elástico, que dá a elas o poder de uma abertura muito maior do que as nossas.
Bruce Jayne, coautor do estudo em questão, comenta: “a pele elástica entre os maxilares inferiores esquerdo e direito é radicalmente diferente em pítons. Pouco mais de 40 por cento de sua área total de abertura, em média, é de pele elástica.”
O estudo sobre Pítons
Durante a pesquisa, algumas espécies da cobra-arbórea-marrom, capturadas na natureza e também em cativeiro, foram examinadas, com o objetivo de entender como as bocas de ambas as cobras se comparam ao tamanho do corpo.
Levemente venenosas, por sua vez, essas cobras são menores e ficam nas copas das árvores em florestas, caçando pássaros e outras presas pequenas.
Elas e a píton tiveram seus dados coletados. Utilizando esses dados, os pesquisadores determinaram o tamanho máximo dos animais que elas poderiam ingerir, bem como os diferentes benefícios relativos de comer diferentes presas, desde ratos e coelhos a jacarés e veados.
Os resultados demonstraram que as cobras menores ganham mais quando possuem um tamanho de abertura maior, possibilitando comer presas bem maiores do que elas. Contudo, as pítons já estão em vantagem sobre as outras cobras, por terem em seu cardápio uma variedade muito maior de potenciais presas.
O tamanho de uma píton, no entanto, não é uma vantagem apenas no campo da alimentação. Ele também as ajuda a ficar fora da mira de outros predadores, que não arriscariam se envolver com um animal dessa magnitude.
Sobre isso, Jayne explica: “Uma vez que essas pítons atingem um tamanho razoável, são praticamente apenas os jacarés que podem comê-las. Mas as pítons também comem jacarés.”
Quem mais poderia nos engolir inteiros?
Considerando as informações apresentadas, uma píton birmanesa poderia facilmente engolir um humano. Porém, dentre o reino animal, quem teria o tamanho suficiente para também conseguir tal feito?
Um outro animal com porte considerável são as baleias. Mas nesse caso, sua capacidade não chega a sequer ser comparável com a das pítons. Como a dieta das baleias se define por presas pequenas, sua garganta não precisa ser muito grande.
Digamos que uma baleia sem querer abocanhasse uma pessoa. Contudo, mesmo se esta sobrevivesse ao esmagamento de sua boca, a baleia acabaria com um humano entalado na garganta.
Fonte: Superinteressante