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Pombos são heróis de guerra, mas são tratados como praga urbana

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Qual é seu animal favorito? Independente da sua resposta, embora provavelmente seja uma bem comum, você tem uma série de motivos para sua escolha: inteligência, fofura, braveza, entre outros. No entanto, poucos responderiam que seu animal preferido é o pombo. Isso porque a maior parte das pessoas considera essas aves como pragas e não um exemplo de vida selvagem.

É palpável o desdém das pessoas pelos pombos. Tanto que, em qualquer lugar do mundo onde há comida, é possível encontrar pessoas reclamando deles. No entanto, poucas pessoas se perguntam por que há pombos debaixo do banco onde estão sentadas saboreando alguma comida.

A verdade é que o responsável foi o próprio ser humano, que trouxe a ave para nossas cidades. Ainda assim, nós a desprezamos. Porém, nem sempre existiu esse ódio coletivo pela ave urbana, visto que temos um longo e próspero relacionamento com ela.

Os pombos urbanos são descendentes dos selvagens, que domesticamos séculos atrás para servir de alimento e por conta de sua incrível capacidade de navegação. Vale destacar que eles prosperam nas cidades porque o habitat se parece com seu habitat natural: os prédios altos e parapeitos de janelas se comparam com as cavernas e falésias. Além disso, nossos resíduos oferecem alimentos abundantes.

Assim sendo, as pessoas ficam maravilhadas com os pombos-correios, mas não há muitas diferenças entre essas aves e os pombos urbanos que tanto afastam, depende apenas se moram no pombal de alguém como uma ave em cativeiro ou na praça da cidade recolhendo pedaços de pão.

Inteligência

Os pombos são, ao contrário da crença popular, muito inteligentes, com uma capacidade de orientação lendária. Ainda estamos aprendendo sobre esse pássaro notável. Eles são capazes de fazer contas matemáticas básicas, no mesmo nível que os macacos. Também podem distinguir palavra reais de palavras inventadas.

Além disso, os pombos-correios podem encontrar seu caminho usando o olfato, pontos de referência, o campo magnético da Terra e os infrassons, que são ondas sonoras com uma frequência tão baixa que o ouvido humano não consegue captá-las.

“Também podem seguir uns aos outros e são capazes de aprender as rotas uns dos outros. Os pombos urbanos geralmente formam casais para a vida toda — e são pais muito atenciosos. Os adultos produzem um leite de papo, com o qual gentilmente alimentam seus filhotes”, aponta Steve Portugal, professor de biologia e fisiologia animal na Royal Holloway University of London, no Reino Unido.

Já o fascínio por sua capacidade de orientação é presente até hoje. Tanto é que há dezenas de milhares de corridas de pombos ao redor do mundo todos os anos. Os vencedores são vendidos por mais de 1 milhão de libras esterlinas.

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Atualmente, temos problemas com os pombos urbanos, mas nem sempre foi assim. “Em meados do século 19, os seres humanos apreciavam os pombos por sua boa aparência. Durante este período, surgiram muitas raças novas, incluindo o rabo-de-leque, jacobino, tumbler e barb”, disse o biólogo.

“Suas características exageradas atraíram a atenção de Charles Darwin. Ele era um aficionado por pombos e usou esse exemplo dramático de diversidade dentro de uma espécie para transmitir suas ideias sobre a seleção natural em A Origem das Espécies.”

“É um pouco como se tivéssemos visto tantos pombos urbanos que já não conseguimos apreciar suas penas de arco-íris no pescoço e corpos fofos e rechonchudos. Essas características seriam valorizadas em uma espécie rara.”

Guerreiros

Vale destacar que os pombos urbanos são sobreviventes. Isso considerando que é comum ver pombos faltando uma pata, por exemplo, mas ainda segue sua vida com garra. “Acredita-se que os pombos urbanos sejam propensos a perder as patas porque o cabelo humano e as redes se emaranham ao redor deles, cortando o fornecimento de sangue. Eles também podem ficar com os pés presos em chicletes. Nosso lixo prejudica os pombos — e os tratamos com desprezo por sua aparência.”

Já no campo de batalha, eles se mostraram guerreiros também. “Os pombos são alguns dos animais mais condecorados da história. Nada menos que 32 pombos ganharam a prestigiada Medalha Dickin, equivalente no mundo animal à Cruz Vitória (a mais alta condecoração que o governo britânico concede aos seus militares por enfrentar o inimigo)”.

“Os pombos-correio foram usados ​​intensivamente durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, para entregar mensagens vitais entre os batalhões e voar com câmeras para missões de reconhecimento”, apontou Steve Portugal.

Então, se você for do time que despreza os pombos, repense se eles realmente merecem. Para evitar que fiquem por perto na hora do almoço, basta evitar restos de comida ao seu redor.

Fonte: BBC

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