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Por que ainda não existe um anticoncepcional masculino?

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Os contraceptivos hormonais são fármacos que interferem no ciclo menstrual, ciclo esse responsável por preparar o aparelho reprodutor feminino para a (suposta) gestação a cada mês. Fazem parte desse ciclo as glândulas: hipotálamo, hipófise, ovário, útero; os hormônios: GnRH, FSH, LH, Estradiol e Progesterona; além de outros que não são exclusivos apesar de estimulados, como a prolactina e os hormônios tireoidianos.

O anticoncepcional possui quantidades equilibradas de hormônios, que devem ser ingeridos dia após dia, fazendo com que o organismo entenda que não há necessidade de produzir mais hormônios. O que irá impedir o aumento da produção de LH (hormônio sinalizador), nem o pico dos progestagênios, fazendo com que a ovulação não ocorra. Esse é o processo do anticoncepcional feminino.

E, também é muito importante lembrar que ele possui dezenas de efeitos colaterais, entre eles: sangramento de escape (fora do período menstrual), ausência de menstruação, ganho de peso, redução da libido, trombose, doenças cardiovasculares, câncer, infertilidade, entre outros.

Provavelmente você ouviu falar sobre a possibilidade da liberação de um anticoncepcional masculino, o que seria um grande alívio, tanto para eles quanto para elas. Porém, com o resultado de alguns estudos realizados para avaliar a viabilidade e consequências desse medicamento, não foram muito favoráveis. Mesmo depois de oito anos de pesquisas e testes, e de 96% de eficiência compatível com os contraceptivos femininos, a “pílula masculina” foi considerada severa demais. O periódico científico Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism publicou o artigo na íntegra.

Model. (Photo By BSIP/UIG Via Getty Images)

Para o estudo, participaram 320 homens, entre 18 e 45 anos, que estavam em relações monogâmicas estáveis. As injeções com hormônios supressores da produção de espermatozoides eram aplicadas bimestralmente. Além disso, foi aconselhado que nas primeiras 26 semanas, eles utilizassem métodos alternativos de acordo com a diminuição do número de células reprodutivas liberadas na ejaculação, era aceitável o número de 1 milhão por mililitro de sêmen, sendo que um homem fértil libera até 15 vezes mais.

Os efeitos colaterais registrados foram: variação na libido, excessiva dor nos locais de aplicação, 3% a mais de alterações de humor, 3% a mais de chances de desenvolver depressão, acne. Dos 320 voluntários, 4 engravidaram suas companheiras e 266 tiveram dificuldades de produzir espermatozoides normalmente até 52 semanas depois do término do uso do anticoncepcional.

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Antes do término da pesquisa, 20 voluntários desistiram do experimento afirmando não aguentarem os efeitos colaterais, que são considerados moderados. Em 2011, esse estudo foi interrompido pelos órgãos fiscalizadores por ser considerado de risco à saúde dos participantes. Apesar disso, 65% dos participantes afirmaram que se o produto estivesse à venda, utilizariam.

Em contrapartida, as pílulas de progestógeno, utilizadas pelas mulheres, aumentam em 34% as chances de desenvolver depressão; entre as mulheres de 15 a 19 anos, essa taxa se eleva a 70%. Ainda existem os riscos de acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio e riscos de trombose venosa profunda, sendo todos esses efeitos comprovados cientificamente serem muito mais altos que o “anticoncepcional masculino”.

Doctor injecting man on arm in hospital

Para a professora Elizabeth Lloyde, da Universidade de Indiana (EUA) “Entre 20% e 30% das mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais sofrem de depressão e têm que tomar medicação para isso. Esse estudo foi interrompido após apenas 3% dos homens relatarem sintomas do problema. É chocante. Os riscos de dano à fertilidade não são fatais como os que as mulheres encaram com seus métodos de controle de natalidade.” A pesquisa sobre o anticoncepcional masculino foi realizada pela organização sem fins lucrativos CONRAD e a OMS (Organização Mundial de Saúde), e as injeções oferecidas pela farmacêutica Schering Ag.

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