Pode soar estranho, mas as cores do pôr do sol somem em momentos distintos. Considerando que o crepúsculo tem uma tonalidade amarelada, podemos pensar que essa seria a coloração final do fim do dia? Talvez não seja tão simples assim.
A luz solar, em sua essência, possui todo o espectro de cores. Próximo ao meio-dia, testemunhamos seus raios em um branco uniforme, já que nosso cérebro interpreta essa combinação cromática dessa forma.
Entretanto, o Sol não emite apenas esse tipo específico de luz. O ultravioleta, que tanto nos preocupa durante o verão, é um dos componentes da luz solar, embora não seja interpretado pelo nosso cérebro.
Uma das características da luz é sua capacidade de mudar de direção ao atravessar diferentes meios. Por exemplo, a água e o ar são meios distintos, compostos por partículas diferentes, o que resulta em propriedades diferentes.
Quando a luz passa do ar para a água, sua trajetória muda. O mesmo ocorre quando ela retorna da água para o ar. Essa mudança de direção cria o efeito visual de objetos aparentemente deslocados sob a água.
Além disso, as diferentes cores se desviam em ângulos distintos. No fenômeno do arco-íris, por exemplo, as cores vermelhas são menos desviadas em comparação com as cores próximas ao azul e ao violeta, que se desviam mais.
Um prisma ilustra isso claramente: ao submeter um feixe de luz solar branca a ele, as cores se separam de acordo com seus diferentes desvios.
Mas o que aconteceu no céu?
A atmosfera atua como um prisma natural. Quando os raios de luz solar atravessam a atmosfera, suas cores sofrem alterações de direção.
Dessa forma, podemos considerar que a imagem do Sol é, na realidade, uma sobreposição de múltiplos sóis de diferentes tonalidades, assim como ocorre em um prisma, onde a atmosfera separa essas “imagens”.
Durante as cores do pôr do sol, a luz vermelha é menos desviada, um fenômeno conhecido como refração, o que a leva a desaparecer do horizonte antes das cores mais próximas do azul.
Contudo, por que não percebemos essa distinção? Bem, a diferença de tempo entre a visualização do Sol vermelho e do Sol violeta é aproximadamente de dois segundos, resultando em um efeito bastante sutil.
Entretanto, se isso é verdade, seria lógico esperar que víssemos um Sol azulado nos instantes finais do dia, não é mesmo? Aqui entra outro fenômeno físico: o espalhamento.
Tonalidades
A atmosfera é repleta de uma diversidade de partículas que interagem com a luz solar. Essas partículas também têm a capacidade de dispersar as cores, embora em direções aleatórias.
As tonalidades mais afetadas por esse processo são precisamente o violeta e o azul. Isso implica que essas cores mal chegam até nós, pois ao viajarem pela atmosfera terrestre, são dispersas em outras direções.
Na verdade, esse é o principal motivo pelo qual a coloração do sol durante o pôr do sol tende a ser mais avermelhada.
Esse fenômeno é conhecido como “flash verde”. Nos instantes finais do pôr do sol, em seu momento derradeiro, é como se vislumbrássemos um lampejo verde, de curta duração.
No entanto, para que isso ocorra, a atmosfera deve estar suficientemente limpa, pois partículas de poeira podem acentuar essa dispersão.
Em um ambiente atmosférico altamente poluído, a luz verde se enfraquece, e o efeito se torna menos perceptível.
Em raríssimas circunstâncias, em uma atmosfera muito “limpa”, podemos até mesmo ver um lampejo azulado nas cores do pôr do sol.
Entretanto, é importante ter cuidado! Olhar para o sol por um período muito longo pode ser prejudicial para os olhos. Se deseja apreciar esse fenômeno, utilize óculos de sol adequados e use sua câmera.
Fonte: Revista Galileu
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