Saúde

Em estudo, microplásticos são encontrados em artérias importantes do corpo

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Uma pesquisa identificou microplásticos em diferentes partes do corpo humano, como sangue, pulmões e placenta. Mesmo assim, seus impactos na saúde ainda não estão completamente claros.

Um estudo recentemente publicado no New England Journal Of Medicine, realizado com mais de 200 participantes, revelou que cerca de 60% deles tinham esses materiais presentes em artérias importantes.

Durante um procedimento cirúrgico para reduzir o risco de derrame, que envolveu a remoção de placas de artérias no pescoço, os participantes mostraram uma probabilidade 4,5 vezes maior de sofrer um derrame, um ataque cardíaco ou até mesmo morte por qualquer causa durante os 34 meses de acompanhamento, se comparados àqueles sem presença de plásticos nas artérias.

Os pesquisadores analisaram as placas dos 257 participantes usando um microscópio eletrônico.

Em 150 amostras, foram identificadas bolhas irregulares misturadas com células e outros resíduos, indicando a presença de microplásticos. Análises químicas revelaram que a maioria dessas partículas era composta de polietileno.

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Presença de microplásticos

A presença de microplásticos nas placas estava diretamente relacionada aos níveis de biomarcadores de inflamação, sugerindo que, se essas partículas contribuem para desencadear inflamação, elas podem aumentar o risco de ruptura da placa e liberação de gordura que pode obstruir os vasos sanguíneos.

Entretanto, é importante destacar que o estudo não estabelece uma relação causal entre os microplásticos e esses problemas de saúde, pois outros fatores não investigados, como o status socioeconômico, podem estar influenciando.

Além disso, a pesquisa se concentrou apenas em indivíduos que necessitavam de cirurgia. Portanto, seus resultados podem não refletir completamente as características de uma população mais ampla.

Por outro lado, este estudo servirá como base para futuras pesquisas em todo o mundo, visando corroborar, expandir e aprofundar a compreensão sobre o grau de risco que os micro e nanoplásticos representam, afirma Robert Brook, médico-cientista da Universidade Estadual Wayne, em Detroit, nos Estados Unidos, em entrevista à revista Nature.

Perfil

Os participantes que apresentaram evidências de microplásticos em suas amostras eram predominantemente jovens, com uma maior proporção de indivíduos do sexo masculino, fumantes e com histórico de diabetes ou doença cardiovascular.

Em relação aos 40% que não mostraram indícios de microplásticos, Sanjay Rajagopalan, cardiologista da Universidade Case Western Reserve, em Cleveland, sugere que eles podem ter comportamentos diferentes (possivelmente evitando a exposição aos plásticos) ou que seus corpos podem processar esse material de maneira distinta através de outros mecanismos biológicos.

Independentemente disso, essas descobertas alertam para a necessidade de mais pesquisas.

Os especialistas esperam que este estudo leve à reflexão sobre como os seres humanos, como sociedade, utilizam produtos derivados do petróleo e o impacto que isso pode ter na remodelação da biosfera.

Tem como evitar?

Via Pexels

O estudo é nichado e não tem tantas informações sobre o que levou a essa ocorrência de microplásticos. Ou seja, é difícil afirmar como evitar essa situação e diminuir a existência desses elementos no organismo.

Uma vez que os motivos não estão totalmente claros, não se sabe, ao certo, o que levou a essa situação de saúde.

Contudo, é possível afirmar que o cenário se desenvolveu por conta da quantidade de plásticos fabricados e consumidos na indústria. Visto que isso abrange uma escala global, é difícil determinar ações individuais que protejam a saúde do organismo.

Afinal, o que consumimos e compramos acompanha embalagens plásticas, recipientes e até mesmo resíduos integrados em alimentos, produtos de pele e outros componentes.

Dessa forma, mesmo as recomendações padrão, como reduzir o consumo de plásticos descartáveis, podem não ter tanto efeito.

Dicas

A dica principal é preferir embalagens e produtos sustentáveis, de produção artesanal ou comunitária. Longe das grandes fábricas, é possível ter maior controle sobre os materiais usados.

Além disso, reduzir o contato com microplásticos é uma forma de ter mais saúde, como reciclar corretamente as embalagens e participar de ações de limpeza coletiva em locais como praias e praças, por exemplo.

Essas micropartículas acabam não entrando em contato com o organismo humano, e reduz as chances de adoecimento ou outros efeitos nocivos para o corpo.

Com conscientização, é possível ter maior cuidado e evitar a contaminação de microplásticos.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Pexels, Pexels, Freepik

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