Por que gostamos tanto de beber?

Se você é daqueles que adora uma bebinha alcoólica, mesmo que seja a boa e velha cerveja, saiba que você está apenas repetindo um comportamento muito antigo, herdado dos nossos mais remotos ancestrais. Pesquisadores apostam que nossa atração pelo álcool vem de, pelo menos, 40 milhões de anos atrás e conferiu aos nossos antepassados uma vantagem na competição por frutas maduras, que sempre estiveram presentes na dieta dos primatas.

Acontece, no entanto, que o calor e a umidade dos trópicos, lugar em que os humanos evoluíram, proporcionam a fermentação na casca e na polpa dos frutos. O resultado desse processo, como sabemos hoje, é a conversão dos açúcares da fruta em várias formas de álcool, como o etanol, por sua vez presente em todas as bebidas alcoólicas.

Para nossos ancestrais, seguir o cheiro de etanol – que resulta dessa fermentação e indica que a fruta está madura – auxiliava na busca por frutos mais nutritivos. A seleção natural seria, então, fator responsável pelo gosto dos primatas com relação ao álcool, condição que permaneceu mesmo quando os humanos mudaram sua forma de alimentação.

Apesar de existiram muitas controvérsias sobre essa teoria, a hipótese é bastante aceita. Aliás nosso próprio organismo dá provas da veracidade dessas afirmações: ele apresenta enzimas feitas só para digerir o etanol, que dificilmente existiriam caso não representassem uma vantagem evolutiva.

Sobre a questão do alcoolismo, especialistas dizem que a questão se trata de uma doença de excesso nutricional, causada pela falta de equilíbrio entre a oferta de alimento entre os ambientes pré-histórico e contemporâneo, como a a obesidade (fruto do encontro entre nossa voracidade por comida e a abundância de calorias hoje à disposição). Mas antes, quando o álcool era obtido diretamente das frutas, ele representava apenas uma boa refeição.

Dessa forma, cientistas garantem que, em pequenas quantidades, o álcool nunca representou grandes problemas para os homens. Ele só teria se tornado um problema a partir da Idade Média, quando começamos a produzir destilados com alto teor alcoólico.