Natureza

Por que minhocas saem de suas tocas quando chove?

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A maioria das pessoas se assusta com as minhocas na chuva, porque, geralmente, elas estão escondidas no solo, sem que prestem atenção.

Claro, alguns reconhecem que elas são benéficas para várias áreas, outros acham esses animais um pouco desagradáveis, considerando a decomposição e viscose do corpo.

No entanto, esses animais de aparência peculiar desempenham um papel fundamental e controlam os alicerces do mundo subterrâneo.

Isso porque as minhocas são responsáveis pela estruturação do solo que sustenta o crescimento dos alimentos que consumimos e das flores que admiramos.

O intestino das minhocas funciona como um reator biológico onde ocorrem diversos processos.

A mistura e transformação da matéria orgânica e do solo mineral resultam nos excrementos das minhocas, tanto abaixo quanto acima do solo, o que aumenta a fertilidade do solo. Além disso, as galerias no solo possibilitam a circulação livre de água e ar.

Minhocas na chuva

Via Freepik

Agora, quase nunca sabemos de todos esses processos porque esses animais ficam embaixo da terra. Mas e quando surgem as minhocas na chuva? Por que elas saem das suas tocas?

Durante a primavera ou outono, após uma chuva noturna, é comum encontrar minhocas em superfícies duras. Algumas pessoas pensam que elas saíram das tocas para evitar afogamento, mas isso não é verdade.

As minhocas não possuem pulmões ou guelras e respiram através da pele. Enquanto nós absorvemos oxigênio do ar, elas conseguem tirar da água através da pele.

Mesmo assim, é estranho ver minhocas na chuva, visto que elas, provavelmente, sobreviveriam ao evento sem morrer.

A principal teoria é que elas estão se dispersando em busca de novos locais para evitar parentesco próximo e consanguinidade. Exatamente, elas procuram novos casais!

As vibrações das gotas de chuva estimulam sua migração para a superfície, já que o solo úmido facilita sua locomoção em comparação com o solo seco.

Durante a noite, as minhocas estão mais protegidas contra predadores. Aquelas que encontramos nas calçadas no dia seguinte provavelmente não conseguiram encontrar um lugar adequado para se esconder.

Encontrando um parceiro

Todas as minhocas são hermafroditas, possuindo órgãos reprodutivos masculinos e femininos. Algumas delas produzem filhotes a partir de ovos não fertilizados.

A maioria dessas minhocas se reproduz no subsolo, porém, algumas, como a minhoca-da-noite, acasalam na superfície do solo devido às suas tocas verticais que impedem o encontro subterrâneo.

Os cientistas observaram um comportamento intrigante antes da cópula, que ocorre acima do solo e envolve a troca recíproca de esperma, onde um verme fertiliza o outro.

Em minhocas como o rastejante noturno, ambos os vermes “visitam” a toca do seu potencial parceiro com suas cabeças, mantendo as caudas em suas próprias tocas. Cada verme pode se esticar consideravelmente, chegando a cerca de 30 cm.

Essas visitas à toca podem durar de 30 segundos a vários minutos. Ambos os vermes se aproximam antes da cópula, que ocorre em direções opostas e pode se estender por até três horas.

Estudos adicionais revelaram que as minhocas tendem a se acasalar apenas com parceiros de tamanho semelhante, possivelmente determinando isso ao sentir a entrada da toca do parceiro em potencial.

Via UOL

O parceiro ideal

Como hermafroditas, cada minhoca tem interesse em ser tanto uma “mãe” quanto um “pai” bem-sucedidos, o que aumenta o número de filhotes produzidos e, consequentemente, a taxa de sobrevivência.

Assim, todas as minhocas produzem casulos a partir de uma área elevada em seus corpos, chamada “sela”.

Elas formam um tubo de proteína que se desprende da extremidade frontal depois de ser preenchido com óvulos próprios e esperma armazenado de um parceiro. Esse casulo é depositado no subsolo em formato de limão.

Após algumas semanas, o casulo eclode. Algumas minhocas envolvem o casulo com fragmentos de folhas, que servem como primeira refeição para os filhotes.

Durante o acasalamento, as minhocas se unem perfurando a pele uma da outra com cerdas, projeções semelhantes a pelos na pele, criando um ajuste estreito para que o esperma flua entre elas ao longo de um sulco.

Após o acasalamento, as minhocas se separam, cada uma saindo da sua toca. Isso muitas vezes ocorre como um “cabo de guerra”, onde as minhocas arrancam as cerdas da pele uma da outra.

Se tiver diferença de tamanho, uma minhoca pode puxar completamente a outra para fora da toca, deixando-a incapaz de retornar e, portanto, vulnerável a predadores.

Acontece em solos úmidos

Via Globo

A questão é que toda essa movimentação após o acasalamento fica mais fácil em solos úmidos. Ou seja, as minhocas na chuva provavelmente estão migrando e aproveitando a água para facilitar sua movimentação.

Apesar de terem um muco na pele que facilita sua locomoção, elas são sensíveis, e algumas condições não ajudam nas estratégias de sobrevivência.

Por isso, solos úmidos, molhados e mais fofos são ideais para a movimentação, o que acontece com frequência durante as chuvas.

Além disso, as minhocas evoluíram para produzir casulos que podem permanecer dormentes até que as condições melhorem, seja chovendo ou em tempos menos secos.

Com isso, é possível que as pequenas minhocas cresçam até a maturidade, dando continuidade ao seu papel nesse grande ciclo da vida.

 

Fonte: Folha de São Paulo

Imagens: Globo, UOL, Freepik

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