Por que a ciência demonstra interesse nas fezes lunares que há cinco décadas vêm se deteriorando no cruel e desafiador ambiente espacial? A resposta é precisa e se encontra em um recente e minucioso relatório do portal Vox.
O propósito de recuperar esse resíduo humano, conforme detalhado no relatório, é compreender a capacidade de sobrevivência da vida “diante das condições implacáveis da Lua”.
Nesse contexto, a pergunta que se coloca é: se micróbios conseguem sobreviver na Lua, será que também poderiam subsistir em viagens interplanetárias, potencialmente colonizando outros lugares, como Marte?
Mesmo durante o icônico “salto gigantesco para a humanidade”, as necessidades naturais se faziam presentes. Portanto, a NASA equipou seus astronautas com fraldas espaciais para o período em que permaneceram na superfície lunar.
Além disso, foi implementada a desconfortável, mas altamente eficaz, coleta de fezes durante a viagem.
Esse material, juntamente com “urina, restos de alimentos, vômito e outros resíduos”, conforme relatado, foi descartado em sacos brancos de ejeção, onde permanecem até hoje na superfície lunar.
Investigação das fezes lunares
A iniciativa de investigar as fezes lunares não é conduzida com grande expectativa de encontrar vida viável.
Como afirmou o cientista Andrew Schuerger, da Universidade da Flórida, após tanto tempo, a sobrevivência é altamente improvável, mas é a possibilidade mais significativa dentre tudo o que foi deixado na Lua.
Na Terra, micróbios podem resistir a condições extremas, seja nas profundezas das aberturas térmicas submarinas ou no gelo ártico. Ainda não conhecemos completamente seus limites. As fezes lunares podem contribuir para a pesquisa sobre esses limites.
Algumas bactérias podem entrar em um estado dormente, esporulado, permitindo-lhes permanecer inativas por décadas, ou até mais, até que as condições ambientais adequadas as reativem.
Outras são notavelmente resistentes e podem até mesmo proliferar em ambientes extremamente hostis, desde que haja fontes de alimento disponíveis.
Em uma das missões Apollo, a Apollo 16, os astronautas conduziram um experimento no qual expuseram nove espécies de micróbios às condições mais severas do espaço sideral.
Surpreendentemente, muitos deles sobreviveram (embora alguns dias no espaço não se comparem aos 50 anos em ambiente lunar).
Embora a NASA tenha planos para retornar à Lua até o final da década de 2020, ainda não há um cronograma definitivo para essa missão, o que significa que ainda não existe um plano concreto para recuperar as fezes de Neil Armstrong e seus colegas astronautas.
No entanto, antes de nossa possível jornada a Marte, é provável que isso finalmente aconteça, e todos os resíduos desagradáveis que foram descartados há 50 anos poderão ser recuperados e estudados.
Por que fezes?
A ideia de usar fezes lunares para realizar esse estudo parece confusa, mas é justificável.
Elas são produtos naturais do corpo humano e contêm microrganismos que normalmente habitam nosso trato digestivo.
Isso inclui uma variedade de bactérias e outros micróbios que fazem parte do nosso microbioma intestinal. Esses micróbios são de grande interesse científico, porque desempenham papéis fundamentais na digestão e na saúde humana.
Quando os astronautas estão no espaço, seus corpos continuam a abrigar esses microrganismos intestinais.
Isso significa que os resíduos humanos, como fezes, podem conter uma diversidade de micróbios que podem ser usados para estudar como eles sobrevivem em ambientes extremos, como o espaço.
Além disso, o espaço é um ambiente extremamente hostil, com vácuo, radiação cósmica, temperaturas extremas e várias outras condições adversas.
O estudo da sobrevivência de micróbios no espaço é relevante não apenas para a exploração espacial, mas também para entender como a vida microbiana pode resistir e se adaptar a ambientes extremos na Terra e em outros corpos celestes.
Saúde e sobrevivência
A exploração espacial se expande para missões mais longas e distantes, como viagens tripuladas a Marte. Por isso, é crucial entender como microrganismos podem afetar a saúde dos astronautas e a segurança das missões.
Por fim, é um teste microbiano. As fezes oferecem uma fonte rica de microrganismos que servem para testar a resistência e a capacidade de sobrevivência desses micróbios em condições de espaço.
Assim, o relatório continuará aguardando apontamentos, e pode resultar em avanços surpreendentes em pouco tempo.
Fonte: OVNI Hoje