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Professora segura bebê de aluna em sala de aula da faculdade

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Que um professor é capaz de superar desafios e condições adversas para dar aula já sabemos, mas segurar um bebê segue sendo um pouco chocante. Ainda assim, foi justamente isso que uma professora que leciona para a turma de enfermagem de uma faculdade do Recife fez: pegou um bebê em sala de aula e ensinou sua matéria.

A professora responsável pela cena que viralizou nas redes sociais é Débora Rufino. Já as imagens foram postadas pela mãe da bebê que esteve em sala de aula, com apenas 7 meses. “Foi muito intuitivo e natural, eu estou terminando medicina e pretendo ser psiquiatra infantil. Daí minha aptidão com crianças. Peguei a criança e dei para ela a atenção que um bebê requer”, disse Débora, em entrevista ao g1.

Dessa forma, como Débora é filha de professoras, a docente explicou que é apaixonada por lecionar e se preocupa que os estudantes compreendam o assunto verdadeiramente. O vídeo em questão foi feito em agosto, durante uma aula de farmacologia, mas viralizou apenas nas últimas semanas.

“Quando falamos em cursos da área da saúde, estamos formando seres humanos para lidar com seus pares. Dessa forma, no dia da aula, a aluna precisou levar sua filha de meses e não se concentrava, preocupada com o bebê. A turma estava no momento ‘fofura’ vendo a bebê conversar comigo. Afinal, eu era a única que estava falando”, recordou.

De acordo com a professora, ao segurar a bebê, todos puderam se concentrar melhor na aula, que acabou fluindo bem. “Acredito que a gente tem que fazer com os outros aquilo que queria que fosse feito conosco. Sou mulher e não sou mãe. Sei o quanto é difícil conciliar o feminino com nossas ambições profissionais”, contou Débora.

Professora experiente

Dando aula no ensino superior desde 2015, Débora reforçou que essa não foi a primeira vez que segurou o bebê de uma aluna durante uma aula. Assim, ela apontou que esse caso é um exemplo de empatia e que é preciso pensar a faculdade como um ambiente acolhedor para mães.

“Se todas as alunas levassem seus filhos, seria inviável para o conhecimento como discente. Nesse caso, foi possível pela empatia mesmo e por ser um caso isolado. O que podemos pensar é em oferecer estrutura para que essas mães consigam ir às suas aulas sabendo que suas famílias estão seguras”, afirmou.

Viral

A mãe da bebê que esteve na aula, Natália Nascowight, postou o registro em suas redes sociais, que depois foi compartilhado por outras páginas.

“Eu postei o vídeo totalmente despretensiosa. Inclusive, nem era vídeo que eu ia fazer. Fui tirar uma foto da professora com a bebê, meu celular estava no modo vídeo e eu não percebi. […] Não tinha intenção de viralizar, não postei nenhuma legenda específica, nenhuma hashtag, nada disso”, contou.

Natália Nascowight

Natália Nascowight/Acervo pessoal

Além da bebê Ester, Natália tem outros dois filhos: Natan, de 6 anos, e Lívia, de 3 anos. “Eu estudo no turno da noite e eles ficam com meu esposo. Geralmente, quando eu saio, já deixo pelo menos dois dormindo, mas não gosto de deixar os três acordados porque eu sei o trabalho que eles dão para dormir sem mim”, contou.

Assim sendo, Natália explica que não tem o costume de levar a bebê para a sala de aula, mas não teve outra opção no dia. Então, enquanto a professora lecionava, a mãe tentava acalmar a filha no canto da sala para não atrapalhar a aula.

“Teve uma hora que eu sentei e ela viu que eu estava tentando copiar. E ela também percebeu que, quando ela falava, a bebê ficava prestando atenção nela. Ela disse assim: ‘dá dela aqui’. Aí pegou e começou a dar aula e ficou lá com ela no colo. Ela ficou quietinha”, disse Natália.

De acordo com a aluna, o resto da aula foi tranquila. Ela conta que conseguiu copiar a matéria e sua filha ficou quieta. Depois, uma colega, representante da turma, relatou que dois alunos reclamaram que a criança em sala atrapalhava, o que incomodou a mãe.

“Não estava atrapalhando a aula a ponto de incomodar, chorando. Eu tenho a noção de não deixar ela ficar lá atrapalhando a aula, sabe? Então, se isso acontecesse, eu iria sair da sala com ela. […] Falta de compreensão, empatia, de se colocar no lugar dos outros”, afirmou a mãe.

“A gente não pode aceitar isso. Eu sou uma pessoa muito reservada, mas depois que esse vídeo viralizou, isso mudou um pouco a minha mente. Percebi que nós, mães, temos voz. O mundo é feito de mães, a sociedade tem que aceitar as mães e as crianças. Tem que entender que ninguém nasce adulto”, declarou.

Fonte: G1

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