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O país onde máquinas de escrever ainda fazem sucesso

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Nós vivemos cada vez mais uma era tecnológica. Os avanços estão mais rápidos do que nunca e parece que objetos usados no passado já não fazem mais sentido no mundo atual. Contudo, existe um país onde as máquinas de escrever ainda fazem sucesso em pleno 2022.

No coração de uma das mais movimentadas ruas da cidade de Madurai, no sul da Índia, Dhanalakshmi Bhaskaran ensina a datilografia para centenas de estudantes todos os dias. Ele chefia um um instituto movido inteiramente por 20 máquinas de escrever manuais.

O chamado Instituto de Datilografia Umapathi, batizado em homenagem ao filho da dona, ensina a usar as máquinas de escrever em três línguas: inglês, hindi e tâmil, a língua local. A máquina usada para aprender é um modelo chamado Facit, é mais ou menos igual ao que foi lançado no final dos anos 1950.

Máquinas de escrever

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Segundo Bhaskaran, seus alunos vêm de várias áreas. Alguns deles ainda fazem o segundo grau e querem aprender a datilografia para ter um diferencial no mercado de trabalho. Já outros são profissionais em busca de um emprego em algum departamento do governo. Existem também as jovens mães que querem aprender a usar as máquinas de escrever com a esperança de recomeçarem suas carreiras depois de terem tido filhos.

O Instituto de Datilografia Umapathi é um dos vários centros de datilografia aprovados pelo governo. Ao final do curso, os alunos são inscritos em exames feitos a cada seis meses. Cada aprovação que eles têm os ajudam na busca por um emprego.

Mas por que a datilografia ainda é tão importante em um mundo dominado pela tecnologia? De acordo com Bhaskaran, para as pessoas que estão em busca de um emprego e não têm acesso a latptops ou computadores pessoais em casa, aprender a digitar numa máquina de escrever manual pode ser a solução.

“Uma vez que você treinou nesta máquina, você pode melhorar sua velocidade de digitação e evitar erros. E é mais fácil transferir essas habilidades ao computador”, disse ela.

Outro ponto prático e valorizado é a portabilidade das máquinas de escrever. Quando as restrições da pandemia ficaram mais soltas, os alunos do curso conseguiam se distanciar uns dos outros enquanto datilografavam. Coisa que talvez não fosse possível se eles estivessem dando aulas com computadores.

Uso

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Em 2009, várias pessoas previram que as máquinas de escrever, que antes ocupavam um lugar de orgulho nos lares e escritórios indianos, se tornariam obsoletas porque a Godrej & Boyce, uma das últimas empresas indianas a fabricar máquinas de escrever, encerrou sua produção.

Entretanto, depois de uma década, tanto nas vielas de pequenas cidades da Índia como no coração das grandes cidades, as máquinas de escrever ainda seguem firmes e fortes.

Rajesh Palta é dono da Universal Typewriters Co., que recupera e vende máquinas de escrever desde 1954, no mercado de Kamla, em Nova Délhi. “Como família, nós estamos no mercado de máquinas de escrever há mais de cem anos”, pontuou.

“Enquanto o uso convencional de máquinas de escrever na Índia já morreu, existe uma demanda bastante específica que os distribuidores estão atendendo agora”, ressaltou Palta.

A demanda que ele fala se refere tanto a profissionais, como colecionadores impulsionados pela nostalgia e para os quais as máquinas de escrever representam um pedaço mágico do passado. Contudo, essa não é a realidade de todos.

Motivo

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“Para muitos profissionais na Índia, entretanto, aprender a digitar em máquinas antigas não é tão romântico. Máquinas de escrever podem ser implacáveis e impiedosas. Geralmente não existe espaço para correções. Cometer um único erro pode significar que o trabalho precisará ser refeito”, disse Jeyaram Viswanathan, que chefia uma consultoria de recursos humanos na cidade indiana de Coimbatore, no sul do país.

“Nós usávamos um apagador especializado [quando cometíamos algum erro] – era um turquesa brilhante, redondo e com um buraco no meio – que podia ajudar com pequenas correções. Mas, se você pressionasse forte demais, você acabaria com um buraco no papel”, disse ele.

Contudo, segundo Bhaskaran, erros são pouco comuns entre os datilógrafos profissionais. “Nossos alunos não são aprovados no exame se cometerem um único erro. Aprender a digitar numa máquina de escrever ensina a ser correto”, pontuou.

E existe uma outra razão para que a burocracia indiana ainda mantenha o uso de máquinas de escrever. Com elas, os registros são mais permanentes. Até porque a datilografia dura.

“Alguns documentos importantes do governo ainda são escritos à máquina porque a tinta nunca apaga, diferentemente de impressões computadorizadas”, explicou Murugavel Prakash, que treina 300 alunos de datilografia no instituto que ele administra em Madurantakam, perto da cidade de Chennai, no sul da Índia.

Talvez porque as máquinas de escrever sejam tão ligadas a momentos emblemáticos da história legal e política da Índia, é improvável que ela desapareça da consciência pública em um futuro próximo.

Fonte: BBC

Imagens: BBC

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