Reconstrução revela rosto da ‘Misteriosa Senhora’, uma antiga múmia egípcia

O Egito sempre surpreendeu o mundo da arqueologia com novas descobertas sobre tumbas, estátuas e múmias da antiga civilização que prosperou às margens do rio Nilo. Até hoje as múmias são um grande ponto de estudo. E conforme a tecnologia avança, mais se pode saber sobre elas, ou como elas eram. Temos como exemplo as reconstruções faciais feitas por especialistas forenses de uma múmia misteriosa.

A múmia em questão é de uma mulher que poderia estar grávida quando morreu. Ela sempre deixou os arqueólogos perplexos e buscando a sua verdadeira identidade. Agora, com essas duas reconstruções faciais feitas, elas dão aos pesquisadores uma nova visão sobre como essa antiga mulher egípcia pode ter sido e revelando o segredo que ela conseguiu manter por séculos.

Os especialistas forenses usaram tomografias computadorizadas e raios-X para fazer as reconstruções faciais dessa múmia. Como resultado, eles tiveram duas interpretações diferentes da mulher. Nas duas, a jovem morena de olhos castanhos é vista olhando para frente. Isso dá uma imagem realista dela perdida em seus próprios pensamentos.

Reconstruções

Live Science

“As técnicas modernas nos permitem realizar uma autópsia virtual da múmia. Podemos olhar sob as bandagens e dentro de seu corpo. Pela primeira vez, seu rosto será revelado ao público em geral e todos poderão ver seu rosto”, disse Wojciech Ejsmond, co-diretor do Projeto Múmia de Varsóvia,

“Seja uma reconstrução facial arqueológica ou forense, a reconstrução facial não deve ser considerada um retrato exato do indivíduo. No entanto, é baseado no princípio de que o crânio, como a maioria das estruturas anatômicas, tem detalhes, proporções e formas que são individuais para aquela pessoa e se manifestarão através dos tecidos moles, adicionando caráter pessoal à aparência final”, disse Chantal Milani, especialista forense que trabalhou no projeto

“A face que cobre a estrutura óssea segue diferentes regras anatômicas, portanto, procedimentos padrão podem ser aplicados para reconstruí-la, por exemplo, para estabelecer a forma do nariz. O elemento mais importante é a reconstrução da espessura dos tecidos moles em vários pontos da superfície dos ossos faciais. Para isso, temos dados estatísticos para várias populações em todo o mundo”, continuou.

Essa é a mesma visão de Hew Morrison, um outro especialista forense e membro do projeto. “Em um contexto histórico, o processo ajuda a trazer figurativamente o falecido de volta à vida, assim, promovendo o respeito e a sensibilidade pelos falecidos que são objeto de pesquisa ou são sendo exibido em museus”, disse ele.

Múmia

Live Science

Essas reconstruções faciais da múmia dão mais informações a respeito da mulher cuja identidade ainda ilude os arqueólogos, já que eles antes pensavam que a múmia era na realidade de um padre.

Em 2021, os pesquisadores do Projeto Múmia de Varsóvia divulgaram um estudo sobre a múmia e a chamaram de “Misteriosa Senhora”. Até porque se sabe bem pouco sobre ela.

Os restos mortais dela foram encontrados por arqueólogos no começo do século XIX dentro de um sarcófago lacrado pertencente a um padre. Em 1826, eles a doaram para a Universidade de Varsóvia.

Quase dois séculos depois, eles fizeram uma tomografia computadorizada no corpo e viram que estavam diante de talvez a primeira múmia grávida conhecida do mundo. Ela parecia estar grávida de cerca de 28 semanas e estar na casa dos 20 anos quando morreu. Outra conclusão que os pesquisadores chegaram foi a de que essa mulher poderia ter tido câncer.

Contudo, essa afirmação sobre sua gravidez foi controversa. Tanto é que membros da comunidade arqueológica disseram que o “feto” era na realidade pacotes de embalsamamento deformados. Mesmo assim, os pesquisadores ainda tinham a curiosidade de saber mais a respeito dessa mulher que foi enterrada há tempos.

“Para muitas pessoas, as múmias egípcias antigas são curiosidades de museus. Gostaríamos de reumanizá-las e mostrá-las como pessoas que já viveram, sentiram e amaram, cujas mortes foram tragédias”, concluiu Ejsmond.

Fonte: Live Science

Imagens: Live Science