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Sem saber cozinhar, eu fiz minha própria comida por uma semana [Experiência]

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A última semana não foi das mais fáceis para mim no que diz respeito à alimentação. Isso porque, nas vésperas de meu aniversário de 30 anos, a Fatos Desconhecidos me propôs um desafio. Ao longo de toda a minha vida, eu nunca precisei ou quis aprender a cozinhar.

Eu cheguei a me virar uma vez ou outra com aquele misto-quente nas emergências ou no máximo um omelete ou macarrão instantâneo quando realmente precisava fazer alguma coisa. Mas agora as coisas precisavam mudar e a situação seria bem diferente de tudo o que eu já tinha vivido na cozinha antes.

De acordo com o desafio que me foi proposto, durante uma semana eu deveria parar de comer coisas prontas ou comprar a minha própria refeição. Durante sete dias eu teria que ser responsável por fazer a minha própria comida ou ficar com fome, sem consumir nada.

Com praticamente nenhuma experiência na cozinha, eu aceitei o desafio e embarquei nessa jornada que começou mais difícil do que eu esperava, mas terminou com lições que eu não imaginei aprender.

Dia 1: Sábado

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A maioria das pessoas decide começar novos hábitos e costumes na segunda-feira, mas eu decidi fazer diferente. Para chegar no primeiro dia da semana com alguma – ainda que mínima – experiência na cozinha, comecei o desafio no sábado. Como esperado de um dia de fim de semana, acordei muito tarde, já na hora de preparar o almoço.

Antes de começar o desafio, a maioria das pessoas que eu falei (sempre com alguma experiência de cozinha, é claro) dizia que seria fácil demais, pois cozinhar não é tão complicado assim. Da mesma forma, a maioria delas sempre mencionou o macarrão como sugestão de prato para fazer, pois seria muito fácil. Pensando nisso, eu decidi fazer o macarrão, mas tentei fazer algo que parecia ainda mais fácil. Como não tenho o hábito de cozinhar no fogão, pensei em procurar alguma receita que utilizasse o microondas, com o qual já tenho muito mais familiaridade ao entrar na cozinha. Procurei uma receita que parecia bem simples e fui atrás dos ingredientes.

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Ainda que a receita falasse para eu levar o macarrão com água ao microondas por três vezes, eu coloquei quatro pois achei que ele estava muito duro após o processo sugerido. Bem, não adiantou nada, porque ele continuou duro na hora que eu fui comer. E como se não bastasse, estava completamente sem sal e sem gosto. A princípio eu tentei me convencer que dava sim para comer tudo até o fim, mas na metade do prato joguei tudo fora e segui o dia com fome.

Mais tarde eu tinha um compromisso com alguns amigos – uma emocionante corrida de kart, caso alguém tenha interesse – e decidi fazer um lanche reforçado antes. Nessa hora não houve muito desafio. Apenas fritei um ovo e alguns cubos fatiados de bacon para colocar num sanduíche de queijo. Me recuperei da fome e ganhei uma dose de energia extra para a corrida. Depois dela, no entanto, eu estava tão morto que não tinha forças para cozinhar nada e tive que cometer o primeiro deslize do desafio. Não resisti a um convite para um lanche no McDonald’s e já comecei falhando no primeiro dia, como resultado do meu cansaço extremo e da experiência traumática que foi meu primeiro prato.

Dia 2: Domingo

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O dia seguinte marcava o primeiro domingo da temporada regular de futebol americano, esporte que sou fã e acompanho regularmente há alguns anos. Para acompanhar as partidas, decidi fazer algumas asinhas de frango. Eu fiz uma mistura de ovo, sal e pimenta – foi como fazer uma omelete, sem dificuldades – e mergulhei as asinhas temperadas aí antes de colocar para fritar. Para não correr o risco de uma comida sem gosto de novo, fritei só três para teste.

A ideia foi boa, porque percebi que mais uma vez faltou sal em minha comida e pude temperar melhor as outras asinhas. Dessa vez não pensei em teste e coloquei todas para fritar. O resultado foi bom. A comida ficou gostosa, a mistura do ovo deu um gosto bom e um aspecto crocante para a pele do frango, mas talvez tinha ficado tudo oleoso demais e tirado alguns anos de minha vida por causa da fritura.

Se eu tivesse que fazer de novo, acho que não mergulharia as peças de frango com tanta vontade no ovo e deixaria as asas mais tempo fritando. Mesmo que o prato tenha apresentado algumas falhas, porém, achei bem gostoso. Foi bom para recuperar a auto-estima na cozinha, matar a fome e acompanhar as partidas que eu estava vendo na TV.

No fim da tarde eu precisava ir a um evento organizado por algumas amigas. Foi difícil resistir a comer no local, com tanto cheiro de sanduíche e comida boa por ali, mas no fim eu consegui. Talvez eu tenha comido um ou dois donuts oferecidos por alguém enquanto estava ali, mas será que sobremesa conta como fraude? Eu espero que não.

Quando cheguei em casa estava tão morto do evento que, mais uma vez, não queria cozinhar. Dormi com fome.

Dia 3: Segunda-Feira

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Para o almoço do primeiro dia útil, eu pensei em me redimir com aquele macarrão que deu errado durante o fim de semana. Dessa vez abandonei a ideia do microondas e parti para a panela mesmo. Por outro lado, também abandonei a ideia de seguir qualquer receita e seguir apenas o meu coração, com base na experiência de macarrão instantâneo. Para acompanhar, tentei fazer um molho de queijo.

O macarrão não ficou duro, mas ainda ficou sem sal. Ficou bem menos sem gosto do que da outra vez, o que tornou ao menos comestível. O molho ficou com o gosto incrível, mas a textura não foi das melhores e não me agradou. Talvez tenha sido o queijo ralado que coloquei na mistura, que deixou tudo atrapalhado, mas dessa vez eu consegui terminar o almoço. Menos mal.

Como tenho o costume de lanchar numa lanchonete em frente ao trabalho e não poderia comer nada, preparei alguns sanduíches para levar durante a semana. Por um lado precisei começar a me organizar para sair de casa muito mais cedo, mas economizei dinheiro e ganhei tempo de intervalo para jogar fliperama na empresa. À noite, como de costume, estava cansado pela rotina incomum na cozinha e fiz apenas omelete. Mais tarde, para não dormir com fome, estourei alguns milhos para comer pipoca e ver mais uma partida de futebol americano.

Dia 4: Terça-Feira

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Acordei com a ideia de faze purê de batatas para o almoço, mas não tinha batatas em casa. Como eu não tinha tempo para ir ao mercado, já que tinha que arrumar a casa, fazer coisas para o trabalho e ainda preparar a comida, decidi dar uma última chance para aquele macarrão, por questões de honra. Dessa vez, finalmente, ele ficou bom sim. Não ficou duro e ficou bem temperado finalmente. Porém, como eu estava com muita pressa, não fiz nenhum molho. Atrapalhou o nível do prato, mas ele não tinha outros problemas.

À noite eu tinha um cinema marcado e tentei correr para dar tempo de comer em casa, mas os horários não permitiram. Eu até tentei lutar contra, mas entre o compromisso com a reportagem e com a vida, comi no shopping mesmo para não morrer de fome (talvez eu não fosse realmente morrer, mas colocando esse drama pode ser mais fácil ser perdoado pelo leitor).

Dia 5: Quarta-Feira

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Na quarta feira eu decidi, finalmente, fazer o purê. Fui ao mercado mais próximo, que estava tão lotado que eu achei que podia ser um sinal para eu mudar ideia. Eu fui embora do mercado, mas não para desistir. Passei em outro mercado próximo de casa e comprei as minhas batatas. Ao chegar na minha cozinha consegui fazer um purê que ficou surpreendentemente muito gostoso. Ainda hoje eu não acredito que eu consegui fazer isso sem nenhuma experiência.

Porém, quando fui colocar as carnes na panela para comer com o purê, percebi que esqueci de tirá-las do congelador. Foquei tanto em acertar no purê que não me lembrei do resto da comida. Na pressa, consegui descongelar um pedaço de lombo de porco que havia sobrado do acompanhamento do macarrão. Ficou bom, mas não foi suficiente para matar a minha fome, infelizmente. Como eu fiz purê suficiente, na janta ainda tinha mais para eu comer e não precisei ser prejudicado por aquele cansaço comum das outras noites.

Dia 6: Quinta-Feira

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Para o almoço do dia seguinte, ainda tinha uma boa quantidade de purê sobrando. Eu realmente fiz muito esperando que sobrasse para outras refeições, mas não esperava que ele realmente ficasse bom a ponto de eu querer comê-lo novamente. Dessa vez eu comi o purê com um pouco de carne picada. Como ela já foi comprada assim, não tive dificuldade nenhuma no preparo.

Foi só temperar e colocar na panela. Aproveitei para colocar um pouco de bacon, que ajudou a dar um bom gosto para a comida. Se comparado com o primeiro macarrão que fiz, esse prato estava quase digno de um MasterChef.

À noite, eu fiz uma mistura de ovo mexido, lombo de porco e um pouco de bacon que havia sobrado do almoço. Esse tipo de prato já não era um problema para mim e ficou gostoso.

Dia 7: Sexta-Feira

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Finalmente chegou o último dia. Para encerrar a experiência eu tentei cozinhar arroz, tentando sair da mesmice. A experiência de cozinha acho que já faz parte de mim, porque ficou sim gostoso. Infelizmente tinha apenas carne picada para acompanhar, mas para quem começou a experiência sem saber praticamente nada e tendo que jogar parte do almoço fora, foi uma vitória e tanto.

Ao fim da experiência, eu não acho que realmente aprendi a cozinhar, mas tirei algumas lições. Agora eu dou muito mais valor ao tempo livre que tenho e ao tempo dedicado à cozinha de todo mundo que já cozinhou para mim alguma vez na vida. Principalmente ao fim do dia, deu pra perceber o quanto pode ser cansativo algo que parecia tão natural como fazer um almoço. A experiência de quem só espera a comida ficar pronta com a de quem vai para a cozinha é bem diferente.

Agora acho que estou mais preparado para me virar em outras situações, sinto mais confiança para experimentar na cozinha e mais alegria quando vejo que algo realmente dá certo. Hoje, eu não acho que sei cozinhar, mas acho que consegui absorver aprendizados que vão além da cozinha e podem ser carregados para a vida. Acredito que agora posso ter muito mais paciência para aguardar os resultados de alguns projetos e sei lidar melhor com as falhas neles, por conta da espera e dos fracassos na cozinha. Além disso aprendi a organizar um pouco melhor o tempo para poder conseguir fazer todas as minhas responsabilidades, ter momentos de lazer e encaixar as tarefas de cozinha.

No fim das contas, posso não ter comido tão bem como estava acostumado, mas saio uma pessoa melhor. Talvez um pouco mais magro por não me alimentar bem durante uma semana, mas com um peso de conhecimento e experiência que vai ficar pra sempre.

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