Natureza

Será que 2024 vai oficialmente dar início ao Antropoceno, a era dos humanos?

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Em 2024, a Terra estará prestes a adentrar não apenas um novo ano, mas possivelmente uma nova era geológica conhecida como Antropoceno, substituindo o atual Holoceno no período Quaternário.

Essa proposta, apresentada pelo Grupo de Trabalho do Antropoceno (AWG), fundamenta-se nos impactos humanos significativos no planeta.

As palavras gregas “antropo” (que significa “homem”) e “cene” (“novo”) se combinam para denotar o período de transformação planetária resultante das atividades humanas na Terra, desde a queima de combustíveis fósseis até o desmatamento descontrolado.

O termo foi inicialmente sugerido em 2000 pelo cientista atmosférico holandês Paul Crutzen, em um artigo científico que abordava as ameaças à camada de ozônio.

Após 23 anos, a comunidade científica ainda não chegou a um consenso oficial sobre a distinção entre o Antropoceno e o Holoceno. Este último teria começado aproximadamente há 11,7 mil anos.

A questão central reside em determinar se as atividades humanas exerceram um impacto relevante nos sistemas globais. Por exemplo, mudanças climáticas, perda de biodiversidade, poluição e alterações nos estratos rochosos.

Como provar que estamos no Antropoceno?

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Para fundamentar a teoria sobre o surgimento de uma potencialmente nova era geológica, o Grupo de Trabalho do Antropoceno (AWG) apresentou um estudo de caso centrado no Lago Crawford, localizado a oeste de Toronto, no Canadá.

Este lago, com 2,4 hectares de extensão e 24 metros de profundidade, se tornou a principal escolha. Isso porque ele tem a presença de isótopos de plutônio provenientes de testes de armas nucleares em seu leito.

Essa característica o tornaria apto a ser um “marco dourado”, indicador de latão simbolizando a transição da Terra para o Antropoceno a partir de 1950.

A divulgação dessas informações relacionadas ao lago canadense não foi bem recebida pela União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS), entidade responsável por ratificá-las antes de sua divulgação pública.

No entanto, a equipe do AWG considerou crucial afastar-se do protocolo oficial devido à relevância do assunto para a humanidade.

Quando ocorrerá a declaração dessa era geológica?

Apresentada em outubro de 2023, a proposta do AWG foi aprovada pela Subcomissão de Estratigrafia Quaternária (SQS).

Esse é um órgão constituinte da Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS), que representa a principal entidade dentro da União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS).

Se receber aprovação, a proposta ainda enfrentará duas rodadas adicionais de votação, uma pela ICS e outra pela IUGS.

Alguns cientistas argumentarem que o Antropoceno deveria ser um evento contínuo em vez de uma nova era geológica no Quaternário.

Contudo, a equipe do AWG defende que a magnitude do impacto humano no planeta a partir de meados do século XX é tão substancial que justifica a demarcação de uma era geológica independente.

Somente após a conclusão dessas avaliações, prevista para agosto de 2024, poderemos afirmar que somos os primeiros habitantes do planeta Terra a testemunhar duas eras geológicas distintas.

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Importância das mudanças

A transição para uma nova era geológica, como o Antropoceno, pode ter implicações significativas em várias áreas, incluindo a ciência, a gestão ambiental e as políticas públicas.

Para começar, a identificação de uma nova era geológica reflete mudanças substanciais nos sistemas terrestres, incluindo a influência humana.

Cientistas de diversas disciplinas, como geologia, ecologia, climatologia e biologia, podem precisar ajustar suas abordagens de pesquisa para compreender e documentar essas mudanças.

Além disso, a aceitação do Antropoceno pode impulsionar ações mais urgentes na gestão ambiental.

Profissionais nessas áreas podem enfrentar desafios e oportunidades específicas, como a necessidade de desenvolver estratégias para mitigar os impactos das atividades humanas, lidar com a perda de biodiversidade e gerenciar recursos de forma mais sustentável.

Enquanto isso, a mudança pode influenciar a formulação de políticas governamentais em níveis local, nacional e global.

Isso porque a conscientização sobre os impactos humanos na Terra pode levar a regulamentações mais rigorosas em relação à emissão de poluentes, práticas agrícolas e uso de recursos naturais.

Em termos menores, profissionais envolvidos na educação ambiental podem precisar adaptar seus currículos para incluir informações atualizadas sobre a nova era geológica.

Isso pode envolver a integração de conceitos relacionados ao Antropoceno em disciplinas como ciências, geografia e estudos ambientais.

Por fim, a transição para o Antropoceno destaca a necessidade de abordagens interdisciplinares para enfrentar desafios complexos relacionados às atividades humanas.

Colaborações entre profissionais de diferentes campos podem se tornar mais cruciais para entender e abordar efetivamente os problemas associados a essa nova era.

Assim, é importante acompanhar as decisões sobre essa mudança, e garantir que a comunidade científica entre em um consenso.

 

Fonte: MegaCurioso

Imagens: Freepik, Freepik

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