Natureza

Tamanduá considerado extinto há mais de 100 anos no RS é encontrado em Unidade de Conservação

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Um tamanduá-bandeira, considerado extinto, apareceu em uma armadilha fotográfica do Parque Estadual do Espinilho, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.

Acreditava-se que essa espécie estava extinta no Estado há 130 anos, mas ele foi capturado de forma discreta pela câmera posicionada na mata.

A divulgação dessa observação extraordinária acontece durante a semana de celebração do bioma Pampa, destacando a importância da biodiversidade nesse cenário e a necessidade de preservar Unidades de Conservação (UCs) para proteger ecossistemas significativos na paisagem rio-grandense.

Registros inéditos

Via SouAgro

Registrado pela primeira vez em junho deste ano, o tamanduá-bandeira surpreendeu um grupo de ambientalistas em expedição em busca de animais silvestres na Unidade de Conservação (UC) da Barra do Quaraí.

Eles foram responsáveis por instalar os equipamentos fotográficos com ação remota, visando capturar imagens dos habitantes do parque em seu estado selvagem, com o mínimo de interferência humana possível. A descoberta, no entanto, foi além das expectativas.

Os ambientalistas acreditam que o animal capturado pode ser resultado do trabalho de reintrodução realizado na Argentina, especificamente em Esteros del Iberá, pela Fundação Rewilding. Assim, esses animais estariam se deslocando para o Rio Grande do Sul.

Após a primeira aparição, outras imagens da espécie, que não era registrada no Estado há mais de um século, foram capturadas no mesmo parque nos meses de julho, agosto e setembro.

O biólogo da Unidade de Conservação destaca que não é possível concluir se todos os registros correspondem ao mesmo animal ou se há uma dupla.

No entanto, a certeza é de que há pelo menos um novo habitante no parque. Além de evidenciar a riqueza da biodiversidade na região, essa descoberta ressalta a importância do Parque do Espinilho para pesquisa e conservação de espécies raras e ameaçadas.

A descoberta do tamanduá-bandeira no Rio Grande do Sul estará nos registros de um trabalho científico desenvolvido em colaboração com pesquisadores da Argentina e do Uruguai.

Mais sobre o tamanduá-bandeira

O tamanduá-bandeira é um mamífero nativo da América do Sul. Sua denominação deriva do formato da cauda, que se assemelha a uma bandeira.

Estes animais desempenham uma função ecológica crucial, atuando como agentes de adubação do solo. Isso porque eles se alimentam de insetos, dispersando resíduos e nutrientes no ambiente.

Ao atingirem a idade adulta, esses mamíferos tornam-se solitários. Apesar de não serem ágeis nem agressivos por natureza, podem adotar comportamentos defensivos se perceberem ameaças.

Surpreendentemente, apesar de seu tamanho e peso, conseguem se proteger de predadores ao se refugiarem nas árvores, utilizando suas garras como auxílio.

A Unidade de Conservação

O Parque Estadual do Espinil, uma Unidade de Conservação inserida no bioma Pampa e sob a responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), desempenha um papel crucial na preservação de uma formação vegetal exclusiva da região.

Esta formação abriga espécies características, incluindo a árvore que inspirou o nome da unidade.

Além da singularidade da sua vegetação, o parque é essencial para a manutenção de diversas espécies da fauna associadas a essa formação específica, as quais dependem do ambiente para sua sobrevivência.

A descoberta do tamanduá-bandeira no Parque do Espinil é de grande importância para a Unidade de Conservação, estimulando a realização de pesquisas mais aprofundadas sobre a biodiversidade local.

Isso proporcionará uma compreensão mais ampla das interações ecológicas e do comportamento da espécie nesse ambiente, conforme destacado por Marjorie Kauffmann, titular da Sema.

Via Flickr

Ações de preservação do bioma

No Brasil, o bioma Pampa encontra-se restrito ao estado do Rio Grande do Sul, ocupando cerca de 68% do território gaúcho. Sua característica principal são as vastas extensões de campos naturais.

Localizado na metade sul do estado, o Pampa é composto por diversas tipologias campestres, apresentando uma diversidade de espécies herbáceas e ambientes integrados à floresta de araucária.

Nos últimos anos, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) tem promovido iniciativas para preservar essa área de biodiversidade singular.

Corredores ecológicos

Os corredores ecológicos visam conservar a biodiversidade através de estratégias de gestão territorial que mantenham ou recuperem processos ecológicos.

Eles conectam espaços especialmente protegidos, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas. Nesse contexto, a Sema tem desenvolvido a implementação do Corredor Ecológico da Quarta Colônia, que engloba a transição entre os biomas Pampa e Mata Atlântica.

Rota dos Butiazais

Por meio de um acordo de cooperação técnica entre a Sema e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), estabeleceram ações de pesquisa, extensão rural e normatização do uso sustentável de espécies de Butiá, um fruto nativo do bioma Pampa.

Dessa forma, a Rota dos Butiazais promove a conexão entre pessoas, incentivando a conservação e a utilização consciente da biodiversidade nas áreas onde ocorrem butiazais no Brasil, Uruguai e Argentina.

Via Wikimedia

Trilhas de Longo Curso

Essa iniciativa visa promover experiências turísticas enriquecedoras, incentivar a cultura, o esporte e o lazer, além de gerar renda e oportunidades de trabalho para a comunidade envolvida.

Atualmente, o Rio Grande do Sul já conta com a implementação de 12 Trilhas de Longo Curso. Em 2024, está prevista a criação do Programa Estadual de Trilhas de Longo Curso. Ela busca ampliar experiências positivas através do contato do visitante com o ambiente natural.

Certificação ambiental

Essa certificação, concedida pela Sema, destina-se a proprietários de áreas com flora nativa que desejam realizar a extração ou coleta de produtos e subprodutos. Por exemplo, inclui frutos, folhas, sementes e óleos essenciais, dentro dos limites permitidos pela legislação vigente, por meio de práticas sustentáveis.

Essa certificação promove uma maior integração do órgão ambiental com as atividades realizadas no campo e auxilia no monitoramento do impacto das ações humanas na natureza.

Cadastro Ambiental Rural (CAR)

O CAR consiste no registro eletrônico das informações ambientais, sendo obrigatório para todos os imóveis rurais.

Integrante do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), essa ferramenta desempenha um papel fundamental na identificação e integração das informações das propriedades rurais.

Dessa forma, contribui significativamente para o planejamento ambiental, monitoramento, combate ao desmatamento e regularização ambiental.

Reposição Florestal Obrigatória (RFO)

A RFO é uma medida legal adotada para mitigar, compensar ou reparar impactos ambientais decorrentes do corte de árvores nativas. Dessa forma, visa a recuperação de áreas degradadas.

Após a aprovação dos projetos de RFO, a Sema é encarregada de analisar e emitir pareceres técnicos.

No bioma Pampa, tais projetos abrangem o manejo conservacionista dos campos nativos, estratégias para a reintrodução de espécies ameaçadas e a erradicação de espécies exóticas invasoras.

 

Fonte: SouAgro

Imagens: SouAgro, Flickr, Wikimedia

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