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Tempestade solar intensa foi sentida no fundo do oceano

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Quando pensamos em tempestade nos lembramos de ventos fortes, raios, trovões e muita chuva. Contudo, existe um outro tipo de tempestade, uma que pode ser mais devastadora do que as que estamos habituados. Essa é a tempestade solar, também chamada de tempestade geomagnética.

Nos últimos tempos, a Terra tem sido atingida por várias delas. Tanto que, uma tempestade solar que encheu os céus do planeta com auroras boreais foi tão intensa que teve impactos até mesmo no fundo do oceano.

Isso pode ser visto através das bússolas magnéticas usadas pela Ocean Networks Canada (ONC) que monitoram o oceano na costa canadense. De acordo com elas, foi registrado uma distorção significativa no campo magnético do nosso planeta por conta de um influxo enorme de partículas ejetadas do Sol.

Isso não somente mostrou a força da tempestade solar que aconteceu no dia 10 de maio, mas também deu dados valiosos por conta de várias razões. A primeira delas é porque com isso os pesquisadores têm uma referência para conseguir identificar distúrbios parecidos nas tempestades solares futuras. Uma outra razão é que esses dados podem ajudar na compreensão de como a Terra é afetada pelos eventos do sol.

“Os próximos dois anos serão o pico do atual ciclo solar de 11 anos. Depois de uma década de relativa inatividade, eventos de aurora como este recente provavelmente se tornarão mais frequentes nos próximos dois anos, embora a variabilidade solar impossibilite a previsão precisa de tais eventos. A rede da ONC pode fornecer uma janela adicional muito útil para os efeitos da atividade solar no magnetismo terrestre da Terra”, disse o físico Justin Albert, da Universidade de Victoria, no Canadá.

Distúrbios no fundo do oceano

Olhar digital

A ONC tem observatórios submarinos nas costas leste e oeste do Canadá a até 2,7 quilômetros de profundidade. As bússolas deles são usadas para orientar os perfiladores acústicos de correntes de Doppler (ADCP) desses observatórios que funcionam para monitorar as mudanças das correntes oceânicas. E os dados deles são vistos todos os dias para que a qualidade seja garantida.

Em março, Alex Slonimer, especialista da ONC, viu alguma coisa estranha nos dados das bússolas no momentos de algumas tempestades solares. “Eu analisei se era potencialmente um terremoto, mas isso não fazia sentido porque as mudanças nos dados estavam durando muito tempo e simultaneamente em locais diferentes. Então, eu considerei a possibilidade de uma erupção solar, já que o sol estava ativo recentemente”, disse ele.

Como essa possibilidade fazia sentido, os pesquisadores resolveram monitorar a situação mais de perto. Conforme a atividade solar emergia de forma mais poderosa, os dados da bússola registraram de novo distúrbios. O efeito mais pronunciado foi visto em um bússola que estava a 25 metros abaixo do nível do mar, na costa da Ilha de Vancouver, na Passagem Folger. Nela, a agulha se inclinou até +30 e -30 graus.

Isso pode ser uma ferramenta bastante valiosa no entendimento de como as explosões solares afetam a Terra.  “O alcance desses registros de dados quilômetros sob a superfície do oceano destaca a magnitude da erupção solar naquele fim de semana e sugere que os dados podem ser úteis para entender melhor a extensão geográfica e a intensidade dessas tempestades”, disse Kate Moran, a presidente da ONC.

Isso mostra que as medições das bússolas no fundo dos mares mostram a força impressionante que uma tempestade solar tem, além de dar um recurso novo para ser estudado e combater os efeitos delas no nosso planeta.

Tempestade solar

Essa tempestade solar em questão foi a maior tempestade geomagnética dos últimos 19 anos, o que quer dizer que nada parecido era visto desde 2005. Isso aconteceu porque a mancha solar gigante AR3664 disparou várias erupções produzindo ejeções de massa coronal (CME), que são nuvens imensas de partículas carregadas que viajam em alta velocidade na direção do espaço.

Então, algumas dessas CMEs acabaram vindo na direção da Terra e atingiram a magnetosfera do nosso planeta. E, como sempre acontece, o campo magnético da Terra é capaz de defletir a maior parte dessas partículas, mas algumas conseguem entrar através dos polos magnéticos.

Se isso acontecer, as partículas carregadas conseguem ionizar a atmosfera terrestre e causar um efeito chamado tempestade geomagnética. Essas tempestades são classificadas de G1 (fraca) a G5 (extremo). O visto na última sexta-feira foi uma tempestade classe G4.

A última vez que isso tinha acontecido tinha sido quase 20 anos atrás, quando o sol tinha enviado plasma de alta energia em direção à Terra. E esse evento deve continuar ainda nesse final de semana.

Ao todo foram seis CMEs que vieram na direção do nosso planeta vindos da mancha AR3664. A tempestade em questão foi causada pela primeira ejeção de massa coronal. Por isso que as outras devem acontecer nesse fim de semana. Contudo, não foi emitido nenhum alerta de riscos para os satélites que estão em órbita ou para as redes elétricas.

Mas isso não quer dizer que essa tempestade não teve consequências. Ela gerou auroras boreais impressionantes no hemisfério norte.

Fonte: Olhar digital, Terra

Imagens: Olhar digital, Twitter

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