Natureza

Todas as orcas são classificadas como uma única espécie, mas talvez não seja bem assim

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Grandes, pequenas, do leste ou do oeste, todas as orcas acabam recebendo a mesma designação de espécie. Agora, cientistas apontam que pode não ser bem assim.

Esses animais são conhecidos como uma das criaturas mais simpáticas do nosso planeta, encontradas em todos os oceanos do mundo. Elas podem nadar desde as águas geladas próximas aos polos até os trópicos, abrangendo uma vasta gama de locais que se estendem do oeste da África ao Havaí.

Apesar de suas diferenças de habitat e comportamento, todas as orcas são categorizadas como pertencentes à mesma espécie: Orcinus orca.

Embora comumente chamadas de baleias-assassinas, elas são, na verdade, parte da família dos golfinhos.

Recentemente, os cientistas, após décadas de pesquisa, propuseram que duas populações de orcas frequentemente avistadas na costa do Pacífico dos Estados Unidos e do Canadá são tão distintas entre si e das outras orcas que deveriam ser consideradas espécies separadas.

Nova espécie?

Via Pexels

Em um artigo recentemente publicado na revista Royal Society Open Science, os cientistas propuseram novas designações de espécies para dois grupos de orcas: orca residente e orca Bigg.

Ambos habitam o leste do Pacífico Norte, porém têm dietas distintas: a orca residente se alimenta principalmente de peixes, com uma preferência por salmão, enquanto a orca Bigg caça animais como focas e leões-marinhos.

Além das diferenças na comida, a proposta destaca outras distinções comportamentais, físicas e genéticas entre essas duas populações de orcas, que têm evoluído separadamente ao longo de centenas de milhares de anos.

Phillip Morin, geneticista do Centro de Ciências de Pesca do Sudoeste da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), e autor do estudo, afirmou que elas não apenas mostram comportamentos distintos, mas seguem trajetórias evolutivas que se considera ser de espécies diferentes.

Não existe uma definição única para determinar o que qualifica uma espécie, e as fronteiras entre as populações de animais muitas vezes são confusas.

No entanto, os cientistas destacam que esses tipos de distinções taxonômicas podem ter implicações significativas para a conservação. Afinal, permitirá que especialistas façam escolhas mais informadas sobre como gerenciar diferentes populações de orcas.

Experiências também mudam

Além disso, todas as orcas enfrentam diferentes ameaças em seu habitat. Por exemplo, nos últimos anos, o aumento das populações de focas e leões-marinhos tem contribuído para o crescimento populacional das orcas Bigg.

Em contrapartida, as orcas residentes enfrentam ameaças devido à diminuição dos estoques de salmão selvagem.

Para Ford, os autores do estudo apresentaram um argumento robusto, respaldado por um conjunto crescente de evidências que indicam diferenças entre as orcas residentes e as Bigg.

O próximo passo será submeter a proposta a um comitê de especialistas em taxonomia da Sociedade para a Mastozoologia Marinha, que é responsável pela lista mais autoritativa de espécies, conforme explicado por Morin.

Categorizando todas as orcas

Recentes avanços científicos possibilitaram análises mais complexas dos genomas das orcas nos últimos anos.

Os dados indicam que as orcas Bigg vêm de outras linhagens de orcas há aproximadamente 200 mil a 300 mil anos, enquanto as orcas residentes se separaram de outras linhagens cerca de 100 mil anos atrás.

Tanto análises genéticas quanto comportamentais sugerem que houve poucos cruzamentos entre as orcas Bigg e as residentes ao longo dos anos.

Os genomas das duas populações apresentaram diferenças significativas o bastante para permitir que os cientistas pudessem determinar com alta precisão se uma orca era Bigg ou residente se baseando apenas em seu DNA.

Além disso, a forma do crânio também se mostrou um indicativo relevante. Isso porque as orcas Bigg tendem a possuir crânios maiores e mais largos, com mandíbulas mais curvadas.

Isso provavelmente se relaciona com a sua capacidade de lidar com presas maiores.

Ainda, geralmente são um pouco maiores do que as residentes, apresentando barbatanas dorsais mais largas e pontiagudas. Seu padrões de manchas pretas e brancas também mudam.

Além disso, existem diferenças comportamentais entre as duas populações. Enquanto todas as orcas residentes tendem a viver em grupos grandes e estáveis, sendo conhecidas por sua vocalização constante durante a caça de peixes, as Bigg vivem em grupos menores e caçam em silêncio.

Quando emitem vocalizações, seus assobios têm um som distinto em comparação com as residentes.

Via Pexels

Novo nome

Os autores do artigo sugeriram que as orcas residentes levem o nome científico Orcinus ater.

Caso a Sociedade para a Mastozoologia Marinha aprove a proposta, os cientistas têm a intenção de consultar grupos indígenas no Noroeste do Pacífico para escolher um novo nome comum que reflita a relevância cultural das orcas.

Para as orcas Bigg, os cientistas sugeriram manter o nome comum atual, em homenagem a Michael Bigg, um pesquisador influente de orcas, mas com o nome científico Orcinus rectipinnus.

Além disso, análises adicionais podem revelar outras populações de orcas que se qualifiquem como espécies distintas. Existe muito no oceano que ainda não conhecemos, e esse é o primeiro passo.

 

Fonte: Folha de São Paulo

Imagens: Pexels, Pexels

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