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Transtornos mentais podem matar?

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A ansiedade pode matar? Pessoas que sofrem dessa condição estão cientes de que ela desencadeia sintomas desagradáveis, como tremores, falta de ar, ondas de calor, sudorese, palpitações e dor no peito.

Esses sintomas podem ser preocupantes, pois há a possibilidade de problemas cardiovasculares graves.

Em março deste ano, o periódico European Journal of Preventive Cardiology publicou um estudo que analisou dados de saúde de mais de 6,5 milhões de pessoas, investigando os riscos de desenvolvimento de infarto do miocárdio e AVC.

Os dados utilizados foram coletados pelo Serviço Nacional de Seguro de Saúde Coreano e incluíram pessoas entre 20 e 39 anos, examinadas entre 2009 e 2012, sem histórico de infarto ou derrame.

Do total dos participantes, mais de 13% apresentavam pelo menos um transtorno mental: 47,9% tinham ansiedade, 21,2% tinham depressão e 20% tinham insônia.

Os participantes foram acompanhados até dezembro de 2018, totalizando quase oito anos de observação. Durante esse período, ocorreram mais de 16 mil casos de infarto do miocárdio e 10.500 casos de AVC.

Os resultados mostraram que as pessoas com transtornos mentais apresentaram um risco 58% maior de infarto do miocárdio e 42% maior de AVC em comparação com aquelas sem diagnóstico de transtorno.

Embora a ansiedade tenha sido associada a um risco menor em relação a outros transtornos, ainda foi maior do que em pessoas sem diagnóstico.

Via Freepik

Riscos

Ao analisar os diferentes transtornos separadamente, o portal UOL indicou que os riscos de infarto são:

  • 3,13 vezes maiores em indivíduos com transtorno de estresse pós-traumático;
  • 2,61 vezes maiores em indivíduos com esquizofrenia;
  • 2,47 vezes maiores em indivíduos com transtorno de abuso de substâncias;
  • 2,4 vezes maiores em indivíduos com transtorno bipolar;
  • 2,29 vezes maiores em indivíduos com transtorno de personalidade;
  • 1,97 vezes maiores em indivíduos com transtorno alimentar;
  • 1,73 vezes maiores em indivíduos com insônia;
  • 1,72 vezes maiores em indivíduos com depressão;
  • 1,53 vezes maiores em indivíduos com ansiedade.

AVC

Enquanto isso, no caso de AVC, os riscos também foram mais elevados em todos os transtornos mentais documentados, exceto para transtorno de estresse pós-traumático e transtornos alimentares.

Entre os outros transtornos, os riscos foram:

  • 3 vezes maiores em indivíduos com transtorno de personalidade;
  • 2,95 vezes maiores em indivíduos com esquizofrenia;
  • 2,64 vezes maiores em indivíduos com transtorno bipolar;
  • 2,44 vezes maiores em indivíduos com transtorno de abuso de substâncias;
  • 1,6 vezes maiores em indivíduos com depressão;
  • 1,45 vezes maiores em indivíduos com insônia;
  • 1,38 vezes maiores em indivíduos com ansiedade.

Quando analisados por sexo e idade, foi observado que depressão, ansiedade, esquizofrenia e transtorno de personalidade estavam associados a maiores riscos de infarto em participantes de 20 anos em comparação com outros de 30 anos.

Henrique Bottura, psiquiatra e diretor do IPP (Instituto de Psiquiatria Paulista), destaca que não são os transtornos mentais em si que podem levar à morte.

Ele diz que, na verdade, eles contribuem para prejudicar as artérias e aumentar as chances de eventos cardiovasculares.

Contudo, nem sempre serão um fator de risco, de modo que a ansiedade pode matar somente em alguns casos. Ela também é uma resposta a algumas outras doenças, surgindo a partir do hipertireoidismo, insuficiência cardíaca e asma, por exemplo.

A ansiedade pode matar, ou aumentar os riscos

De acordo com o médico Júlio Barbosa, formado pela UFBA e neurocirurgião, os efeitos da ansiedade muitas vezes se comparam a um susto exagerado ou a uma intensa emoção.

Quando esses efeitos são muito intensos e crônicos, eles podem potencializar ou desencadear uma descompensação de condições de saúde pré-existentes.

Assim, quando sofre com crises de ansiedade ou pânico, o sistema nervoso simpático, que lida com as respostas do organismo, se ativa com maior intensidade.

Isso resulta na liberação de hormônios, como o cortisol e, principalmente, a adrenalina, o que pode levar a um aumento preocupante na pressão arterial e na frequência cardíaca.

Júlio Barbosa enfatiza que alguns indivíduos estão particularmente vulneráveis, incluindo aqueles que têm:

  • Arritmias;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Hipertensão;
  • Condições cardíacas pré-existentes;
  • Diabetes;
  • Colesterol alto;
  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Tabagismo.

O médico ressalta que a depressão também é um fator de risco para o coração e pode estar frequentemente associada à ansiedade, assim como a ocorrência de desmaios.

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Minha dor no peito é ansiedade ou infarto?

Na situação de dúvida, quando não se sabe se está ocorrendo um ataque de pânico ou um problema cardíaco, é aconselhável procurar imediatamente o pronto-socorro.

O cardiologista João Vicente da Silveira, do Hospital Sírio-Libanês, destaca que, devido à semelhança geral dos sintomas e à angústia gerada, é necessário passar por uma avaliação médica minuciosa, incluindo exames físicos e laboratoriais, para identificar alterações bioquímicas e hormonais e determinar a verdadeira causa.

Além disso, Silveira acrescenta que existe uma correlação muito forte entre doenças mentais e cardiovasculares, sendo que a morte súbita por síndrome do coração partido tem origem psicoemocional.

Portanto, o tratamento deve integrar diversas atuações, uma vez que não é possível determinar o que vem primeiro. Isso envolve uma combinação de psicoterapia e uso de medicamentos.

Pacientes psiquiátricos com doenças de base ou comorbidades requerem atenção especial, incluindo a compreensão de que suas preocupações relacionadas à ansiedade são infundadas, bem como a orientação adequada.

Quanto à prevenção, o psiquiatra Henrique Bottura afirma que é importante evitar os gatilhos que prejudicam o organismo, buscar tranquilidade e encorajar-se a enfrentar as situações em que os ataques ocorrem, além de manter a terapia necessária. Dessa forma, a ansiedade pode matar, mas os riscos diminuem.

 

Fonte: UOL

Imagens: Freepik, Freepik

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