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Se você ama um doce ao leite, amargo ou branco, existe uma notícia preocupante: a venda de chocolate está comprometida globalmente, e o fornecimento do cacau pode estar em risco!
Isso tudo está acontecendo devido a um vírus que está afetando a saúde dos cacaueiros, as árvores que produzem o cacau. É isso que alerta um estudo recente publicado na terça-feira (23) no periódico PLOS ONE.
O cacau é a matéria-prima essencial para a produção de chocolate, vindo através da torrefação e moagem de suas amêndoas secas. Aproximadamente metade do chocolate consumido mundialmente tem origem nos cacaueiros cultivados em países da África Ocidental, como Costa do Marfim e Gana.
De acordo com a nova pesquisa, o vírus conhecido como cacau swollen shoot (“vírus do caule inchado do cacau”, CSSV) está causando uma redução na colheita de 15% a 50% nos cacaueiros de Gana.
Segundo informações da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), esse agente infeccioso pode infectar as plantas de cacau em qualquer estágio de seu desenvolvimento.
Em variedades mais graves, ele pode levar à morte da árvore em 2 a 3 anos, resultando em perdas de até 25% já no primeiro ano.
Vírus do chocolate
Via Unsplash
O CSSV é disseminado por pelo menos 14 espécies do inseto cochonilha (Coccidae), os quais podem reter o vírus por algumas horas. Esses artrópodes se alimentam das folhas, botões e flores das árvores de cacau.
A transmissão da infecção entre as plantas ocorre por enxertia, isto é, pela união dos tecidos de dois exemplares, e não através da dispersão de sementes, pólen ou contato entre árvores.
Além disso, especialistas apontam que os pesticidas não são eficazes contra as cochonilhas. Isso está levando os agricultores a tentar conter a propagação da doença através do corte de árvores infectadas e do cultivo de árvores resistentes.
No entanto, apesar desses esforços, o Gana perdeu mais de 254 milhões de pés de cacau nos últimos anos. Ou seja, a venda de chocolate para o restante do mundo está sofrendo com graves baixas.
Os agricultores enfrentam dificuldades para controlar a praga devido ao alto custo das vacinas contra o vírus, especialmente para os proprietários de baixa renda. Além disso, o cacau colhido pelas árvores vacinadas é menor, enquanto o CSSV continua a devastar as plantações.
Tentativa de deter
Cientistas da Universidade do Texas em Arlington, nos Estados Unidos, junto com seus colegas, optaram por uma abordagem matemática para abordar o problema.
Eles realizaram cálculos para determinar a distância ideal entre árvores vacinadas que os agricultores devem plantar, a fim de evitar a disseminação do vírus pelos insetos, que saltam de uma planta para outra.
As cochonilhas têm diferentes formas de se locomover, como se deslocar de copa em copa, serem transportadas por formigas ou serem carregadas pelo vento.
Utilizando técnicas de modelagem matemática, os pesquisadores desenvolveram dois tipos de modelos distintos.
Esses modelos permitem que os agricultores estabeleçam uma barreira de proteção composta por árvores de cacau vacinadas ao redor das não imunizadas. Isso pode contribuir para a proteção de suas colheitas e a manutenção da produção e venda do chocolate.
De acordo com analistas, esses modelos, ainda em fase experimental, têm potencial para permitir que até mesmo pequenos agricultores gerenciem custos de forma viável.
Assim, será benéfico tanto para os resultados financeiros dos agricultores quanto para a nossa dependência global do chocolate.
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Consumidores sentiram a venda do chocolate
Apesar da situação estar se agravando nessas últimas semanas, os consumidores sentiram o peso da venda do chocolate há muitos meses.
As reclamações na internet são diversas, apontando que a qualidade caiu, que as embalagens se tornaram menores e que os preços estão apenas subindo, sem atender a verdadeira demanda pelo produto.
Todos esses apontamentos não são infundamentados. Muitas empresas alegam que não mexeram na fórmula, mas a adição de gorduras, redução do peso líquido e alta nos valores mostra que a indústria não está indo bem.
Além disso, a venda de chocolate também diminuiu em termos de importação, e vários países estão sofrendo com menos lotes para sua produção. Enquanto isso, aqueles que continuam vendendo na mesma qualidade elevaram consideravelmente as cobranças repassadas ao consumidor final.
Por isso, se não existir um controle desse vírus, o mercado chocólatra pode ficar seriamente prejudicado, e, com isso, o comprador também.
Fonte: Revista Galileu
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