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Você sabe qual a razão do nosso masoquismo emocional?

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O conceito de masoquismo emocional pode ser desconhecido para algumas pessoas, mas muitos já vivenciaram essa situação, ou conhecem casos em que ela foi comum. Afinal, histórias de pessoas que já se atraíram por alguém que não corresponde acontecem o tempo todo.

Se não com conhecidos, com o próprio indivíduo. Em algumas momentos, parece que o desinteresse do parceiro faz com que o notemos mais. Isso leva a uma situação de prolongamento de um relacionamento que não é, de todo, saudável.

Muitas pessoas chamam isso de ‘teoria da roda-gigante’, quando um está por cima, o outro está por baixo. Além disso, alguns apontam que o masoquismo emocional acontece com todos, de forma mais ou menos perceptível. 

No entanto, até o momento, nem todos os fatores estavam sendo levados em consideração. Agora, alguns especialistas e cientistas apontam outras possíveis causas para essa ocorrência. E o principal culpado pode ser um hormônio bastante conhecido.

Masoquismo emocional e oxitocina

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É fato que o amor, assim como outros sentimentos, quase nunca é voluntário. Isso porque existe uma série de químicas e acontecimentos neuropsicológicos que afetam nosso entendimento e a emissão de hormônios em nosso cérebro.

Por isso, o comportamento humano é considerado pouco confiável quando está sob influência do amor, pois a geração de neurotransmissores está desregulada, principalmente pela liberação de oxitocina e serotonina, os chamados ‘hormônios da felicidade’.

No entanto, o que se descobriu recentemente é que a produção dessa substância no cérebro não acontece somente com situações de felicidade ou realização, mas também em ocorrências de crise ou perigo.

É o que aponta um estudo recente feito pelo Departamento de psicologia da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. O trabalho conclui que este hormônio popular é secretado quando nos apaixonamos e também quando identificamos um potencial perigo.

Isso porque a oxitocina aumenta a atenção e a motivação para realizar algo quando estamos sob ameaça. Afinal, o cérebro entende que precisa de proteção, e podemos correr ou lutar mais se estamos atentos.

Como consequência, nossos sentidos de atenção se tornam maiores para a situação no momento. No entanto, somos enganados pelo cérebro ao cair em um masoquismo emocional por conta desse hormônio, que entende o desinteresse como um sinal de alerta.

Se existe uma situação de possível ameaça à tranquilidade do casal, por exemplo, a emissão da oxitocina, que já está aguçada pela nova paixão, aumenta. Ou seja, fazemos um esforço extra para manter a atenção do outro, pelo entendimento de alerta.

Dessa forma, o cérebro entende as dúvidas do vínculo como um sinal de que precisa se envolver mais. Segundo o estudo, a oxitocina pode promover mais atenção e motivação para manter o relacionamento se existe sinal de “ameaça”, como desinteresse.

Assumir riscos

O masoquismo emocional também recebe influência pela relação da oxitocina com a necessidade de assumir riscos. Seja para se proteger ou para sair daquela situação de alerta, o cérebro nos incentiva a nos movimentarmos, diminuindo a percepção de perigo ou as consequências negativas pessoais.

Assim como lutar com alguém pode causar machucados, insistir em uma relação não-recíproca também traz efeitos pouco desejados a longo prazo. No entanto, um cérebro sob efeito químico desequilibrado não tem esse entendimento. É quase como se embriagar com oxitocina. Um estudo publicado na Neuroscience and Biobehavioral Reviews em 2015 compara os efeitos desse hormônio com o álcool.

Uma dose de um composto pode influenciar na nossa percepção de confiança de conseguir algo que parece pouco possível em condições “normais”. Por isso, assumimos riscos desnecessários. A longo prazo, ficamos mais suscetíveis a entrar no masoquismo emocional.

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‘Se humilhar’ em nome do amor

Inclusive, essa é uma explicação de por que as pessoas se humilham em nome do amor. Essa ideia surgiu por parte do doutor Pablo Irimia, membro da Sociedade Espanhola de Neurologia (SEN).

Ele afirma que a oxitocina se mistura com o processo de paixão e se torna responsável pela desinibição. Ou seja, pessoas apaixonadas sentem menos vergonha, e podem ter certas atitudes inesperadas sob esse efeito.

Quem leva a culpa pelo masoquismo emocional

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Muitos estudos podem levar a entender que o masoquismo emocional seria culpa unicamente dos hormônios e das reações químicas. No entanto, a neuropsicologia também aponta que existem outras teorias que atribuem parte da culpa ao indivíduo.

Por exemplo, o ser humano pode buscar pessoas menos acessíveis emocionalmente por conta de uma percepção de baixa autoestima. Com isso, ela sobrevaloriza e idealiza a figura do outro.

Assim, faz com que busque seu amor e aceitação, mas não da forma correta, insistindo mais do que deveria em uma relação não correspondida.

Além disso, a conquista da pessoa amada, após tantos obstáculos, seria visto como uma conquista que aumenta sua estima em si mesmo. Ou seja, cria um sistema de recompensas tóxico, aumentando o masoquismo emocional.

Influência da infância

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O masoquismo emocional é uma situação que também depende da forma que somos criados.

Estudos mostram que as experiências da primeira infância influenciam na forma que lidamos com a rejeição e o desinteresse dos outros. Se a criança não tiver suas necessidades e frustrações atendidas, é mais provável que continue buscando a reafirmação, o afeto e a valorização em relações menos recíprocas.

Além disso, Ángel Ardiaca, neuropsicóloga, também afirma que isso ocorre em ambos os sexos, mas parece que as mulheres são mais propensas ao masoquismo emocional porque a oxitocina é mais secretada por esse gênero.

O tempo cura tudo?

Por fim, a neuropsicóloga afirma que nem sempre o tempo cura o masoquismo emocional. No entanto, essa é a tendência esperada, pois, com o passar dos anos, a atividade hormonal diminui. Além disso, pessoas mais velhas passam a reconhecer mais seu próprio valor, sem insistir em relações de desinteresse.

Os indivíduos também podem experimentar uma maior tranquilidade sentimental por conta da administração da falta de reciprocidade na escolha do parceiro.

Em vez de frustração, raiva ou dor, o indivíduo deixa de sentir essas reações, e passa a aceitar melhor uma posição de menor entrega. Dessa forma, deixa de sentir impotência e de se colocar em uma posição que exige mais atenção ou insiste no outro.

Assim, é possível esperar uma melhora no masoquismo emocional, por conta das substâncias químicas do cérebro, e também pelo amadurecimento.

 

Fonte: El País

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