Curiosidades

5 a 14 de outubro de 1582: a história dos dez dias que não existiram

0

Você sabe o que se passou 440 anos atrás, em dez dias de outubro de 1582? Nada aconteceu. Sabe por que? Simplesmente porque esse dia nunca existiu.

Na verdade, quase duas semanas inteiras foram excluídas do mês de outubro daquele ano. Um mês com apenas 21 dias e muita confusão. E todo esse tumulto foi provocado pelos astros.

Quando dizemos que a astronomia é a primeira das ciências, os calendários são uma prova disso.

Em vários lugares distintos do globo, os calendários surgiram há milhares de anos, todos eles baseados em ciclos astronômicos do Sol, da Lua ou de ambos simultaneamente.

Dessa forma, era essencial considerar esses elementos para definir os calendários dali para frente.

Em Roma, considerada o berço da civilização ocidental, adotava-se um calendário lunissolar, ou seja, baseado nos ciclos solares e lunares.

Os meses começavam na Lua Nova e os anos no equinócio de primavera. Assim, as semanas tinham 7 dias e seguiam a mesma fase lunar.

No entanto, esse calendário era muito problemático, principalmente porque os ciclos lunares e solares não se alinhavam. Isso exigia a adição de meses extras, com quantidade variável de dias, para completar o ano.

Essa confusão só foi desfeita no ano 46 antes de Cristo, com a adoção do Calendário Juliano.

Via Olhar Digital

Os calendários

O Calendário Juliano adotava um ano de 365 dias e 6 horas, dividido em 12 meses de 30 ou 31 dias, com exceção de fevereiro, que possuía 28 dias, mas a cada 4 anos ganhava um dia adicional.

Dessa forma, solucionou-se a questão do calendário, a parte fácil. No entanto, surgiu um novo problema: o ano não possui exatamente 365 dias e 6 horas.

Na realidade, o ano juliano consiste em 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Assim, resulta em uma duração de 11 minutos e 14 segundos maior que o ano trópico. Ele é que representa o tempo que a Terra leva para completar uma órbita ao redor do Sol.

Ao longo dos séculos, essa diferença acumulada levou o calendário juliano a apresentar um desvio de mais de 10 dias até o ano de 1582.

Influência religiosa

Enquanto isso, muitos feriados religiosos não possuem datas fixas, pois são determinados pelos ciclos solares e lunares. Por exemplo, a Páscoa ocorre no primeiro domingo após a primeira Lua Cheia que sucede o Equinócio de Primavera no Hemisfério Norte.

Devido aos equinócios e solstícios ocorrerem 10 dias antes, esses feriados passaram a cair em períodos completamente diferentes do ano.

Algo precisava ser feito, e foi aí que entrou em cena a principal autoridade do mundo ocidental da época: o Papa Gregório XIII.

Papa excluiu os dez dias

Gregório convocou um grupo de astrônomos e cientistas com o intuito de corrigir o calendário juliano. A meta era realinhar o equinócio da primavera para o dia 21 de março e corrigir o desvio de 10 dias que existia naquela época.

A comissão elaborou uma proposta que passou pela avaliação de príncipes e matemáticos. Após 5 anos de estudos, em 1582, promulgaram a bula papal Inter Gravissimas, instituindo o calendário gregoriano.

Para solucionar o desvio de 11 minutos na duração do ano, o calendário gregoriano estabeleceu que os anos múltiplos de 100 e não múltiplos de 400 não seriam bissextos, ou seja, não teriam o acréscimo do 29º dia em fevereiro.

Isso foi a parte simples. O desafio foi a solução adotada para corrigir a data do equinócio de primavera, que estava defasada.

Via Olhar Digital

Os dez dias de atraso saíram repentinamente do calendário gregoriano. Os dias entre 5 e 14 de outubro de 1582 simplesmente não existiram.

As pessoas foram dormir na quinta, 4 de outubro, e acordaram na sexta, dia 15. Imagine a confusão. Muita gente acabou perdendo o próprio aniversário naquele ano!

Precisão atual

Com o auxílio da Astronomia para medir a duração exata do ano trópico, o calendário gregoriano conseguiu integrar, com precisão, o nosso calendário ao ciclo solar e, provavelmente, permanecerá assim por muitos milênios.

Graças à iniciativa de Gregório XIII e ao seu poder de persuasão, prontamente adotaram esse calendário nos principais países católicos da época e, ao longo de 3 séculos, em todo o mundo. Até hoje, são apenas algumas ressalvas que seguem outras numerologias.

Dessa forma, o Papa Gregório XIII e os dez dias que nunca existiram entraram para a história, e é isso que seguimos atualmente. E, claro, espera-se que nenhuma idade tenha ficado para trás!

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Olhar Digital, Olhar Digital

Por que cada vez mais pessoas estão vivendo até os 100 anos?

Artigo anterior

O primeiro país onde eVTOLs da Archer irão decolar

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido