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Por que cada vez mais pessoas estão vivendo até os 100 anos?

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Cada vez mais pesquisadores buscam entender por que as pessoas vivem mais de 100 anos.

Atualmente, a perspectiva de que a maioria das pessoas ultrapasse os 75 anos é baixa, dado que a expectativa de vida global média está em 73 anos. No entanto, é notável o aumento de indivíduos que alcançam um centenário.

Essa realidade varia consideravelmente entre os países. Por exemplo, no Japão, a expectativa de vida média é de 85 anos, enquanto na República Centro-Africana, a média é de apenas 54 anos.

Os avanços em diversas áreas, como medicina, nutrição e condições de vida, têm desempenhado um papel crucial no aumento da expectativa de vida em comparação com nossos antepassados.

Por exemplo, vale destacar alguns casos notáveis, Juan Vicente Mora, venezuelano de 113 anos, detém o recorde entre os homens, enquanto Lucile Randon, conhecida como Irmã André, uma freira francesa de 118 anos, ostenta o título de pessoa mais velha do mundo.

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De acordo com a Divisão de População da ONU, em 2021, mais de 621 mil pessoas tinham ultrapassado os 100 anos. A projeção é de que esse número ultrapasse 1 milhão até o final desta década. No entanto, apenas 92 mil pessoas atingiram esse número em 1990.

Embora a população idosa esteja crescendo, percebe-se uma lacuna no suporte a essa nova condição, que não evolui na mesma proporção.

Além disso, a longevidade muitas vezes vem acompanhada de desafios de saúde, com a maioria das pessoas idosas enfrentando doenças crônicas.

Janet Lord, professora de Biologia Celular na Universidade de Birmingham, ressalta que viver mais nem sempre significa viver bem, já que, em média, homens passam os últimos 16 anos lidando com condições que variam de diabetes a demência, enquanto para as mulheres esse período chega a 19 anos.

Qual é o mistério por trás desses ‘supercentenários’?

Alcançar os 100 anos já é uma conquista notável. Comemorar 110 anos é ainda mais raro.

Nos Estados Unidos, um estudo de longo prazo conduzido pela Universidade de Boston estima que apenas 1 em cada 5 milhões de americanos atinge a categoria de “supercentenário” ao ultrapassar os 110 anos.

Embora essa estatística seja impressionante, a tendência está em ascensão. Em 2010, os pesquisadores americanos identificaram cerca de 60 a 70 pessoas nessa faixa etária, e, em 2017, esse número havia mais do que dobrado, alcançando 150.

Os “supercentenários” despertam grande interesse entre os cientistas que estudam o envelhecimento humano. “Esses indivíduos desafiam as normas do envelhecimento comuns à maioria das pessoas. Ainda não compreendemos completamente por quê”, afirma Janet Lord.

Josefa Maria da Conceição é um exemplo intrigante. “Minha mãe fumou a vida toda”, relata Cícera, uma das quatro filhas ainda vivas de Josefa.

Ao todo, a brasileira teve 22 filhos. Apesar das tentativas da família de fazê-la desistir do hábito, Josefa sempre ameaçava comprar cigarros por conta própria.

A família começou a desconfiar quando, no início de 2022, ela parou de pedir cigarros. Isso ocorreu após a comemoração do que a família alega ser o 120º aniversário de Josefa.

Embora a tentativa de ter seu status reconhecido pelo Guinness World Records não tenha sido bem-sucedida, Josefa Maria não faz uso regular de medicamentos, continua consumindo carne vermelha e doces.

Além disso, embora suas memórias estejam confusas e sua visão tenha se deteriorado, sua filha Cícera admite surpresa com a longevidade de sua mãe, considerando seu histórico de fumo desde a infância e décadas de trabalho árduo.

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Nem tão saudáveis assim

Por outro lado, o que intriga ainda mais os especialistas em longevidade é que algumas pessoas que atingem os 100 anos não são exatamente modelos de práticas saudáveis.

Como mencionado anteriormente, Josefa passou a maior parte da vida fumando e cresceu na pobreza de uma região socialmente carente do Nordeste brasileiro.

De maneira surpreendente, um artigo de 2011 publicado no periódico científico Journal of the American Geriatric Society examinou um grupo de 400 judeus americanos com 95 anos ou mais. Ele descobriu uma prevalência de hábitos pouco saudáveis.

Quase 60% dos participantes eram fumantes inveterados, metade deles enfrentou obesidade durante grande parte de suas vidas e apenas 3% adotavam uma dieta vegetariana.

Como afirma Richard Faragher, professor de biogerontologia na Universidade de Brighton, no Reino Unido, interessados em viver por tanto tempo costumam não seguir dicas de estilo de vida.

Esse é um dos principais especialistas no estudo do envelhecimento. “Há algo excepcional sobre eles. Muitos fazem exatamente o oposto do que sabemos que pode ajudar alguém a viver mais”, acrescenta.

Um escudo genético?

Por que cada vez mais pessoas estão ultrapassando os 100 anos? Qual é o segredo?

Os cientistas têm suspeitas de que a genética desempenha um papel crucial na longevidade.

Centenários (e supercentenários) parecem ter a habilidade de se proteger contra os efeitos do envelhecimento que afetam os mais jovens.

Além disso, demonstram a capacidade de compensar até mesmo hábitos pouco saudáveis, que, para a maioria, podem resultar em morte precoce.

Especialistas como Lord e Farragher estão empenhados em identificar essas vantagens biológicas, que não são tão evidentes quanto se poderia imaginar.

Outro estudo realizado com centenários judeus, divulgado em 2020, revelou que esses indivíduos possuíam tantas variantes genéticas associadas a doenças tardias quanto a população em geral.

O aumento no número de pessoas que ultrapassam os 100 anos também levanta questões sobre a possibilidade de estender os limites da longevidade humana.

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Vivendo até os 100 anos: A pessoa mais velha da história

Até o momento, Jeanne Calment, da França, que faleceu em 1997 aos 122 anos, é reconhecida como a pessoa mais idosa registrada e a única oficialmente documentada a ter ultrapassado os 120 anos.

Pesquisadores da Universidade de Washington, nos EUA, preveem que a longevidade extrema alcançará novos patamares neste século.

Assim, podem resultar em indivíduos que comemorarão aniversários até os 125 ou até mesmo 130 anos.

Michael Pearce, estatístico e coautor do estudo, acredita que é altamente provável que alguém quebre o atual recorde, chegando a 126, 128 ou até 130 anos.

Utilizando o International Database on Longevity, uma base de dados sobre a expectativa de vida, Pearce e o professor Adrian Raftery simularam os limites de longevidade para as próximas décadas.

Além disso, eles concluíram que há quase certeza (probabilidade próxima de 100%) de superar o recorde de Jeanne Calment.

 

Fonte: Melhor com Saúde

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