Ciência e Tecnologia

57 mil pessoas morrem prematuras no Brasil por causa de ultraprocessados

0

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que um grande número de pessoas está morrendo prematuramente no Brasil devido ao consumo excessivo de alimentos ultraprocessados.

Um artigo publicado no American Journal of Preventive Medicine revelou que esse problema pode resultar em aproximadamente 57 mil mortes por ano.

O estudo utilizou uma metodologia que combinou análises do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os hábitos alimentares da população com dados de mortalidade.

Os pesquisadores classificaram as informações de acordo com diferentes faixas etárias, separadas por gênero, a partir dos 30 anos de idade.

Essa divisão etária foi adotada para abranger o conceito de morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Via Liv Up

Essas doenças incluem problemas cardiovasculares, respiratórios, câncer e diabetes. Além disso, a probabilidade de ocorrência entre os 30 e 70 anos de idade agrava a situação.

Ainda, existem diversas provas que associam o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados ao risco de adquirir DCNT.

Portanto, a equipe de pesquisa decidiu analisar a quantidade diária de calorias consumidas por cada grupo, levando em consideração o nível de processamento dos alimentos.

O objetivo foi avaliar a influência dos alimentos ultraprocessados e, posteriormente, destacar o impacto desses alimentos nas taxas de mortalidade.

Estudo sobre alimentos ultraprocessados

Com base nos dados mais recentes sobre o consumo alimentar pessoal no Brasil, referentes aos anos de 2017 e 2018, foi possível determinar a proporção de calorias provenientes do consumo de alimentos ultraprocessados.

A equipe de pesquisa descobriu que todos os grupos consomem pelo menos 13% de suas calorias totais por meio desses produtos.

De acordo com o estudo, os homens entre 60 e 64 anos apresentaram o padrão alimentar mais saudável. Apenas 13% de seu consumo é com alimentos ultraprocessados.

Por outro lado, o grupo mais preocupante são as mulheres entre 30 e 34 anos, cuja ingestão desses produtos representa 21% de suas calorias diárias.

Em uma entrevista ao Jornal da USP, Eduardo Nilson, primeiro autor da pesquisa, ressaltou que as informações de 2017/2018 revelam um aumento de 20% no consumo de alimentos ultraprocessados em comparação com o levantamento anterior realizado em 2007/2008.

Ele atribui essa elevação às campanhas de marketing em torno desses alimentos e ao aumento dos preços dos produtos frescos.

O especialista destaca que essa substituição ocorreu em todos os segmentos da sociedade, independentemente da renda, mas afeta especialmente a população vulnerável.

O macarrão instantâneo e o biscoito recheado são exemplos de alimentos que simbolizam essa situação preocupante.

Via Performa

Evitar mortes

O estudo também calculou quantas mortes poderiam ser evitadas caso existisse a redução no consumo de alimentos ultraprocessados em alguns cenários.

Por exemplo, ao reduzir o consumo em 10%, estima-se que 5.900 pessoas (3.500 homens e 2.400 mulheres) deixariam de morrer por doenças crônicas ao longo de um ano.

Esse número aumenta ainda mais à medida que a quantidade de alimentos ultraprocessados ingeridos diminui. Com uma redução de 20%, o valor sobe para 12 mil indivíduos (7.100 homens e 4.800 mulheres).

Já no caso de um corte de 50% no consumo desses alimentos, o número total de vidas poupadas saltaria para 29.300 (17.400 homens e 11.900 mulheres).

O que define alimentos ultraprocessados?

Alimentos ultraprocessados são produtos alimentícios que passaram por uma série de processos industriais e contêm vários ingredientes, muitos dos quais não são comuns na culinária doméstica.

Esses alimentos são geralmente prontos para consumo ou requerem apenas aquecimento antes de serem consumidos.

Algumas características dos alimentos ultraprocessados incluem:

  • Ingredientes pouco comuns: Eles contêm uma lista extensa de ingredientes, muitos dos quais são aditivos alimentares, como corantes, conservantes, aromatizantes artificiais e estabilizantes.
  • Baixo valor nutricional: Esses alimentos geralmente têm baixo teor de nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e fibras, e são ricos em calorias vazias, açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio.
  • Processamento industrial: Passam por várias etapas de processamento, envolvendo técnicas como moagem, extração, hidrogenação, refinação e transformação química.
  • Praticidade e longa vida útil: São projetados para serem convenientes, de fácil consumo e armazenamento prolongado, muitas vezes embalados em recipientes, caixas, latas ou pacotes.

Exemplos comuns de alimentos ultraprocessados incluem refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados, cereais açucarados, salsichas, macarrão instantâneo, refeições prontas congeladas, nuggets de frango, entre outros.

Vale ressaltar que nem todos os alimentos processados são ultraprocessados. Afinal, existem graus de processamento que podem variar de acordo com o tipo de alimento e os métodos utilizados.

No entanto, para o estudo, considerou-se uma dieta alimentar baseada nos principais alimentos, especialmente carnes ultraprocessadas e congelados.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Brasil de Fato, Liv Up, Performa

Como protesto, ativistas invadem propriedade do rei Charles III e roubam seus cordeiros

Artigo anterior

Mata Atlântica atinge segunda maior taxa de desmatamento dos últimos 6 anos

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido