A maior coleção de cores do mundo

Hoje em dia, temos acesso às cores de uma forma jamais vista. Você pode ligar seu aparelho preferido, seja seu celular, tablet ou computador e usufruir de uma roda completa de cores. Isso era verdadeiramente impensável há pouco tempo, quando, para usar uma cor, ela precisava existir fisicamente, como pigmento. Normalmente, o pigmento era um pó que, misturado com uma resina, tornaria-se uma tinta, por exemplo.

Dessa forma, a história das cores está entrelaçada com a história da própria arte. O historiador Edward Waldo Forbes viajou o mundo entre os anos 1910 e 1940, com o objetivo de reunir os mais raros e diferentes pigmentos. Inicialmente, a missão era de levantar essas tonalidades para autenticar pinturas italianas clássicas. No entanto, ao longo dos anos, Forbes se tornou o detentor da maior coleção de cores do mundo.

O Museu de Artes Forbes, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, reúne mais de 2.500 amostras de pigmentos. Essa coleção é usada na maior parte dos casos para fins técnicos e científicos, como comprovar que uma pintura descoberta em 2007, supostamente feita por Jackson Pollock, era uma obra falsificada.

A coleção é fascinante, sendo que cada cor possui sua própria história – algumas bastantes peculiares. Por exemplo, há o pigmento Mummy Brown, uma tonalidade milenar, feito a partir de uma resina que saía dos corpos mumificados e tingia as faixas.

Já o vermelho Cochineal era retirado de besouros esmagados. O pigmento Lapis Lazuli, de uma beleza intensa, usada na máscara mortuária do faraó Tutankhamon que, de tão admirado ao longo dos séculos, o mineral que dá origem ao pigmento chegou a valer mais que o próprio ouro.

Reprodução

Nos dias atuais, a coleção de Forbes possui pigmentos modernos, com o intuito de servir para a análise de obras de arte contemporâneas. No entanto, as verdadeiras joias da coleção são os pigmentos que o próprio historiador reuniu, devidamente protegidas para que certas cores e suas histórias não entrem em extinção.

A importância das cores

A cor é uma parte importante da vida cotidiana. Sendo assim, a maioria das pessoas concorda que a cor é uma parte importante, até mesmo vital, da vida. No entanto, há uma questão maior sobre quão bem as pessoas realmente entendem esse fato.

Quando as pessoas falam sobre a importância da cor, geralmente é em um sentido um tanto abstrato. As pessoas sabem que a cor é importante. Porém, elas não podem realmente expressar por que a cor é importante ou o que a falta dela pode significar para a qualidade de vida de alguém. Essa ambiguidade faz com que a importância da cor valha a pena investigar.

Para entender por que a cor é tão importante, precisamos primeiro pensar por que os humanos enxergam em cores. Foi apenas recentemente que conseguimos entender o quão ampla é nossa percepção de cores em comparação com outras formas de vida. Dificilmente estamos no topo do espectro de cores para a vida em geral. Isso porque, o camarão mantis, por exemplo, tem cinco vezes mais receptores de cor do que a maioria dos humanos.

Sobrevivência

Uma das grandes razões para nossa visão impressionante é que nossos ancestrais dependiam muito da cor para sobreviver. A humanidade é especialmente notável por nossa abordagem de faz-tudo da vida. Podemos comer carne, mas também podemos comer plantas. Podemos desfrutar de frutas e legumes. Preferimos ser ativos durante o dia, mas também podemos trabalhar em horário diurno ou noturno. Mesmo o uso primitivo de ferramentas nos dá acesso a quase todos os climas da Terra.

Em suma, nosso ambiente e nossas escolhas alimentares são mais amplos do que quase tudo no planeta. Adaptar-se a tantos ambientes requer um senso de cor apurado. Nossos ancestrais precisavam julgar as diferenças sutis entre plantas e animais comestíveis de relance. Além disso, esses humanos antigos também precisavam diferenciar um pouquinho de cor em um animal ou planta dentro de um espaço exuberante ou coberto de vegetação.

A visão de cores também é responsável, em grande parte, por sermos criaturas extremamente sociáveis. Ganhamos tanto a sobrevivência quanto o valor psicológico da interação humana. É uma parte tão importante da vida humana que uma parte do nosso cérebro é inteiramente dedicada a reconhecer os rostos uns dos outros.

A cor desempenha um papel enorme na interação humana. Somos muito mais capazes de reconhecer uns aos outros devido ao fato de que podemos ver em uma ampla gama de cores. Isso nos ajuda a reconhecer combinações pessoais distintas, como a cor dos olhos ou do cabelo. Além disso, muitas vezes podemos dizer muito sobre o passado recente de alguém simplesmente olhando para ele. O tempo gasto com bom tempo é óbvio em bronzeados ou leves queimaduras solares e afins.

Também somos capazes de perceber mudanças emocionais graças à impressionante percepção de cores de nossos olhos. Pense em como é fácil notar um rosto corado durante a conversa. Ou até mesmo como você pode ser atraído pelos olhos incrivelmente bonitos de alguém. Muito de como nos relacionamos uns com os outros é fortemente influenciado e auxiliado por nossa capacidade de ver em uma gama rica e vibrante de cores.

No outro extremo do espectro, também podemos notar problemas com a saúde das pessoas por meio de variações sutis de cor. Um leve amarelo do olho pode indicar problemas iniciais com o fígado de alguém. A descoloração nas mãos das pessoas pode indicar a idade, pois a lipofusão começa a adicionar pigmento à pele fina. Às vezes, pode-se até notar o melanoma antes de se espalhar, vendo as diferenças de cor nas manchas.

Então, somos feitos para conviver com as mais diversas cores, e, ao longo da evolução humana, ainda adicionamos novos significados aos pigmentos. Portanto, o trabalho dos historiadores que preservam os pigmentos é, também, a preservação da própria história humana.

Fonte: Hypeness