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A real sobre a pílula antirressaca

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Muitas pessoas adoram beber, seja socialmente com os amigos ou até ficarem totalmente bêbadas. Não importa como, por que ou o quanto você bebe, uma coisa todos sentem em comum: a ressaca. Acordar no dia seguinte com dores de cabeça e mal-estar está entre as piores coisas da vida e pode comprometer de forma negativa o nosso dia inteiro. Mas a pílula antirressaca veio prometendo acabar com tudo isso.

A pílula foi lançada em julho no Reino Unido. Chamada Myrkl, ela é um probiótico, ou seja, contém bactérias, fabricado pela empresa sueca De Faire Medical. Seu nome é uma brincadeira com a palavra “miracle”, milagre em inglês.

Segundo as informações dadas pelo fabricante, a pílula antirressaca decompõe até 70% do álcool em uma hora. O recomendado é que se tome duas unidades dela, com uma antecedência de no mínimo uma hora e, no máximo, doze horas, antes de começar a beber.

A caixa de Myrkl vem com 30 pílulas e custa 30 libras, equivalente a 180 reais. No Reino Unido, o estoque acabou já no primeiro dia de vendas. Mas essa pílula realmente funciona? A suposta eficácia da Myrkl se baseia em um único estudo com várias lacunas que colocam o resultado em xeque.

Ressaca

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Por mais que a ressaca tenha explicações possíveis do motivo de ela acontecer, ainda é difícil cravar com exatidão como ela surge e como funciona. “Embora o fato de a ressaca ser a consequência negativa mais comumente relatada do consumo de álcool, uma quantidade relativamente pequena de pesquisas tem sido dedicada a esse tópico”, afirmou o Grupo de Pesquisa de Ressaca Alcoólica (AHRG) que foi formado para aumentar a produção acadêmica sobre o tópico.

Por conta disso, pesquisar sobre ressaca é realmente difícil. O estudo em que a pílula antirressaca se baseia foi financiado pela De Faire Medical e contou com 24 voluntários com, em média, 25 anos. No estudo, eles ingeriram duas pílula de Myrkl ou placebo todos os dias durante uma semana.

Depois disso, eles tomaram uma pequena quantidade de álcool, variando entre 50 e 90mL de destilados. O tanto de bebida variou de acordo com o peso de cada um. A partir disso, o nível de álcool no sangue deles foi monitorado nas duas horas seguintes.

Como resultado, nos 60 primeiros minutos, a quantidade de álcool no sangue dos que tomaram Myrkl foi 70% menor do que das pessoas que tomaram placebo. O que causaria esse resultado seriam as duas bactérias do Myrkl, Bacillus subtilis e Bacillus coagulan, que conseguem transformar o etanol em água e gás carbônico no intestino.

Mas qual o problema do estudo?

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Mesmo que esse resultado tenha sido positivo, a metodologia do estudo demostrou ser fraca por vários motivos. Primeiro porque só foram computados os resultados de 14 dos 24 participantes. Isso porque 10 deles tiveram níveis anormalmente baixos de álcool na corrente sanguínea e foram descartados.

Segundo, esses resultados, naturalmente, variaram de pessoa para pessoa, o que diminui a precisão do estudo. E terceiro, o tempo que o remédio foi administrado no estudo é diferente do recomendado para os consumidores, já que no estudo eles tomaram a pílula durante sete dias e o recomendável para o público geral é consumir com uma antecedência de 12 horas.

“O estudo deixa muitas perguntas sem resposta. A pílula funciona em pessoas que não são jovens, saudáveis e brancas? Funciona em pessoas com doenças intestinais ou hepáticas? Existem diferenças no efeito da pílula entre homens e mulheres? O que acontece quando comida e álcool são tomados juntos? Medicamentos alteram a ação das pílulas?”, questionou o hepatologista Ashwin Dhanda, da Universidade de Plymouth.

Pílula

Folha de São Paulo

A pílula se baseia na ação da glutationa, um antioxidante que, supostamente, ajudaria na absorção de acetaldeído. No entanto, é importante reforçar que suplementos não são remédios. Eles servem para completar a dieta e não como tratamento, prevenção ou cura de doenças.

“Eles têm formulações inespecíficas, muitos ingredientes sem uma atividade pontual. Imagina-se que possuam efeitos variados em certas condições, mas eles não têm uma finalidade nem lastro científico”, explicou o médico Mario Khedi Carra, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

O que fazer então? Não existe muito segredo. O recomendável é se hidratar antes, durante e depois de beber muito. “Tome um belo copo d’água antes de começar a beber – do contrário, você vai tentar matar a sede com cerveja [ou qualquer outra coisa que estiver tomando], o que levará a um ciclo de desidratação”, sugeriu Carra.

Além disso, é importante se alimentar. Isso porque o pH do estômago muda quando ele está cheio, e isso dificulta a absorção do álcool. Então, quando uma pessoa for beber é bom tentar desacelerar o ritmo dos goles porque dá ao fígado tempo para metabolizar o etanol sem se sobrecarregar demais.

Fonte: Superinteressante

Imagens: Portal do Holanda, News Cariri, Folha de São Paulo

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