Curiosidades

Algum dia vamos morar em prédios do tamanho de cidades?

0

A Terra está enfrentando as mudanças climáticas e os seus efeitos. Por conta disso, o ser humano está sempre procurando novas maneiras de se adaptar ao ambiente. Normalmente se vê nos filmes de ficção científica que as cidades do futuro são estruturas abrangentes e independentes. Mas será que elas poderiam se tornar realidade algum dia?

Cidades fechadas se tornaram uma realidade na ficção científica. Elas são habitats independentes que incorporam toda a infraestrutura que se precisa, como por exemplo, geração de energia, produção de alimentos, gestão de resíduos e água.

Em 1969, o arquiteto Paolo Soleri propôs o conceito de arcologia, que é uma combinação de arquitetura e ecologia, quando ele quis combinar construção com filosofias ecológicas. Depois de um ano, ele começou a trabalhar em Arcosanti, uma cidade experimental na América, que colocaria em prática seus conceitos.

Cidades futuristas

BBC

Foi esse conceito de Soleri que inspirou a ficção científica e seu conceito de cidades futuristas onde as pessoas vivem e trabalham sem sair do prédio onde moram. E assim como a ficção se baseou na vida real, suas criações também inspiraram o mundo real.

Um exemplo disso é a proposta da Arábia Saudita chamada The Line. Ela é uma cidade inteligente enorme que poderia abrigar nove milhões de pessoas em um único edifício de 200 metros de largura que se estende por 170 quilômetros e tem 500 metros de altura. Esse prédio/cidade seria alimentado por energia solar e turbina eólicas, no entanto, ele não seria totalmente autossuficiente, porque ainda seriam necessários alimentos e outros suprimentos para os moradores. E isso seria fornecido por fontes externas a essa cidade.

Contudo, o curioso é que algumas estruturas parecidas com o conceito de arcologia já existem, como exemplo, pode-se ver as bases de pesquisa da Antártida, que são comunidades relativamente autossuficientes, justamente por conta do seu afastamento. A Estação McMurdo tem um alojamento com cerca de três mil pesquisadores e pessoas de apoio. Mas ela precisa de suprimentos significativos de alimentos e combustível a cada ano.

Requisitos

BBC

Além dessas bases, outras estruturas também são planejadas para serem o mais independente e autossuficiente possíveis. Como por exemplo, contarão com porta-aviões, submarinos nucleares e plataformas de petróleo. Eles têm todas as áreas de vida e trabalho para as pessoas que estão neles, mas é por um período curto. Para se ter uma ideia, um porta-aviões precisa ser reabastecido a cada poucas semanas, em comparação, um submarino nuclear pode permanecer submerso por até quatro meses. Mas nenhum desses lugares são agradáveis de viver.

Tendo lugares assim já sendo uma realidade, será que seria possível construir cidades arcológicas?  “Você pode construir quase tudo dentro do razoável. Os carregamentos seriam enormes, mas nada é inatingível. Apenas custará mais construir as bases para isso”, disse a engenheira estrutural Monika Anszperger da BSP Consulting.

O maior desafio, por conta da altura dos prédios, seria o efeito do vento. Esse efeito já é um pouco preocupante para uma casa, e no caso de torres colossais, como o Burj Khalifa em Dubai, é preciso levar em consideração o fluxo do vento e os vórtices resultantes. O vórtice é o efeito que o vento que atinge a superfície de um edifício causa, criando uma área de baixa pressão no lado oposto e depois girando para preenchê-la. É isso que faz os prédios grandes oscilarem quando há ventos fortes.

“Uma maneira de mitigar os vórtices é mudar a forma do edifício à medida que sobe. Se você não mudar a forma do edifício, esse vórtice tem a oportunidade de construir sobre si mesmo e criar ondas de movimento. Elas se sincronizam com a estrutura do edifício e causam colapso progressivo”, disse Adrian Smith, arquiteto de muitos edifícios grandes, incluindo o Burj Khalifa.

Desafios

BBC

Outro desafio para se construir essas cidades é a geração de energia. Claro que as tecnologias de energia renovável, como painéis solares e turbinas eólicas, podem ser facilmente montadas no exterior de uma arcologia, mas é improvável que eles deem uma solução completa. Isso porque eles só seriam eficazes em determinados momentos. Por isso, seria preciso sistemas de geração e armazenamento de energia de backup para quando houvesse um déficit.

Além disso, a produção de alimentos também é um fator que precisa ser considerado. Como a agricultura convencional seria impossível dentro desses prédios, poderiam ser usadas as fazendas hidropônicas verticais. Isso também daria uma forma natural de reciclagem do ar. Entretanto, a iluminação necessária aumentaria a demanda de energia e as restrições de espaço poderiam dificultar a produção de alimentos suficientes.

Possibilidade das cidades

BBC

Mesmo que nem todos vejam futuro para os arranha-céus, a população do planeta está crescendo e precisa ser acomodada. E nesse ponto, a expansão horizontal das cidades não é uma coisa sustentável indefinidamente. Tudo isso reforça o argumento de crescer para cima.

Por mais que a construção de uma arcologia seja teoricamente possível, ela exigiria engenharia inventiva para garantir que a geração de energia necessária, a produção de alimentos e os sistemas de recuperação de resíduos sejam sustentáveis. Por conta disso os críticos dizem que é difícil ver como esse tipo de cidade poderia se tornar economicamente viável em um futuro próximo.

Fonte: BBC

Imagens: BBC 

Efeito Dunning-Kruger: quando uma pessoa incompetente se acha inteligente

Artigo anterior

Afinal, o que é esse filme live-action da Barbie?

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido