Curiosidades

Ameaça fantasma, os micróbios do passado ocultos no gelo

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A cada dia que passa, as mudanças climáticas ficam ainda mais em evidência. E isso é extremamente prejudicial para nossa sobrevivência. Um exemplo é que à medida que o gelo das geleiras vai derretendo, além disso colocar a vida animal em risco, também levanta muitas questões ambientais.

Assim como em um filme de terror, criaturas antigas vão emergindo do derretimento do permafrost, e nem tudo o que emerge está morto. O vírus da gripe espanhola é apenas um dos milhões de micro-organismos escondidos no gelo do permafrost.

Em 2005, a NASA encontrou no Alasca a bactéria Carnobacterium pleistocenium. Como seu nome indica, ela data do período geológico do Pleistoceno, há 32 mil anos. Essa bactéria viveu com animais que existem apenas na imaginação das pessoas, como por exemplo, os mamutes lanudos.

Derretimento do gelo

Projeto colabora

Depois dessa descoberta, a NASA queria saber se outra parecida seria possível de se observar no gelo das calotas polares de Marte, ou em algumas luas aquáticas de Júpiter e Saturno. Isso porque elas são boas candidatas para abrigar vida microscópica.

Na Terra, o norte da Sibéria é onde abriga o permafrost mais espesso do mundo. Esse gelo tem 1,5 quilômetros de profundidade. Por conta disso, ele é muito pesquisado dos microbiologistas.

Em 2014, o casal de cientistas siberiano, Chantal Abergel e Jean-Michel Claverie, da Universidade Aix-Marseille, na França, recebeu uma amostra de solo siberiano coletada 30 metros abaixo da superfície e colocou em uma cultura de ameba. Com isso, as amebas começaram a morrer. Isso aconteceu porque no gelo existia um vírus zumbi faminto que havia despertado. E ele não era qualquer vírus.

Vírus

BBC

O Pithovirus tinha 1.500 nanômetros de diâmetro, bem menor que a espessura de um fio de cabelo, mas é 15 vezes maior do que um coronavírus, que tem 100 nanômetros. Além disso, esse vírus conseguiu ser fotografado por um microscópio óptico com facilidade. E o mais bizarro é o prazo de validade dele. Antes de voltar à vida no laboratório francês, o vírus passou 30 mil anos congelado.

Por mais que os vírus gigantes tenham até 2,5 mil genes em seu genoma, felizmente, nenhum deles se interessa por humanos. Eles infectam somente amebas e outros unicelulares.

Mas o que mais intriga a respeito dos vírus gigantes é que eles têm quase todo material genético que precisariam para serem criaturas microscópicas completamente independentes, como por exemplo, as bactérias. Isso faz com que os pesquisadores acreditem que, originalmente, eles eram bactérias que evoluíram para se tornarem mais simples.

Se isso se provar como verdade, significaria que os vírus gigantes tiveram uma origem diferente dos outro e deixaria claro que a vida no nosso planeta é bem mais maleável e complexa do que se imagina.

Ameaças

gelo

G1

Além da Sibéria, vírus antigos continuam no subsolo do gelo também de outras regiões. E isso é um perigo bem maior hoje do era no passado. Até porque, esse gelo está derretendo por conta do aquecimento global. Para se ter uma ideia, a temperatura da superfície do permafrost aumentou entre 2 a 4° C entre 1900 e 1980.

Além disso, anualmente, um bilhão de toneladas de gás carbônico que estavam presas no permafrost são liberadas na atmosfera, e nada impede que doenças saiam junto com ele.

Em 2016, a cidade de Salekhard, na Sibéria, teve um surto de antraz, uma doença bacteriana também chamada de “carbúnculo”. Esse é um tipo bem grave e raro de infecção. Ela tem duas características principais, a primeira é formar uma úlcera cor de carvão na pele; a outra é que a bactéria Bacillus anthracis infecta tanto humanos quanto outras espécies.

O curioso é que os idosos da cidade já tinham vivenciado esse surto em 1941. Décadas depois, essa volta não foi uma coincidência. Isso aconteceu porque em 2016 Salekhard teve um dos seus verões mais quentes da história. Geralmente, a temperatura não passa dos 20°C, mas nesse ano ela chegou a 35°C.

Por conta disso, as carcaças de renas mortas 75 anos atrás começaram a descongelar e aparecer na superfície. A bactéria que estava dormente voltou à ativa e 96 pessoas acabaram hospitalizadas e uma criança de 12 anos morreu.

Isso mostra que o derretimento do gelo pode trazer de volta ameaças do passado e isso pode ser uma coisa recorrente se as mudanças climáticas continuarem dessa forma.

Fonte: Superinteressante

Imagens: Projeto colabora, BBC, G1

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