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Menino de 11 anos liga para a polícia na Grande BH e pede comida

miguel liga para PM para relatar falta de comida
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Quando estamos em apuro, aprendemos a ligar para a polícia. Foi justamente isso que um menino de 11 anos fez em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte. No entanto, o seu problema não é um que a polícia tende a resolver: ele estava passando fome junto com sua família e pediu por comida.

A criança ligou para o 190 para pedir ajuda à Polícia Militar na noite de terça-feira (2). “Minha mãe estava chorando no canto, eu pedi o telefone e liguei”, disse o garoto Miguel. Sua mãe, Célia Arquimino Barros, de 46 anos, sustenta seis filhos no bairro São Cosme.

Assim, em entrevista à TV Globo, ela conta que está desempregada e sobrevive com alguns bicos. “Eu vivo de auxílio emergencial, e o pai manda R$ 250, mas não é todo mês que manda”, disse. Além disso, ela relata que ela e os filhos estavam sem comprar alimentos há quase três semanas.

“Eu só tinha fubá e farinha. Já tinha uns três dias que a gente estava assim. E que já tinha acabado as coisas, já tinha mais de 20 dias, mas ainda tinha um pouquinho de arroz, de algumas coisas”, relatou Célia.

Policiais do 35º Batalhão da PM foram até a casa de Célia e constataram que não era um caso de maus-tratos. “A guarnição ficou bastante comovida ouvindo os relatos das crianças, que há três dias eles estavam se alimentando apenas com água e fubá”, afirmou o tenente Nilmar Moreira.

A polícia afirma que irá continuar ajudado a família e disse que quem puder contribuir com cestas básicas e demais doações podem entrar em contato com o Batalhão da PM.

miguel liga para PM para relatar falta de comida

Carlayle André/TV Globo

Fome no Brasil

Com a crise econômica que atinge o mundo, incluindo o Brasil, milhões de pessoas enfrentam a fome. Em todo o Brasil, 15,5% da população sofre com insegurança alimentar grave, sendo que as crianças são as mais atingidas por esse cenário crescente.

O estado do Amazonas se localiza na região mais atingida pela fome no Brasil: a região Norte. Isso porque 71,6% sofrem com a insegurança alimentar, enquanto a fome extrema já faz parte do cotidiano de 25,7% das famílias. Isso equivale a cerca de 4,6 milhões de pessoas.

Esses índices superam os das médias nacionais: em todo o Brasil, aproximadamente 43,2% da população sofre com insegurança alimentar leve ou moderada e 15,5% com a forma grave. Esses dados chocantes são do 2º Inquérito sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede PENSSAN.

Insegurança alimentar

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divide a insegurança alimentar em duas formas:

  • Insegurança moderada, quando as pessoas não tinham certeza se iriam conseguir a próxima refeição e, em algum momento, tiveram de reduzir a qualidade e quantidade de comida.
  • Insegurança grave, quando as pessoas ficaram sem comida e passaram fome, chegando a ficar sem comida por um dia ou mais.

De acordo com o órgão, 28,9% da população enfrenta insegurança alimentar moderada ou grave. Assim, diante desse cenário de fome crescente no Brasil, especialistas apontam para os efeitos que terá nas crianças.

Isso porque, durante os primeiros anos de vida, a evolução do cérebro acontece rapidamente – a 1 milhão de conexões entre neurônios por segundo. Então, a desnutrição pode impactar diretamente no abastecimento de nutrientes necessários para esses desenvolvimento.

“O cérebro de uma criança se desenvolve de uma forma muito intensa no período que vai da gestação até os 5 anos de idade e a desnutrição pode ter impactos profundos nesse processo, em casos mais graves ou de privação longa até irreversíveis”, diz Márcia Machado, professora do departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Comitê Científico do NCPI – Núcleo Ciência Pela Infância.

De acordo com o banco de dados DataSUS, do Ministério da Saúde, 13,78% das crianças de até 5 anos atendidas pelo SUS de janeiro a setembro de 2021 apresentavam peso inadequado.

Fonte: G1

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