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Apatia pode ser um primeiro indicador de demência antes mesmo de outros sinais

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A ciência médica está constantemente procurando formas de identificar indivíduos com maior e menor risco de desenvolverem doenças na velhice. Entre elas está a demência. Isso é uma forma de tomar medidas preventivas e até mesmo planejar futuros tratamentos. O que é ótimo, já que assim, podemos anteceder o tratamento. E em alguns casos até evitar o desenvolvimento da doença.

Uma coisa que todos temos é preguiça de levantar da cama. No entanto, ela não deve ser confundida com apatia, que é uma falta de interesse incapacitante. E segundo uma nova pesquisa, a apatia pode ser um indicador precoce de demência em famílias de risco.

O estudo acompanhou 600 pessoas por dois anos e descobriu que a apatia que aconteceu cedo piorou com o tempo e previu um declínio na função cerebral das pessoas que herdaram um risco genético para demência.

Demência

E existem várias formas de demência. Já que o nome é um termo genérico para um conjunto de sintomas causados por distúrbios cerebrais.

Por mais que todas as formas sejam desabilitantes, a doença de Alzheimer é a mais comum. Contudo, o estudo se concentra em somente uma, a demência frontotemporal (DFT). Ela geralmente é diagnosticada entre 45 e 65 anos.

De uma forma coletiva, a demência afeta aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo. E alguns dos fatores são bem conhecidos. O número um é a idade. Além de problemas de saúde cardíaca e inatividade física, que podem aumentar o risco.

No entanto, reconhecer quando a demência se instala ainda é um desafio grande. Por isso, várias pesquisas são focadas diretamente em compreender como a demência se desenvolve nos estágios iniciais. Elas procuram os primeiros sinais, mesmo que sutis, para tentar evitá-la.

Encontrar esses primeiros sinais significa que tanto os médicos, quanto familiares podem intervir. Mesmo que não seja uma prevenção ou cura, mas para ajudar as pessoas a terem cuidados e suporte que precisam.

“Por outra pesquisa, sabemos que em pacientes com demência frontotemporal, a apatia é um mau sinal em termos de vida independente e sobrevivência. Aqui mostramos sua importância nas décadas anteriores ao início dos sintomas”, explicou o neurocientista clínico, James Rowe, da Universidade de Cambridge.

Apatia

A  apatia é uma característica comum da DFT, além de outros sintomas como mudanças de humor e comportamento incomuns, dificuldade de fazer bons julgamentos e impulsividade.

No estudo, as pessoas com o risco de desenvolver DFT mostraram sinais de apatia, anos antes que os médicos esperassem ver ouros sintomas baseados na idade.

“Também vimos uma redução local do cérebro em áreas que apoiam a motivação e a iniciativa, muitos anos antes do início esperado dos sintomas”, disse Maura Malpetti, neurocientista cognitiva da Universidade de Cambridge.

Por isso, a ligação entre o encolhimento do cérebro, chamado atrofia, e a apatia, foi estabelecida antes em pessoas que apresentam sintomas de DFT.

Então, a novidade do estudo é rastrear a apatia desde o momento em que ela surge pela primeira vez nas pessoas com risco genético de DFT, mas que não apresentam outros sintomas. E fazer isso para ver se a apatia prevê o começo da demência e o declínio cognitivo que se segue.

Estudo

No estudo, aproximadamente 300 pessoas, que carregavam um gene defeituoso que causa a  DFT, foram recrutadas. Elas foram avaliadas três vezes durante dois anos. Foram feitas varreduras cerebrais, medidas de apatia e testes de função cognitiva, incluindo testes de memória.

“No início, embora os participantes com uma mutação genética se sentissem bem e não tivessem sintomas, eles estavam mostrando maiores níveis de apatia do que seus parentes não afetados. A quantidade de apatia, no início do estudo, também previu problemas cognitivos nos próximos anos”, disse Rogier Kievit, outro neurocientista cognitivo da Universidade de Cambridge envolvido no estudo.

Os pesquisadores viram como a apatia piorou entre os portadores do gene e suas habilidades cognitivas se deterioraram ao longo dos dois anos mais do que as de outras pessoas.

“A apatia progride muito mais rápido para aqueles indivíduos que sabemos que estão em maior risco de desenvolver demência frontotemporal, e isso está relacionado a uma maior atrofia no cérebro”, disse Kievit.

“Há muitas razões pelas quais alguém se sente apático. Mas os médicos precisam ter em mente a possibilidade de apatia anunciar uma demência e aumentar a chance de demência se não for tratada, especialmente se alguém tiver um histórico familiar de demência”, ressaltou Rowe.

“Tratar a demência é um desafio, mas quanto mais cedo pudermos diagnosticar a doença, maior será a nossa janela de oportunidade para tentar intervir e retardar ou interromper seu progresso”, concluiu.

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