Por 
A maioria das empresas do Reino Unido que participaram de um projeto para testar a semana de trabalho de 4 dias afirmou que manterá o sistema depois do fim da fase experimental.
Ao todo, mais de 70 empresas estão participando do projeto, em que os funcionários trabalharam 80% de suas horas normais de trabalho mantendo a mesma remuneração. O projeto começou há três meses e deve durar mais três.
Dados iniciais apontam que, até o momento, a produtividade foi mantida ou melhorada na maioria das empresas. No entanto, empresas mais tradicionais afirmam que a mudança é “complicada”.
O teste é feito pela 4 Day Week, um grupo que faz campanha por uma semana de trabalho mais curta, em conjunto com o instituto de pesquisa Autonomy e pesquisadores das universidades de Cambridge e Oxford.
“Estamos aprendendo que para muitos é uma transição bastante suave e para alguns há alguns obstáculos compreensíveis – especialmente entre aqueles que têm práticas, sistemas ou culturas comparativamente fixas ou inflexíveis que datam do século passado”, disse Joe O’Connor, executivo-chefe da 4 Week Global, que está executando o esquema em vários países.
Resultados da pesquisa
Das 73 empresas no teste, 41 empresas responderam a uma pesquisa preliminar. Entre elas, 86% dos entrevistados afirmaram que manteriam a política de quatro dias da semana depois do término do teste.
A maioria das empresas afirmou que a mudança está funcionando bem. Além disso, 95% disseram que a produtividade permaneceu a mesma ou melhorou com a semana mais curta.
Mais de 3.300 funcionários estão recebendo um dia de folga remunerado durante o período de teste.
A 4 Day Week aponta que os funcionários se beneficiaram com menos custos de deslocamento e menos gastos com creches ou babá.
“Uma semana de quatro dias sem diminuição do pagamento pode ser crucial no apoio para manutenção do estilo de vida dos trabalhadores nos próximos anos”, explicou Will Stronge, diretor de pesquisa da Autonomy.
Grande mudança
Foto: PIXELFIT
A empresa Waterwise, que realiza campanha para reduzir a quantidade de água utilizada no Reino Unido, é uma das que participam do teste. De acordo com a empresa, sua equipe demorou um pouco para se acostumar, mas agora está “muito feliz”.
“Não foram só flores no início”, afirmou a diretora administrativa da Waterwise, Nicci Russell. “Mas nenhuma grande mudança é. Algumas semanas são mais fáceis do que outras, mas estamos lidando com isso muito melhor agora do que estávamos no início.”
A diretora ainda afirmou que os trabalhadores adoram tirar a folga extra e voltar ao trabalho revigorados. “Tem sido ótimo para o nosso bem-estar e definitivamente já estamos mais produtivos”, afirma a diretora.
Empresas brasileiras também devem adotar semana de trabalho de 4 dias?
Foto: Getty Images
No Brasil, levantamento realizado pela plataforma de anúncios de vagas, Emprego.com.br, e divulgado pelo Valor Econômico, mostrou que 81% dos profissionais brasileiros preferem trabalhar quatro dias e folgar três.
Entre as 2.552 pessoas ouvidas, 13% ainda possuem dúvidas sobre o modelo de trabalho e 6% acreditam que não funciona.
No entanto, as empresas brasileiras não se mostraram favoráveis a essa iniciativa. De acordo com o levantamento, apenas 4,9% das corporações são a favor da jornada reduzida.
Já 71,1% das empresas ainda não têm um posicionamento definido e 25% se posicionam contra. A pesquisa foi realizada com 251 empresas cadastradas na base da Empregos.com.br.
Vale ressaltar que a diminuição da jornada de trabalho dos funcionários não prevê cortes nos salários. Conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o valor só pode ser reduzido em casos de acordos coletivos.
Ainda vale destacar que entre 2015 e 2019, a Islândia reduziu a jornada de trabalho para 35 horas semanais, com quatro dias úteis. No país, o resultado apontou que os profissionais se tornaram mais produtivos, engajados e motivados.
Comentários