Curiosidades

Os falsos chats adultos que enganam homens ao redor do mundo

0

Homens ao redor de todo o mundo pagam centenas de dólares em websites adultos para conversar com o que eles acham que são mulheres jovens e atraentes. No entanto, qualquer pessoa pode estar respondendo nos chats.

De acordo com apuração da BBC, esses perfis falsos podem infringir leis rigorosas sobre conduta digital e conteúdo adulto.

O estudante universitário nigeriano Abiodun (nome fictício) gerencia perfis falsos em websites de encontros de propriedade da empresa holandesa Meteor Interactive BV. Ele troca de perfis entre as dezenas de contas falsas administradas por ele nesses websites, mas todos alegam ser uma mulher branca jovem e atraente. 

Em um desses sites, ele é Gingerhoney, uma modelo com 21 anos de idade. Ela se descreve como a melhor coisa do mundo, depois do mel.

Abiodun mantém em seu computador, uma pasta com várias imagens obscenas de Gingerhoney, para caso algum cliente pedir uma foto erótica. Elas são todas de bancos de imagens, retiradas de diversas fontes.

Gerenciamento

Foto: BBC

Além de Abiodun, diversas pessoas gerenciam 24 horas por dia, em turnos, o perfil de Gingerhoney. Eles usam até mesmo uma ferramenta avançada de mapa para criar um local falso para Gingerhoney dentro de um raio de 50 km do cliente.

Apesar da inscrição nos websites ser grátis, os clientes precisam assinar os pacotes, que custam de US$ 6 a US$ 300 (cerca de R$ 30 a R$ 1,5 mil), para receber ou enviar mensagens para as “mulheres”.

De acordo com Abiodun, os clientes mais jovens querem encontrar fisicamente as mulheres, mas os idosos se satisfazem com chats sobre sexo e fotos e vídeos eróticos.

A meta de Abiodun e de outras pessoas é manter esses assinantes nos websites pelo maior tempo possível, para que eles esgotem os seus créditos. Eles são instruídos para que cada mensagem tenha pelo menos 150 caracteres e termine “em aberto”, para que a conversa siga.

O recrutamento para moderadores dos chats

Foto: Reprodução/ G1

A Meteor Interactive BV utiliza uma companhia terceirizada no Suriname, a Logical Moderation Solutions (LMS), fundada por Orano Rose, para recrutar, treinar e indicar seus funcionários nigerianos.

De acordo com a BBC, a companhia recrutou e treinou centenas de pessoas, principalmente nos estados nigerianos de Lagos e Abuja. As vagas de emprego são divulgadas no Instagram, Twitter e Telegram e destinam-se ao exército de jovens formados desempregados da Nigéria.

Os empregos são anunciados como “funções online”, “vagas em marketing digital” ou “moderação de chats”, sem mencionar o conteúdo adulto que os funcionários precisarão gerenciar.

Adedamola Yusuf, uma das principais recrutadoras da LMS, mora na Alemanha e cuida dos anúncios de emprego nas redes sociais, nas quais exibe uma vida de glamour.

“Você está falando com gente branca entediada. E o trabalho é perfeitamente legal e autorizado, tanto na Alemanha quanto na Nigéria”, teria dito ela em chat no WhatsApp com potenciais contratados no seu primeiro dia de trabalho, conforme repercutido na BBC.

Já Nicholas Akande, diretor da LMS na Nigéria, contratou mais de 100 pessoas na primeira semana de julho e afirmou para elas que o emprego era legal. 

Aulas

Os candidatos precisam ser aprovados em testes de língua inglesa para poderem representar seus papéis com o mínimo de erros. Além disso, eles recebem aulas sobre a cultura, estilo de escrita e tendências de conversas nos locais onde moram as pessoas com quem falaram nos chats.

Depois do treinamento, eles recebem os detalhes de login nos sites, onde conseguem acesso a informações pessoais, como o endereço residencial, número de telefone e a idade dos assinantes dos chats.

Gasto dos homens nos chats

Foto: Unsplash

De acordo com a BBC, alguns homens afirmaram terem gastado de US$ 300 a US$ 700 (cerca de R$ 1.500 a R$ 3.500) nesses chats, esperando encontrar as “mulheres” com quem falavam.

Apesar das reclamações, a Meteor Interactive afirma que seus Termos e Condições explicam que alguns dos seus perfis são fictícios e que “não há possibilidade de encontro”.

No entanto, a empresa não informou por que seus funcionários nigerianos usam a ferramenta de mapa para falsificar sua localização. Essa ferramenta pode gerar falsas esperanças de um encontro que nunca acontece.

Lei

Especialistas apontam que a ação dessas pessoas beira a fraude na internet, de acordo com uma lei nigeriana que proíbe a postagem de conteúdo adulto ou obsceno online. 

A lei de cibercrimes de 2015 proíbe:

  •  enviar mensagens eletrônicas deturpando fatos significativamente;
  • enviar mensagens ofensivas, pornográficas, indecentes, obscenas ou ameaçadoras;
  • usar cartões para obter serviços de maneira fraudulenta.

Uma autoridade do governo informou que a LMS corre o risco de ser banida da Nigéria em caso de envolvimento em fraudes e conteúdo adulto.

Já Orano Rose, da empresa surinamesa LMS, declarou à BBC que não realizava nada ilegal e que não conhecia a lei de cibercrimes da Nigéria. Mas, como ele mora no Suriname, seria difícil processá-lo.

A LMS contrata funcionários com salários mensais de até 150 mil nairas (US$ 355 ou cerca de R$ 1,8 mil), o dobro do salário de novos professores, desde que enviem pelo menos 500 mensagens por dia para vários clientes.

Para Abiodun, seu papel é “uma pequena parte de uma operação global e um crime menor em comparação com a fraude na internet”.

Fonte: G1

Como funcionava o primeiro computador brasileiro criado há 50 anos

Artigo anterior

Após teste, semana de trabalho de 4 dias deve ser mantida por empresas no Reino Unido

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido