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As lições que os neandertais nos ensinam 40 mil anos depois da sua extinção

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Os neandertais são um reflexo da nossa humanidade desde que foram descobertos em 1856. Especialistas apontam que o que acreditamos saber sobre eles foi moldado para se adequar à nossa cultura, normas sociais e padrões científicos.

Primeiramente, acreditava-se que eles eram espécimes doentes. Em seguida, que eram nossos primos subumanos primitivos. Atualmente, apontam que eles eram humanos avançados.

Os cientistas apontam que o Homo neanderthalensis era muito parecido conosco, inclusive, no passado, nós convivemos com eles e nos cruzamos com frequência. 

Por isso, muitas pessoas se questionam por que os neandertais foram extintos, enquanto os humanos sobreviveram, prosperam e dominaram o planeta.

Seu cérebro era maior que o nosso

Foto: Getty Images/ BBC

Os neandertais evoluíram há mais de 400 mil anos, provavelmente a partir do Homo heidelbergensis. Eles se espalharam do Mediterrâneo para a Sibéria. Especialistas apontam que eram altamente inteligentes, com cérebros em média maiores que os do Homo sapiens.

Eles caçavam grandes animais, coletavam plantas, cogumelos e frutos do mar. Além disso, conseguiam controlar o fogo para cozinhar, faziam ferramentas rebuscadas, vestiam peles de animais, utilizavam conchas de decorações e eram capazes de desenhar símbolos nas paredes das cavernas.

Os neandertais também cuidavam dos jovens, velhos e doentes, criavam abrigos para se protegerem, e suportarem os invernos rigorosos e verões quentes. Eles também enterravam seus mortos.

Especialistas também apontam que os neandertais encontraram nossos ancestrais diversas vezes ao longo de milhares de anos atrás. As duas espécies compartilharam o continente europeu por cerca de 14 mil anos. Além disso, segundo informações da BBC, eles até tiveram relações sexuais.

A extinção dos neandertais

Foto: Getty Images/ BBC

A principal diferença entre os neandertais e nossa espécie é que eles foram extintos há cerca de 40 mil anos. Especialistas apontam que isso foi devido a uma combinação de fatores.

A primeira delas é que o clima da última era glacial era altamente variável, indo do frio ao calor extremo e vice-versa. Isso pressionava as fontes de alimentos de animais e plantas, fazendo com que eles precisassem se adaptar de maneira constante às mudanças ambientais.

Outro motivo é que nunca houve muitos neandertais. A população total deles nunca ultrapassou dezenas de milhares de pessoas.

De acordo com os professores Peter C. Kjærgaard, Mark Maslin e Trine Kellberg Nielsen, os neandertais viviam em pequenos grupos, de 5 a 15 indivíduos, em comparação com o Homo sapiens, que formava grupos de até 150 indivíduos. Isso pode ter feito com que eles se tornassem geneticamente insustentáveis.

Por fim, eles precisaram competir com outros predadores, particularmente os grupos de humanos modernos que surgiram da África há aproximadamente 60 mil anos. Por isso, os professores acreditam que muitos neandertais podem ter sido assimilados nos grupos maiores de Homo sapiens.

Há provas?

Foto: Getty Images/ BBC

Eles deixaram diversas pistas para serem estudadas dezenas de milhares de anos depois. Nos últimos 150 anos, foram coletados ossos fósseis, ferramentas de pedra e madeira, objetos e joias deixadas para trás. Além disso, foram descobertos cemitérios.

Os professores Kjærgaard, Maslin e Nielsen também mapearam o genoma dos neandertais a partir de DNA antigo. Com isso, eles descobriram que cerca de 99,7% do DNA de neandertais e humanos modernos é idêntico, por isso, para eles, não existe dúvidas de que eles sejam nossos parentes extintos mais próximos.

Ainda segundo eles, o mais surpreendente pode ser a evidência de cruzamento que deixou vestígios de DNA neandertal em humanos vivos hoje. Inclusive, muitos europeus e asiáticos têm entre 1% e 4% de DNA neandertal. Já os únicos humanos modernos sem traços genéticos de neandertais são as populações africanas localizadas ao sul do Saara.

A análise do genoma neandertal também ajuda a entender melhor sua aparência, isso porque existem evidências de que alguns desenvolveram pele clara e cabelos ruivos muito antes do Homo sapiens. 

Os professores apontam que muitos dos genes que os neandertais e os humanos modernos compartilham estão relacionados a diversas coisas, desde a capacidade de saborear alimentos amargos até a capacidade de falar.

Além disso, parte do DNA neandertal pode provocar problemas quando combinado com um estilo de vida ocidental moderno. Existem, ainda, relações com alcoolismo, obesidade, alergias, coagulação do sangue e depressão.

Os cientistas chegaram a apontar que uma antiga variante genética neandertal poderia aumentar o risco de complicações graves para quem contrai covid-19.

Fonte: BBC

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