Os humanos são os únicos mamíferos que são capazes de manipular a terra para cultivar alimentos? De acordo com pesquisas recentes, parece que não é bem assim. Isso porque cientistas da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, descobriram que os roedores da espécie Geomys pinetis também praticam um tipo de agricultura.
Dessa forma, podemos afirmar que humanos não são os únicos. Análises em um campo de tocas feitas pelos roedores sugerem que eles não só colhem as raízes de pinheiros que crescem em suas casas, já que eles também as cultivam.
O plano da equipe era de observar se o crescimento das raízes invadia os túneis em que os roedores vivem. Além disso, queriam estudar como eles cultivam a fonte de alimento nos túneis já feitos, assim como nas novas tocas. Então, descobriram que, uma vez que as raízes atingem as tocas, os mamíferos incentivam o crescimento por meio de fezes e urina. Essa certamente não é a forma que os humanos cultivam seus alimentos. Porém, pesquisadores sugerem que, de certa forma, é parecida com o método dos humanos.
Vale destacar que existe um debate científico sobre o que caracteriza a agricultura. Assim, os cientistas que realizaram o estudo defendem que os roedores têm consciência do que estão fazendo. Os animais gastam tempo e energia cultivando as plantações, trabalhando na manutenção das tocas e no crescimento das raízes.
Segundo eles, o que torna isso uma forma de agricultura é a utilização de resíduos como fertilizante para melhorar as condições do ambiente. Como os mamíferos raramente interferem nas atividades humanas, a única fonte de alimento deles são as raízes que entram nos túneis. Além disso, eles são importantes “engenheiros do ecossistema”, segundo os pesquisadores. Isso porque arejam o solo por meio da escavação e devolvem nutriente à superfície.
Agricultura
No entanto, alguns especialistas defendem que a agricultura requer o ato de plantar os vegetais, para além de colher e cultivá-los. Ainda assim, a equipe por trás da pesquisa aponta que nem os humanos fizeram isso em todos os casos. As árvores frutíferas são um exemplo de um tipo de agricultura em que as plantas são manejadas em vez de plantadas, como o açaí.
Outro exemplo é qualquer cultura perene que cresce sozinha. Com essa linha de pensamento, os roedores podem ser considerados os primeiros agricultores mamíferos que não sejam os humanos.
Comunicação entre chimpanzés pode ser mais completa do que se pensava
Outro avanço em compreender o reino animal e como os humanos talvez não sejam tão especiais como pensado ocorreu nos estudos de chimpanzés. Um novo estudo analisou quase 5 mil gravações de chamados de chimpanzés do Parque Nacional Taï, na Costa do Marfim. Assim, pesquisadores examinaram a estrutura dos áudios e encontraram 390 sequências vocais únicas.
Essas sequências vocais são parecidas com frases, sendo montadas com combinações de tipos de chamados, como gritos, grunhidos e outros barulhos. Embora não seja do mesmo nível de complexidade da comunicação humana, esse estudo já apresenta um enorme avanço na forma que interpretávamos a comunicação entre chimpanzés.
Sendo assim, esse estudo representa a primeira vez que temos uma documentação tão detalhada e diversa da produção vocal de chimpanzés. Isso porque, até então, a comunicação não havia sido estudada de uma forma tão extensa.
“Nossas descobertas apontam um sistema de comunicação vocal em chimpanzés muito mais complexo e estruturado do que se pensava anteriormente”, conta Tatiana Bortolato, uma das autoras da pesquisa.
Com isso, os cientistas tiveram como objetivo entender como os chimpanzés combinam esses chamados únicos em sequências, como eles ordenam os chamados em sequências e como as recombinam em sequências maiores. Basicamente, querem saber como formam sons em palavras e palavras em frases.
Ao todo, os pesquisadores registraram 12 tipos de chamados distintos. Portanto, pareciam ter significados diferentes, dependendo do contexto em que os primatas o usaram. Isso é semelhante a como nós, humanos, nos comunicamos.
“Os grunhidos individuais, por exemplo, são predominantemente emitidos para comida, enquanto os grunhidos ofegantes são usados como uma vocalização de saudação submissa”, explicam no artigo.
Logo, ao interpretar essas informações, sugere-se uma complexidade na comunicação dos chimpanzés que, até o presente momento, não se considerava entre os pesquisadores. A pesquisa, além de abrir campo de estudo para compreender melhor os chamados, também proporciona informações para estudar o início da nossa própria linguagem.
Fonte: Superinteressante