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As mulheres por trás de She-Hulk

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O primeiro sucesso live-action da Marvel não veio com X-Men, Blade e nem Homem-Aranha. A verdade é que a primeira adaptação do universo da Marvel que conquistou o público foi a série O Incrível Hulk, em 1978, da emissora de TV estadunidense CBS.

A série possuía efeitos especiais que eram considerados datados até para a época, mas o mundo conheceu o drama do Dr. David Banner, que se transformava no monstro verde gigante quando sentia raiva. Embora o nome do personagem nos HQs seja Bruce Banner, a ideia da série não era se manter tão fiel.

Assim, O Incrível Hulk foi um sucesso e durou até 1982, ganhando um Emmy (de Melhor Atriz, para Mariette Hartley). No processo, instaurou no imaginário coletivo a imagem do fisioculturista Lou Ferrigno interpretando o monstro verde. No entanto, é possível que a maior contribuição da série tenha sido a criação da She-Hulk – e foi sem querer.

Isso porque, na mesma época, havia outro sucesso na telinha: a série A Mulher-Biônica (1976-1978). A produção era sobre uma mulher-ciborgue com super força e sentidos sobre-humanos, um spin-off de outra série, O Homem de Seis Milhões de Dólares.

Como A Mulher-Biônica era uma série derivada, a Universal, criadora do show, conseguiu os direitos exclusivos de propriedade, diferente do que aconteceu com O Homem de Seis Milhões de Dólares. Então, a empresa não precisou licenciar nada com o autor do livro que deu origem à série.

Essa estratégia foi motivo de preocupação da Marvel, já que a Universal também estava por trás de O Incrível Hulk. A pergunta era: e se o estúdio fizesse uma nova personagem fora da alçada da editora? Portanto, Stan Lee correu para criar – e registrar – a versão feminina do Hulk antes que algo assim acontecesse.

Naquela época, Stan Lee era presidente da Marvel, mas estava afastado da produção de histórias. Aliás, She-Hulk foi a última personagem criada por Lee. Então, em 1980, She-Hulk estreou na HQ The Savage She-Hulk #1, com arte de John Buscema.

A história todos já devem conhecer: a advogada Jennifer Walters se acidenta e acaba recebendo uma transfusão de sangue do primo: ninguém menos que Bruce Banner. Portanto, ela adquire as habilidades do Hulk, mas há uma diferença: ela consegue manter sua consciência quando fica no modo monstro verde.

Agora, estamos vendo o sucesso da personagem novamente, nas telinhas, graças ao esforço da atriz Tatiana Maslany, que interpreta Jen, assim como toda a equipe composta em sua maioria por mulheres.

Jessica Gao

Jessica Gao, a roteirista da série, contou que seu primeiro emprego foi em uma loja de quadrinhos, enquanto ainda cursava o ensino médio. Fã do gênero, ela organizava as convenções do colégio e lia vários tipos de história, sem se prender aos super-heróis.

“Acho que foi [o quadrinista] John Byrne que fez eu me apaixonar pela personagem”, relembra Gao, durante uma entrevista por vídeo. A fase de Byrne foi a responsável por consolidar diversos traços marcantes de She-Hulk, como a quebra da quarta parede. “Ela sempre tinha uma opinião sobre a história e, não raro, brigava com o escritor. Era muito divertido.”

Assim sendo, suas primeiras experiências como roteirista foram no canal Nickelodeon. Em 2014, elaborou episódios para a HBO e, em 2017, entrou para o time de Rick e Morty, sendo autora de “Pickle Rick”, um dos mais célebres episódios e que rendeu ao programa o seu primeiro Emmy.

Depois do Emmy, Jessica tentou de todo jeito trabalhar na Marvel. Não foi fácil. “Quando a Marvel decide começar um projeto, eles vão atrás de roteiristas, que, por sua vez, fazem a sua proposta de abordagem para aquela produção”, explica. Jessica fez isso em três ocasiões – mas todas as suas sugestões foram rejeitadas.

“Eu dizia: ‘Se vocês decidirem fazer um filme com ela [na época, o MCU ainda não fazia séries para o Disney Plus], me liguem – ou eu coloco esse estúdio abaixo’”, lembra Jessica, rindo. Então, a ligação veio.

“O legal da televisão é que você tem tempo e espaço para realmente viver com um personagem”, disse, em uma entrevista para a revista Hollywood Reporter. “Eu quero saber o que está acontecendo em uma terça-feira quando o mundo não está em perigo. O que acontece quando uma mulher verde de dois metros de altura precisa comprar um terno?”

Kat Coiro

Kat Coiro é a diretora responsável por seis dos nove episódios de She-Hulk, sendo que os outros três foram da cineasta Anu Valia. Antes de trabalhar na Marvel, ela participou de sitcoms amados, como Modern Family e Brooklyn Nine-Nine.

“Quando descobri que a Marvel estava produzindo uma série sobre a She-Hulk, fiquei animada e corri para tentar participar”, disse Kat. “Eu sabia que o estúdio valorizaria a devoção que eu criei pela personagem ao longo dos anos”. No entanto, o início do projeto coincidiu com o lockdown, o que deu tempo para a diretoria alinhar seu plano.

Desde o começo, ela soube que a chave estava em achar um meio termo entre comédias de TV e as produções cinematográficas. “Sempre foi uma questão de como equilibrar essas duas linguagens”, conta. “Temos que honrar e valorizar a comédia ao mesmo tempo que jogamos de acordo com o MCU e tudo o que esse universo carrega”.

Tatiana Maslany

She-Hulk

Disney+/Divulgação

A atriz canadense ficou conhecida internacionalmente por ser a estrela de Orphan Black, que lhe rendeu o Emmy de Melhor Atriz em Série Dramática em 2016. “Foi uma surpresa quando recebi o roteiro da Jessica”, lembra a atriz. “Era algo muito diferente de uma história de super-herói comum, eu dava risadas a cada página. Senti que era uma personagem divertida – e com a qual eu conseguiria me relacionar”.

“Foi incrível receber essa notícia em tempos tão estranhos, em que tudo parecia surreal”. “Desde a primeira vez que vi a Tatiana, senti muita firmeza”, lembra Kat, que ressaltou a relação entre ela e Ruffalo. “Química não é algo que você escreve, não é algo que se pode dirigir. Um conseguiu despertar o melhor lado do outro e vice-versa”.

Já Ruffalo foi surpreendido com She-Hulk, apesar de todos seus anos no MCU. “Chegar em um lugar onde a maior parte da equipe é composta por mulheres, eu nunca estive em um set como aquele”, disse o ator. “É algo totalmente diferente, especialmente em uma produção da Marvel. E isso é ótimo”.

Fonte: Superinteressante

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