Ciência e Tecnologia

Astrônomos descobrem o sistema solar perfeito

0

Astrônomos descobriram um sistema solar perfeito, isento das colisões tumultuadas que moldaram o nosso, resultando em uma variedade de planetas de tamanhos diversos.

Localizado a cem anos-luz da Terra, este sistema possui seis planetas, todos aproximadamente do mesmo tamanho. Assim, mantém sua configuração praticamente inalterada desde sua formação há 12 bilhões de anos.

Essa estabilidade única faz dele um laboratório ideal para estudar a formação planetária e explorar a possibilidade de vida nesse ambiente estável.

Os resultados dessa pesquisa estão na revista científica Nature. Enquanto nosso próprio Sistema Solar veio de colisões violentas entre planetas durante sua formação, o sistema HD110067, como os astrônomos o denominaram oficialmente, apresenta uma narrativa cósmica notavelmente tranquila.

Órbitas e tamanhos

Via Folha de São Paulo

Não apenas os planetas compartilham tamanhos semelhantes, mas também exibem uma harmonia orbital única, em marcante contraste com as órbitas planetárias em nosso próprio Sistema Solar.

Enquanto o planeta mais interno completa três órbitas em torno da estrela, o seguinte realiza duas, e assim por diante até o quarto planeta do sistema.

A partir desse ponto, ocorre uma transição para um padrão 4:3 nas velocidades de órbita relativas aos dois últimos planetas.

Essa coreografia planetária intricada é tão precisa que os pesquisadores a transformaram em uma composição musical cíclica, assemelhando-se ao estilo de Philip Glass.

Cada nota e ritmo na peça correspondem aos planetas e seus períodos orbitais específicos.

O investigador Rafael Luque, da Universidade de Chicago, encabeçou a pesquisa e descreveu o HD110067 como um sistema solar exemplar.

Ele diz que é propício para examinar a formação planetária, pois este sistema solar perfeito não experimentou um início tumultuado como o nosso, e permanece sem alterações em sua origem.

Marina Lafarga-Magro, pesquisadora da Universidade de Warwick, expressou admiração pelo sistema, chamando-o de belo e singular.

Ela diz que é ‘verdadeiramente emocionante’ acompanhar algo inédito como essa descoberta.

Pesquisa inédita

Nos últimos 30 anos, os astrônomos têm revelado milhares de sistemas solares, mas nenhum deles se mostra tão propício para o estudo da formação planetária quanto o HD110067.

A notável semelhança de tamanho entre os planetas e a tranquilidade inabalável do sistema são cruciais para os astrônomos, facilitando sobremaneira a comparação e contrastação.

Essa abordagem será essencial para construir uma narrativa compreensiva sobre a formação e evolução desses corpos celestes.

Além disso, o sistema abriga uma estrela brilhante, simplificando a busca por sinais de vida nas atmosferas dos planetas.

Os seis recém-descobertos planetas, todos classificados como “sub-Netunos” pelos astrônomos (maiores que a Terra, mas menores que Netuno, que é quatro vezes mais amplo que a Terra), têm entre duas e três vezes o tamanho do nosso planeta.

O interesse nessas novas descobertas aumentou significativamente desde setembro, quando foi revelado que um planeta sub-Netuno, denominado K2-18b, em outro sistema estelar, apresenta uma atmosfera com indícios de um gás produzido na Terra por organismos vivos, o que os astrônomos chamam de bioassinatura.

Ausência

Via Folha de São Paulo

Embora o nosso Sistema Solar careça de sub-Netunos, eles são considerados os planetas mais comuns na galáxia. No entanto, surpreendentemente pouco se sabe sobre esses corpos celestes.

A composição predominante desses planetas, seja rochosa, gasosa ou aquosa, e se oferecem condições propícias para a vida, são incógnitas para os astrônomos.

A descoberta do HD110067 proporciona à equipe de Luque uma oportunidade única para abordar essas questões de forma relativamente rápida, tornando-se um dos tópicos mais promissores na área.

Conforme afirma o especialista, podemos ter respostas concretas desse sistema solar perfeito em menos de dez anos. Afinal, agora conhecemos sua localização e é uma questão de tempo para chegar lá.

Se as próximas observações da equipe indicarem que os sub-Netunos podem oferecer condições para a vida, isso ampliará significativamente o número de planetas potencialmente habitáveis.

Dessa forma, aumentará as perspectivas de detectar sinais de vida em outros mundos, mais cedo ou mais tarde.

Sistema solar perfeito alcançável

Uma corrida emocionante começou para identificar bioassinaturas em um desses seis novos sub-Netunos, bem como em dezenas de outros descobertos por diferentes pesquisadores.

Com uma nova geração de telescópios equipados com capacidades aprimoradas e outros prestes a entrar em operação, muitos astrônomos acreditam que não será necessário esperar muito para avançar nesse campo de estudo.

Os planetas foram identificados por meio do Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) da NASA e do CHaracterising ExOPlanet Satellite (Cheops) da Agência Espacial Europeia (ESA).

 

Fonte: Folha de São Paulo

Imagens: Folha de São Paulo, Folha de São Paulo

7 pratos que não podem faltar na sua Ceia de Natal

Artigo anterior

Por que vemos a Lua durante o dia?

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido