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Cartas sugerem que Van Gogh era bipolar

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Será que Van Gogh era bipolar? A questão da saúde mental desse pintor sempre foi objeto de discussão, principalmente devido ao incidente com sua orelha e ao fato de ter tirado a própria vida.

No entanto, já podemos adiantar que não existe consenso sobre se ele sofria de depressão ou outro transtorno específico.

Contudo, psiquiatras da Universidade de Groningen (Holanda) sugerem, com base em mais de mil cartas deixadas pelo pintor e entrevistas com historiadores do Museu Vincent van Gogh, que ele poderia ter tido transtorno bipolar.

Nessas cartas, escritas para seu irmão Theo e outros familiares, Van Gogh descreveu suas experiências, incluindo seus problemas mentais, às vezes com o intuito de informar ou tranquilizar a família.

Via Wikimedia

Fases diferentes

De acordo com o estudo publicado no periódico International Journal of Bipolar Disorder, o artista Van Gogh atravessou fases distintas de depressão e mania, sendo predominante o diagnóstico de transtorno bipolar.

Os pesquisadores não especificaram o subtipo de transtorno bipolar, mas mencionaram a ocorrência de episódios depressivos extremamente graves.

Uma hipótese dos psiquiatras é que Van Gogh era bipolar, sendo mais produtivo artisticamente durante períodos de hipomania, uma fase do transtorno bipolar associada a surtos de criatividade.

Por outro lado, durante os episódios depressivos intensos, sua produção artística diminuía consideravelmente. Às vezes, ele não pintava por longos períodos ou suas obras refletiam um estado emocional “muito triste”.

Para ilustrar a gravidade de sua saúde mental, Van Gogh chegou a ser internado em um hospital psiquiátrico por mais de um ano.

Comorbidades

O estudo conclui que é altamente provável que Van Gogh era bipolar e sofresse de doenças coexistentes. Desde a idade adulta jovem, ele muito provavelmente desenvolveu um transtorno de humor, o que levou ao seu fim trágico.

Além disso, os pesquisadores afirmam que a situação provavelmente se agravou devido a um transtorno relacionado ao consumo de álcool, combinado com desnutrição.

Consequentemente, essa combinação resultou em maior tensão psicossocial, culminando em uma crise durante a qual ele cortou a própria orelha.

Via Wikimedia

Piora no estado

O estudo também discute que, a partir desse ponto, o pintor provavelmente desenvolveu dois delírios associados à abstinência de álcool, seguidos por uma deterioração com episódios depressivos graves dos quais ele não se recuperou completamente, culminando, finalmente, em suicídio.

Além disso, o estudo holandês identifica a epilepsia focal (lobo temporal) como uma comorbidade adicional.

Assim, Van Gogh era bipolar, mas não apenas isso, também tendo outros distúrbios, conforme revelado em suas cartas.

Bipolaridade

O transtorno bipolar é uma condição mental caracterizada por oscilações extremas de humor, que vão desde episódios de depressão profunda até períodos de euforia ou mania.

As características são bastante significativas, principalmente os episódios de mania, em que o paciente experimenta sentimentos muito intensos, oscilações de energia e comportamento impulsivo, como gastos excessivos, comportamento sexual imprudente ou envolvimento em atividades de alto risco.

Além disso, como Van Gogh era bipolar, segundo constatações, ele poderia vivenciar mais sobre ideias grandiosas, delírios e episódios depressivos alternados.

Mesmo com essas características, o diagnóstico do transtorno bipolar só ocorre com profissionais de saúde mental, com base em uma avaliação completa.

Somente dessa forma é possível identificar o transtorno e não outras condições, considerando entrevista detalhada, histórico familiar e uma lista de critérios para gerar o diagnóstico certo.

Existem diferentes tipos de transtorno bipolar, e não é possível saber qual Van Gogh possuía somente pelas suas cartas. O modelo mais comum é o de mania, que chega a exigir internação, mas outras formas mais brandas trazem oscilações de humor menos intensas.

Se diagnosticado corretamente, o tratamento ocorre com uma combinação de medicamentos estabilizadores de humor, psicoterapia e suporte psicossocial.

Por isso, é fundamental buscar ajuda profissional, ter uma rede de apoio e saber identificar episódios e sintomas, para ter uma melhora na qualidade de vida e reduzir o risco de complicações.

 

Fonte: Canaltech, Hospital Albert Einstein

Imagens: Wikimedia, Wikimedia

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