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Cerca de 28% dos jovens brasileiros fazem uso abusivo de videogames, com média acima da mundial

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Quantos jovens você conhece que são apaixonados por videogames. Em alguns casos, essa paixão já tenha talvez extrapolado o limite do saudável e entrou na área de uso excessivo. Isso porque um estudo do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo (USP) identificou que a parcela de brasileiros que fazem uso excessivo dos videogames já ultrapassou a média mundial.

O estudo foi realizado por Luiza Brandão, doutora em Psicologia Clínica do IP, por meio de questionários com milhares de adolescentes que frequentam a escola pública. Dessa forma, segundo as respostas dos estudantes, 85,85% jogam videogames e 28,17% se enquadram nos critérios de Transtorno de Jogo pela Internet (TJI), descrito em manual da Associação Americana de Psiquiatria.

Segundo Brandão, o Brasil já se compara com o resto do mundo quando o assunto é o uso de videogames. Porém, o índice de uso problemático de jogos eletrônicos está acima da média mundial. Realizou-se o levantamento com um questionário que teve como subamostra 2.939 alunos de escolas públicas que integram o Tamo Junto 2.0, um programa do Ministério da Saúde para prevenir o uso de álcool e drogas entre adolescentes.

Assim, o projeto totaliza 5.371 alunos de 73 escolas públicas de São Paulo, Fortaleza e Eusébio (CE). Os alunos responderam o questionário de forma anônima sobre o uso de drogas, bullying, classe socieconômica, sintomas psiquiátricos e também videogames. Vale destacar que a faixa etária teve mais de 90% entre 12 e 14 anos e cerca de 50% pertenciam à classe média.

Perfil dos jovens

Por meio do questionário, foi possível traçar um perfil de adolescentes que possuem tendências ao utilizar os videogames de forma excessiva. Assim, de acordo com a pesquisa, o grupo é formado por, em sua maioria, jovens do sexo masculino, usuários de tabaco e álcool, que praticam ou sofrem bullying, que têm nível clínico de sintomas de hiperatividade e problemas de conduta e relacionamento entre pares.

Entre as perguntas, merece destaque: “Você já jogou para esquecer ou aliviar problemas da vida real?”. Isso porque a reposta “sim” foi preenchida por 57% dos adolescentes que chegaram a essa etapa da pesquisa.

Sendo assim, os casos mais graves de vício em videogames recebem classificação como doença desde 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, são raros, com a agência afirmando que atingem menos de 3% dos jogadores.

Vício em videogames

videogames

Gazeta de Rio Preto

A psiquiatra Sylvia van Enck, especialista em dependências tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da USP aponta como principais indícios de vício:

  • Não ter controle da duração com que joga videogame;
  • Priorizar o jogo a outras atividades sociais;
  • Continuar ou amentar a frequência com que joga, mesmo após ter tido consequências negativas desse hábito, como mal desempenho na escola.

“O documento da OMS vai proporcionar uma identificação precoce desse distúrbio e também contribuir para novas pesquisas, e maiores trocas entre profissionais da área mundialmente”, afirma Sylvia van Enck.

De acordo com a especialista, o cilo de vício começa “A partir do momento em que as crianças começam usar as tecnologias, e a quantidade de horas jogando só evolui e não há o controle por parte dos pais”. Dessa forma, muitos pais e cuidadores se perguntam qual idade é apropriada para introduzir as telas.

“O recomendado é que as crianças usem esses dispositivos a partir dos cinco ou sete anos. Não quero dizer que essas crianças não possam jogar nunca, e sim, para evitar introduzir os eletrônicos antes dos cinco anos”, diz a psiquiatra. Desse modo, em relação ao tempo de tela, é comum contar com os dispositivos quando os responsáveis não estão disponíveis para brincar ou dar atenção às crianças e jovens.

“Por volta dos 05 anos, indicamos 1 hora por dia com intervalos, não pode ser uma hora corrida, é preciso dividir esse tempo. Já a partir dos 10 anos, se recomenda não ultrapassar 2 horas por dia. Se for um único jogo, entre 1 hora e 1 hora e 30 minutos seguida, desde que as tarefas presenciais estejam cumpridas”, afirma.

Quando procurar ajuda

“Para ambas as idades, as crianças não podem jogar muito próximo da hora de dormir, por que isso compromete a qualidade do sono. ” Além disso, “A partir do momento em que as crianças preferem trocar as atividades do mundo real, como as tarefas de casa e da escola por atividades virtuais. Percebendo esses indícios, os pais já podem buscar um psicólogo para fazer uma avaliação e receber diagnóstico de qual a melhor alternativa para controlar o vício”, explica a especialista.

“É muito difícil diagnosticar através somente do jogo compulsivo, muitos outros sintomas podem estar ligados ao vício como: déficit de atenção, ansiedade generalizada, fobia social, e depressão, é preciso um acompanhamento mais detalhado.”

“No programa da USP, o ‘Dependências da Internet’, temos um tratamento semanal de psicoterapia para adolescentes acima dos 18 anos por 18 semanas consecutivas. Durante esse processo, investigamos o que está servindo como gatilho para vício. Os pacientes podem jogar sim durante o tratamento, mas tudo é controlado.”

“Também atendemos os pais que tenham dúvidas em relação aos menores de 18 anos, mas não oferecemos o tratamento.”

“Não podemos dizer que os games são nocivos, o uso descontrolado é nocivo. Os jogos ajudam na questão de planejamento, estratégias, e estimulam o desenvolvimento cognitivo. A questão maior é quando a vida real é substituída pela virtual”, diz Sylvia van Enck

Fonte: G1

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