Saúde

Cientistas descobrem sistemas cerebrais que são “centrais” para psicose

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Em uma descoberta histórica para a medicina e psiquiatria, pesquisadores começam a entender o modus operandi dos sistemas cerebrais da psicose.

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, descobriu que dificuldades do cérebro em filtrar informações e antecipar eventos podem levar à doença.

De acordo com um artigo publicado em 12 de abril na revista Molecular Psychiatry, esse processo prejudica a capacidade de distinguir entre a realidade e delírios.

Durante episódios psicóticos, as pessoas podem ter alucinações, como ouvir vozes, e desenvolver delírios, como a crença em entidades imaginárias.

Esses sintomas são comuns em condições como esquizofrenia e transtorno bipolar, acompanhados por isolamento social, pensamento confuso e falta de energia.

Conforme indicado pelo estudo, o cérebro de pessoas com psicose apresenta disfunções em dois sistemas-chave. Um é um “filtro” que regula a atenção para eventos externos relevantes e pensamentos internos, e o outro é um “preditor” composto por vias que antecipam recompensas.

Essa disfunção dificulta a distinção entre realidade e fantasia, levando a experiências como alucinações e delírios.

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Descoberta importante

O autor principal, Kaustubh Supekar, professor associado clínico de Psiquiatria e Ciências Comportamentais, explicou que a pesquisa traz um modelo valioso para entender o desenvolvimento e a progressão da esquizofrenia.

A equipe analisou os dados de ressonância magnética cerebral de crianças, adolescentes e jovens adultos que foram diagnosticados com psicose.

Os resultados corroboram a teoria do desprendimento da realidade, o que é um avanço na compreensão dos sistemas cerebrais da psicose e seus modelos teóricos.

Além disso, o estudo revela que o funcionamento cerebral de pessoas com síndrome de DiGeorge e psicose é semelhante ao de indivíduos com psicose de origem desconhecida.

A síndrome de DiGeorge, também conhecida como síndrome de deleção 22q11.2, é uma condição genética rara na qual um distúrbio cromossômico afeta o desenvolvimento físico, mental e emocional da criança.

Entendendo a psicose

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Para investigar o início da doença com mais profundidade, os pesquisadores de Stanford examinaram indivíduos jovens com idades entre 6 e 39 anos que tinham a síndrome de deleção 22q11.2.

Essa condição genética aumenta em 30% o risco de desenvolver psicose, esquizofrenia ou ambos.

Ao comparar ressonâncias magnéticas cerebrais de pacientes com síndrome de deleção 22q11.2, com e sem psicose, a equipe descobriu dois sistemas cerebrais da psicose mais relacionadas a esse estado mental.

São eles a ínsula anterior, responsável pela regulação de sentimentos subjetivos, e o estriado ventral, envolvido na antecipação de recompensas.

Esses achados foram consistentes em diferentes grupos, mas não permitiram distinguir entre pessoas com autismo ou TDAH.

Na esquizofrenia, os pesquisadores enfrentam o desafio de identificar sua origem no cérebro. Isso porque a condição geralmente se desenvolve na adolescência ou início da idade adulta, quando a maioria dos pacientes inicia o uso de medicamentos antipsicóticos.

Isso torna difícil diferenciar os efeitos do distúrbio dos efeitos dos medicamentos nas ressonâncias magnéticas cerebrais. Além disso, ainda não está claro como a esquizofrenia impacta o cérebro ao longo do tempo.

No nível neural, as características que distinguem os indivíduos com psicose na síndrome de deleção 22q11.2 são as vias que identificamos na esquizofrenia.

Empatia

Esse paralelo fortalece a compreensão da psicose como uma condição com assinaturas cerebrais identificáveis e consistentes.

Os autores também destacam a importância de abordar as pessoas com psicose com compaixão e solidariedade.

Isso porque existem mais semelhanças com eles do que se imaginava. Assim, como qualquer pessoa, todos podem ter seus altos e baixos. É fundamental ter empatia pelas pessoas que vivem com essa condição.

Com sorte, o estudo ajudará outras áreas a estudar os sistemas cerebrais da psicose com mais solidariedade, além de criar uma imagem mais humana para os pacientes.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Freepik, Freepik

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